PIB do Paraná cresceu 1,26% em 2012
As estatísticas do Produto Interno Bruto (PIB) para as regiões e estados brasileiros, divulgadas nesta sexta-feira (14) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam praticamente a manutenção, em uma década (2002-2012), do quadro de expressiva concentração econômica nos eixos considerados mais dinâmicos da economia brasileira, sediados no Sudeste e Sul do País.
Isso ocorreu a despeito da moderada subida das participações, na formação da renda nacional, dos espaços geográficos do Centro-Oeste (passando de 8,8%, em 2002, para 9,8%, em 2012) e Norte (de 4,7% para 5,3%), por conta da consolidação do agronegócio e expansão, respectivamente, e do Nordeste (de 13% para 13,6%), influenciado pela realização de alguns investimentos federais e pelos programas oficiais de transferência de renda, liderados pelo Bolsa Família.
O recuo de importância relativa do Sudeste (de 56,7% para 55,2%) e Sul (de 16,9% para 16,2%) pode ser atribuído, essencialmente, ao processo de desindustrialização, que atinge o País, em razão da pouco consistente política econômica executada pelo governo federal, que se reproduziu de forma mais intensa em São Paulo (declínio de 34,6% para 32,1%) e Rio Grande do Sul (queda de 7,1% para 6,3%).
No Paraná, a tendência declinante apresentada em âmbito nacional pelo setor industrial foi amenizada por conta da recuperação do ambiente favorável à instalação e ampliação dos negócios empresariais no Estado, fruto do novo arranjo institucional entre governo e demais atores sociais, celebrado em 2011.
Aliás, os frutos desse trabalho integrado aparecem, de forma mais evidente, nos dias atuais, com a maturação do portfólio de mais de R$ 35 bilhões dos projetos privados, nacionais e internacionais, atraídos pelo Programa Paraná Competitivo, desde fevereiro de 2011, e a terceira maior geração de empregos com carteira assinada do Brasil, com pronunciado grau de interiorização.
Especificamente para o ano de 2012, os resultados consolidados das Contas Regionais, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontam expansão de 1,26% do PIB paranaense, versus crescimento nacional de 1,03%. Com isso, o Estado manteve o peso de 5,8% no PIB do País.
O diferencial favorável à economia regional, quando cotejado com a média brasileira, decorre essencialmente do desempenho do segmento de serviços, que, com participação de 66,2% do PIB total, registrou crescimento nos ramos do comércio (8,7%), transportes (5,8%), alojamento e alimentação (4,5%) e saúde e educação (3,5%), explicado, em grande medida, pelos impactos generalizados e pulverizados espacialmente do boom dos preços das commodities agropecuárias e da trajetória ascendente da criação de empregos formais.
O PIB da agropecuária, que respondeu por 9,2% da geração de valor da base produtiva regional, recuou 8,0%, pressionado pela queda na produção de soja (-27,7%), devido a forte estiagem na safra de verão, compensado pelo efeito renda das elevadas cotações internacionais dos alimentos. Em sentido oposto, a produção de milho e trigo expandiu 6,7% e 13,3%, respectivamente.
Já o valor adicionado da indústria de transformação, com participação de 14,8% no PIB total, registrou retração de 1,55%, devido à menor produção de veículos automotores, reboques e carrocerias (-16,2%) e de produtos químicos (-10,2%). No mesmo sentido, os Serviços Industriais de Utilidade Pública (SIUP), que englobam as atividades de produção e distribuição de eletricidade, água e esgoto e limpeza urbana, apresentaram recuo de 18,3%, em 2012.
Por outro lado, a indústria da construção civil, com participação de 5,1% do total, aumentou os níveis de atividade em 11,5%, estimulada pelo maior fluxo de renda regional e, consequentemente, aumento da demanda por habitações e construções comerciais e industriais, além das inversões públicas em infraestrutura.
O artigo foi escrito pelo economista Francisco José Gouveia de Castro, , assessor da Presidência do Ipardes.