IPARDES: um belo presente

Gilmar Mendes Lourenço
Gilmar Mendes Lourenço

Em fins de 2010, por ocasião do convite para assumir a presidência do IPARDES, com total liberdade para a escalação do time, considerei-me presenteado. Afinal, depois de quase 35 anos de vida pública, seria uma partida de “celebração” do encerramento de uma carreira profissional que começou nesta instituição, que eu conhecia em seus mínimos detalhes, positivos e negativos.

Coube-me a tarefa de montar o palco do rearranjo institucional, reinserindo o IPARDES nos ambientes governamental e privado, em um estágio de restauração dos princípios e práticas do planejamento de longo prazo, ou de fixação de referências futuras para as escolhas estratégicas presentes, conforme os ensinamentos que tive com os professores Francisco Magalhães e Belmiro Valverde.

Nessas circunstâncias, impunha-se o restabelecimento da presença e participação do organismo de pesquisa no interior do próprio governo, por meio do apoio à concepção, formulação, aplicação, avaliação, aperfeiçoamento e correção das diretrizes e políticas. Para tanto, o IPARDES buscou maximizar a interação com a Secretaria de Planejamento e demais instâncias da administração estadual, incluindo empresas públicas. Também foi edificado um canal direto com a assessoria do governador, ativado com a publicação de breves comunicados acerca de temas da conjuntura internacional, nacional e local.

Com isso, a entidade potencializou o fornecimento de massa crítica e estudos, em uma perspectiva gerencial, que requeria o oferecimento de respostas rápidas às demandas expressas pela sociedade paranaense, no Plano de Metas 2011-2014, negociado pelo candidato Beto Richa com a população, durante o ciclo eleitoral de 2010.

Inúmeros esforços foram empreendidos nesta direção, com destaque para os subsídios à contratação de financiamentos externos pelo Estado, ao Plano Plurianual 2011-2015, aos programas sociais (leite das crianças, família paranaense, entre outros), à atualização anual do piso salarial regional, ao programa Paraná Competitivo, além da construção de indicadores ambientais e de ciência e tecnologia.

É importante reter que o suprimento das necessidades de curto prazo não significou o sacrifício das investigações de longo alcance, visando à recuperação da capacidade de interpretação da dinâmica econômica, social e ambiental paranaense, com ênfase prospectiva, ancorada, predominantemente, em dados, informações e indicadores produzidos ou apropriados pelo Centro Estadual de Estatística (CEE).

O encaixe na rede IPEA, o fortalecimento da Revista Paranaense de Desenvolvimento (RPD), os Comunicados ao Planejamento, a criação da publicação Cadernos IPARDES, o Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE), a montagem da Matriz Insumo-Produto e o cálculo do Produto Interno Bruto (PIB) trimestral, preencheram, ainda que não de forma plena, as exigências de inquéritos estruturais.

Ao mesmo tempo, buscou-se a ampliação do grau de interlocução, entrosamento e exposição do órgão de pesquisa com os agentes socais regionais, centrada na realização de incontáveis reuniões técnicas de discussões, participações em fóruns, feitura de palestras e preparação de papers. Por certo, tal frente de ação favoreceu a identificação dos problemas e oportunidades no caminho do desenvolvimento econômico e social do Estado e, por extensão, disponibilizou elementos relevantes para o exercício de tomada de decisões dos atores corporativos, sindicatos de trabalhadores, escolas de ensino superior e outros entes não governamentais.

Por conta dessa postura, o organismo ganhou visibilidade, atestada pela multiplicação dos pedidos de estatísticas mais elaboradas e análises interpretativas pela imprensa especializada. Quase sempre, os solicitantes foram atendidos de pronto, sem a omissão de aspectos quantitativos ou qualitativos contidos no fato econômico e social em pauta, com base no pressuposto de que a sociedade, que nos sustenta, tem o direito de conhecer a realidade de maneira crítica, precisa e minuciosa, independentemente dos humores deste ou daquele governante, para acatar ou contestar o teor das intervenções.

A propósito disso, convém sublinhar que a enxuta equipe do IPARDES operou, em todos os momentos, de modo absolutamente transparente, livre de qualquer pressão de natureza política – em contraposição ao acontecido nas instituições públicas federais, nos últimos tempos – e valorizando cada centavo pago pelo cidadão paranaense.

Por fim, uma observação prospectiva permite inferir que a continuidade do protagonismo do IPARDES no debate de questões cruciais e no auxílio às políticas de Estado, determina, inexoravelmente, o fortalecimento e a renovação dos seus quadros técnicos e a substancial elevação das remunerações de ingresso, cuja viabilização não foi possível, entre 2011 e 2014, devido às restrições de fluxo de caixa do Tesouro estadual.

Adicionalmente, na linha das proposições de modificações a serem consideradas, emerge a implantação de uma nova configuração institucional, que garanta maior flexibilidade operacional e financeira, com a possibilidade de contratação de funcionários celetistas por concurso e a concessão de opções aos servidores estatutários, com a preservação de direitos adquiridos.

Sou imensamente grato a todas as pessoas que me permitiram integrar um pedaço dos quase 42 anos de história do IPARDES. De resto, só posso assumir o inarredável compromisso de defesa intransigente da Instituição em qualquer batalha campal ou trincheira que venha a aparecer em minha frente.

O artigo foi escrito por Gilmar Mendes Lourenço, economista, diretor-presidente do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (IPARDES) e professor da FAE Centro Universitário.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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