Consumidor desafia varejo a criar experiência única: física e digital

Consumidor desafia varejo a criar experiência única: física e digital
Zeh Henrique Rodrigues.

A cada ano, o varejo físico perde cerca de 10% do fluxo de pessoas, que passam a circular mais e consumir menos. Essa mudança de comportamento não é culpa exclusiva do e-commerce, apesar de a modalidade de compra ter crescido de maneira exponencial nos últimos anos, com projeção de conquistar mais 21 milhões de usuários brasileiros até 2021: o problema é do próprio varejo, que não mudou seu formato e não atende às necessidades dos consumidores. “Basta visualizarmos como marcas que nasceram digitais estão migrando com sucesso para o físico, como é o caso da Amazon. Não dá para pensar em estruturas separadas, já que elas se complementam, e várias empresas do varejo físico ainda não perceberam isso”, alertou Zeh Henrique Rodrigues, da Brainbox Branding 360, em evento realizado pela TOTVS Curitiba sobre Transformação Digital.

Para atrair o consumidor, as lojas não podem mais pensar somente em ter o produto. Elas têm que ser atrativas, oferecendo uma experiência completa e prática. Zeh aponta que uma das tendências é a simplificação da oferta de mix de produtos, fazendo com que o cliente encontre o que precisa com mais facilidade. A tecnologia desponta como uma grande aliada nesse processo, principalmente pela geração de dados que permitem uma ação mais assertiva. Entretanto, é falho pensar que somente o uso de tecnologia é o que fará com que o varejo se transforme digitalmente, conforme destacou no evento o vice-presidente de estratégia de negócios e digital da TOTVS, Juliano Tubino. “A mudança tem que acontecer no produto, na experiência e na própria operação”, destacou.

Juliano Tubino: durante muitos anos se imaginou que para crescer era preciso um grande estoque e muitas lojas.

Tubino ainda comentou sobre novidades que podem ajudar nesse gerenciamento, como sensores que conseguem fazer um mapeamento das pessoas que frequentam lojas, indicando gênero e até faixa etária aproximada. Ele também abordou soluções que utilizam inteligência artificial para ajudar na precificação, listando o valor médio da revenda do produto no mesmo CEP. O vice-presidente ainda ressaltou a premissa de unir experiências apresentando soluções para diversos problemas do cliente. Um dos exemplos utilizados foi um lançamento da Adidas em Berlim: o tênis da marca também funciona como passagem para o transporte público da capital da Alemanha durante um ano, com custos inferiores aos praticados nas bilheterias.

Para ele, um dos exercícios necessários para as empresas atualmente é o entendimento da importância da jornada do consumidor. “Durante décadas, imaginava-se que para crescer era necessário ter um inventário amplo e mais pontos de venda. Nunca se pensava no meio e como ele deveria ser eficiente para o cliente”, acrescenta. Outro ponto de atenção é com o mapeamentos dos concorrentes, com uma visão mais ampla para ofertar itens que vão ao encontro do que o comprador está buscando, que Tubino classificou como “ataque das formigas”.

Como está o Brasil na Transformação Digital?

Segundo Tubino, é um erro achar que o Brasil está atrasado digitalmente, uma vez que há vários setores que têm utilizado a tecnologia para criar experiências diferenciadas para os usuários. “O setor bancário é um exemplo avançado, que permite até que você abra uma conta sem precisar ir até uma agência. Outro caso é da indústria agro, que já tem utilizado drones para monitorar as colheitas e a produção. Entretanto, ainda temos uma massa que encontra dificuldade para implementar tecnologias, pensando que elas devem ser utilizadas apenas para grandes oportunidades. A revolução digital não é relacionada somente com o consumidor, mas sim com o empoderamento de indivíduos e como você vai até o mercado digitalmente – não somente em ser uma empresa digital”, destaca o vice-presidente da TOTVS.

“Ir ao mercado digitalmente é sobre conhecer melhor seu cliente e atuar de maneira inteligente. Um dos grandes gaps que visualizo no Brasil é em relação à interpretação de dados, que ainda é pouco utilizada pelas empresas”, ressalta Tubino. Ele ainda acrescenta que, em breve, haverá uma transformação nos empregos, com uma ruptura de funções e surgimento de novas. A inteligência artificial deve substituir ou melhorar processos, mesmo que haja uma resistência de classes. “Quando falamos de carros autônomos, isso não é novidade. Se pensarmos, um avião já opera de maneira automatizada, demandando pouco do piloto. Mas, por outro lado, surgem oportunidades e novos cenários, e estar aberto a essas mudanças é o que vai permitir um reposicionamento mais rápido”, finaliza.

Crédito das fotos: Lu Sálvaro.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *