Por que as franquias quebram?

Rodrigo Stocco: a presença do franqueado na gestão do dia a dia da franquia faz toda diferença.

Uma pesquisa produzida pela Rizzo Franchise, apontou que a mortalidade das franquias vem crescendo consideravelmente. Em 2010 o número de franquias falidas era mais de 4 mil e em 2015 saltou para 12 mil. Por que esse número aumentou tanto nos últimos anos? Para analisar esse cenário e alertar os futuros franqueados, Rodrigo Stocco, fundador da Academia do Franqueado aponta os sete principais motivos que levam uma franquia a falência e dá dicas para o sucesso.

1 – Falta de comportamento empreendedor do franqueado
Ser orientado a metas, ter senso de auto responsabilização, persistência, comprometimento, iniciativa e seguir padrões da franqueadora são alguns comportamentos fundamentais para o sucesso de um negócio franqueado. Esses são alguns pontos que o empreendedor deve buscar ao ingressar no franchising, é o que explica Rodrigo Stocco. Segundo ele, não ter esse tipo de postura é o primeiro motivo que pode levar uma franquia a falência. “Sem esse desempenho, as chances de uma franquia “quebrar” aumentam significativamente, ainda que seja de uma boa marca ou até um negócio reconhecidamente de sucesso”, aponta. E completa: “ A franqueadora oferece a receita do bolo de um negócio de sucesso, ela te treina para fazer este bolo e gerar resultados, mas se o franqueado não tiver os comportamentos corretos para executar este bolo ele não terá sucesso. Mais da metade do sucesso depende da execução do boleiro”, exemplifica.

2 – Falta de disponibilidade do franqueado ou sócio operacional para se dedicar ao negócio
Rodrigo explica que a presença do franqueado na gestão do dia a dia da franquia faz toda diferença no desempenho da unidade. Diferentemente dos empregados, o franqueado é o dono do negócio e ainda que a operação não exija sua presença constante, ele precisa se dedicar a dominar a gestão do seu negócio, principalmente vendas e marketing, isso influenciará diretamente nos resultados financeiros da franquia. “O que ocorre é que muitas pessoas decidem montar uma franquia sem saber no que de fato querem focar, essa falta de definição das prioridades faz com que o franqueado não se dedique a gestão de seu negócio de maneira correta. O resultado é que rapidamente acabam se desmotivando por perder o foco na gestão de sua operação”, afirma o especialista. Par isolar o risco, Rodrigo recomenda que antes de investir em uma franquia, o franqueado entenda seu momento pessoal e avalie se realmente terá disponibilidade para realizar a gestão do seu negócio com prazer.

3 – Ponto inadequado ou com alto custo de ocupação
Escolher um bom ponto comercial é de extrema importância, avalia Stocco. Preocupações como: quantas pessoas circulam diariamente exatamente em frente ao local escolhido, o nível de aderência do público passante com o perfil da marca escolhida, visibilidade e principalmente custo de ocupação devem ser levados em consideração antes de qualquer decisão. Segundo ele, muitos na ansiedade de iniciarem logo seu próprio negócio, acabam escolhendo pontos não adequados ou com negociações mal feitas, algo que pode comprometer significativamente o negócio a médio prazo.

4 – Desentendimento entre familiares ou sócios
Em toda a trajetória de Rodrigo Stocco como franqueado, franqueador e como especialista de franquias, já viu alguns negócios fracassarem por desalinhamento entre familiares ou sócios. “ Já me deparei com casos em que o marido reclamava que a esposa se dedicava muito à franquia e começou a boicotar a dedicação da esposa ao negócio, há casos de divórcio, outros em que o pai transferiu o sonho do negócio próprio ao filho, montando uma loja para o filho que não tinha este sonho e acabou abandonando o negócio. Conflitos entre sócios também são comuns no mundo dos negócios”, aponta. Stocco recomenda que o franqueado faça um alinhamento de expectativas com os familiares deixando claro a importância daquele negócio para o bem de toda a família. “ Já para ocaso de sociedades, vejo que funciona bem um contrato entre as partes especificando exatamente o papel de cada sócio no negócio”, conclui.

5 – Mercado não potencial para o segmento da franquia na região
É importante avaliar se o produto da franquia que estiver sendo avaliada tem aceitação no mercado. “ Uma franquia de sorvetes de muito sucesso, por exemplo, pode não dar certo em uma região de clima muito frio. Já uma de serviços para idosos pode não ter muito êxito em uma cidade com público predominantemente universitário.É preciso entender se existe mercado regionalmente para o produto que a franquia oferece”, explica Rodrigo.

6 – Falta de capital de giro ou gestão financeira do franqueado
“É comum estimar todo o investimento com matérias-primas, móveis, materiais de escritório, transporte, logística, mão de obra e se esquece de um fator fundamental para sobrevivência: o capital de giro”, conta Rodrigo Stocco. Ele alerta que para os empresários que já estão com o negócio funcionando, saber qual o capital de giro necessário para manter tudo em ordem é fundamental. E completa: “Ter uma renda disponível ter uma boa gestão financeira é fundamental se você não quer ter uma franquia falida. Os negócios precisam de um fôlego financeiro para operar no dia a dia”. Além disso é importante que o candidato a franqueado separe pelo menos um ano de custos pessoais como reserva antes de realizar seu investimento.

7 – Enfraquecimento financeiro da franqueadora
Para Rodrigo Stocco, um problema não tão comum, mas que pode ocorrer, é a franqueadora enfrentar problemas financeiros e não conseguir mais abastecer de forma adequada o franqueado e o mercado. “ Faça uma pesquisa de campo com outros franqueados, investigue e tenha certeza de que a rede que fará parte tem rentabilidade e segurança necessária para colocar o seu nome”, finaliza.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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