Lições da crise: como receber aportes em momento de instabilidade financeira

Lições da crise: como receber aportes em momento de instabilidade financeira

Os investidores que são capazes de fazer aportes em períodos de crise, sem sucumbir ao medo e à ansiedade, podem colher retornos muito grandes durante a recuperação da economia. Warrren Buffet, um dos maiores investidores do mundo, tem uma frase sobre o assunto. Segundo ele, “é preciso ter medo quando os outros são gananciosos e gananciosos quando os outros estão com medo”.

Buffet continua a sua saga de encontrar bons negócios e multiplicar a sua imensa fortuna. E, como os demais investidores, tem um campo mais fértil pela frente: diferente do que acontecia nas últimas décadas, hoje o mercado oferece um leque muito maior de possibilidades de aplicações financeiras aos mais variados perfis de risco. As startups, por exemplo, que trazem inovações que ampliam a qualidade de vida e revolucionam o mercado, vêm recebendo incentivos públicos e capitais privados.

Mas encontrar quem possa financiar essas inovações não é uma questão trivial, inclusive é uma habilidade necessária aos empreendedores de sucesso. Para aumentar suas chances, o ideal é confiar num processo estruturado e disciplinado que envolva algumas etapas, entre elas a preparação, abordagem, negociação e fechamento.

Preparação

Primeiro, o empreendedor precisa entender quem são os melhores candidatos a sócio e listá-los. Nesse processo, ele terá que olhar para sua startup como alguém de fora, destacar quais os pontos mais importantes que a empresa resolve, qual o mercado que está, quais as fortalezas e deficiências do modelo de negócio e do time em si. Assim ele terá mapeado o que precisa e que tipo de sócio mais agregará a sua empresa.

Em seguida deve preparar o material para mostrar a essas pessoas. Um dos pontos mais sensíveis para o pequeno empreendedor captar recursos são as informações que ele deve disponibilizar. Para levantar capital e encontrar um investidor é preciso montar um modelo de negócio contendo a proposta completa de valor; segmento de mercado alvo; geração de receitas; estratégia competitiva; go-to-market e alavancas de valor (KPIs), modelo financeiro e receitas e custos. Com isso, é muito mais fácil ter uma conversa profunda com seu potencial sócio.

Abordagem

De posse do mapa de investidores/sócios alvo, construa uma lista de potenciais contatos. Depois, procure as conexões entre esses executivos e sua rede de relacionamentos. A ideia é conseguir indicações. Esse tipo de abordagem geralmente traz bons resultados. Caso seja um investidor institucional, tente falar com mais de um executivo em cada fundo e mostre seu negócio a mais indivíduos que possam se interessar por ele. Caso sejam pessoas físicas, é importante entender se outros participam da decisão de investimento. Em ambos os casos é imprescindível que um dos envolvidos defenda e comprem a ideia.

Negociação

Essa parte é onde a maioria dos empreendedores e investidores de primeira viagem tropeçam. Também é onde uma preparação mais superficial volta como um problema para o empreendedor. É de extrema importância saber como funciona o mundo de venture capital e as implicações de aceitar uma proposta a ou b. Engana-se quem acredita que o valuation é a única parte da negociação. Embora este seja onde a “briga” fique concentrada, existem vários outros aspectos que podem tornar uma próxima rodada extremamente mais difícil de acontecer. Nessa fase, o ideal é ir com calma e tentar contar com a ajuda de alguém que já viveu isso antes. Um conselho bem colocado aqui pode valer muito e evitar problemas futuros, como diluições desnecessárias e custos não previstos, além de evitar conflitos internos – que podem ser mortais a empresa. Nem sempre o valuation mais alto é o melhor, e em geral não é.

Ok, chegarmos num acordo. E ai?

Fechamento

Depois do negócio ser selado, vamos ao due diligence, processo em que o investidor ‘confere’ as informações que a empresa disponibilizou e checa se não existem pontos adicionais a serem discutidos.

A crise financeira está frequentemente associada à escassez de recursos. Nesses períodos, os bancos se tornam mais seletivos sobre o financiamento de projetos. Em momentos de instabilidade é preciso contar com um planejamento, embora existam possibilidades pouco exploradas. Atenção: uma estrutura de capital alavancada pode ser uma ótima solução, mas com certeza não para qualquer empresa, em especial aquelas que nem começaram a faturar.

Então, é importante priorizar seu plano de negócio e, se for necessário, revisar as expectativas. Ninguém prevê uma longa crise, mas quando ela acontece, é preciso analisar a estratégia inicial. Fazer uma previsão realista das vendas, verificar os custos diretos e as despesas orçadas são atitudes concretas e mostram a vontade de acertar. Depois de fazer a lição de casa e a empresa mostrar sinais de que está tracionando, é bem provável que bancos ou investidores apostem no potencial de uma nova empresa.

Nenhuma crise é eterna, mas a previsibilidade dá segurança a quem faz aportes. Confiança atrai recursos e a roda da economia começa a girar, inclusive nas startups.

O artigo foi escrito por Eduardo Küpper, que é MBA pela Wharton Business School e MA em Estudos Internacionais pelo The Lauder Institute, na Universidade da Pensilvânia e Co-fundador da Wharton Alumni Angels Brasil- whartonangels@nbpress.com

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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