Contratar parentes para trabalhar na empresa somente é viável se ambas as partes conseguirem separar a vida pessoal da profissional
Ao abrir uma empresa, uma das maiores preocupações do empreendedor é escolher uma equipe capacitada e de confiança para trabalhar. Na maioria das vezes, a questão confiança acaba falando mais alto e as pessoas escolhidas são os familiares mais próximos. Só para se ter uma ideia, uma pesquisa do Sebrae aponta que, hoje, quase 70% dos pequenos negócios reúnem parentes nas funções de sócios, cargos de direção ou simples empregados.
E aí vem a dúvida: escolher parentes é a melhor opção? A verdade é que trabalhar com pessoas da mesma família não é um problema, mas é preciso separar a vida pessoal da profissional. Aliás, esta é a missão mais difícil de se praticar, uma vez que os laços emocionais e afetivos estão presentes dentro de cada pessoa. Porém, não se pode esquecer que a empresa é quem proporciona o sustento da família. Se as relações profissionais forem abaladas por motivos pessoais, então é hora de agir de forma racional pelo bem maior de todos, que é a empresa.
Eu conversei com alguns consultores de pequenas empresas e pedi a eles que me apontassem algumas dicas de como um pequeno negócio pode prosperar tendo no seu controle pessoas da mesma família. O primeiro item básico apontado pelos consultores é a remuneração que deve ser compatível com a do mercado. Caso existam outros colaboradores na mesma função do parente contratado, ambos devem ter os mesmos direitos, deveres e benefícios sem nenhum tipo de privilégio.
No caso da sociedade entre marido e mulher, não há nada contra o casal resolver abrir um negócio em sociedade por confiar um no outro, porém esse negócio só terá realmente sucesso se ambos estiverem preparados para desenvolverem suas funções com qualidade. O sucesso no casamento não quer dizer sucesso na sociedade. Portanto, esta parte tem que ser muito bem avaliada.
Outro item importante são as hierarquias familiar e profissional. No ambiente profissional não deve prevalecer a hierarquia familiar. Ou seja, numa sociedade entre pais e filhos, o que deve ser avaliado é a competência. Se o filho se mostrar mais capacitado e competente que o pai, quem deve comandar a empresa é o filho.
A verdade é que na teoria, a solução dos possíveis conflitos parece ser mais fácil de resolver. Porém, na prática, as coisas não são tão simples assim. É preciso que o gestor tenha atenção constante para que a linha das relações familiares e profissionais não ultrapasse os limites estipulados.