Imcopa aposta em novo nicho de mercado
A Imcopa, que é maior produtora e exportadora de derivados de soja não-transênica do mundo, com sede em Araucária, está apostando agora num novo nicho de mercado, bastante rentável, e benéfico ao meio ambiente. Com a ajuda da Fundação Universidade Federal do Rio Grande, a Imcopa está desenvolvendo um óleo elaborado a partir de microalgas marinhas, que vai enriquecer com ácidos graxos a alimentação de peixes nobres criados em cativeiro, como o salmão, a truta e o bacalhau.
AÂ produção de peixes em cativeiro vem crescendo de forma acelerada e a previsão é que até 2015 supere a pesca de captura. Há várias questões ambientais envolvendo a produção da farinha e do óleo de peixe usados na ração para alimentar os peixes criados em cativeiro. Mas a principal delas é a pesca predatória. São necessários, por exemplo, dez quilos de peixe das espécies sardinha ou manjuba para alimentar um único quilo de salmão. Entretanto, a própria indústria da ração sequer conseguirá sustentar-se dentro de poucos anos, diante do crescimento mundial de 6% ao ano.
A Imcopa está investindo US$ 10 milhões neste projeto que estará concluído dentro de 36 meses. Cinco espécies diferentes de algas estão sendo pesquisadas nos laboratórios da Imcopa, em Araucária, e também na Furg, em Rio Grande. A utilização das algas traz mais vantagens do que se imagina: enquanto um hectare de soja rende 600 litros de óleo por ano, um hectare com tanques de alga pode fornecer até 120 mil litros, dependendo da espécie utilizada. Quer dizer, as algas exigem uma área duzentas vezes menor para produzirem uma quantidade igual. Ainda há economia com a irrigação de água doce, já que é preciso apenas água salgada ou salobra para ambientar as algas. A Imcopa também vai usar o carbono que sai pelas chaminés da indústria no processo de alimentação dos microorganismos, em um ciclo auto-sustentável e limpo.
Quando a pesquisa estiver concluída, poderão ser retirados os ácidos graxos das algas e adicioná-los ao farelo e ao óleo de soja. Hoje 50% do óleo que vai para a ração vêm de peixes. A outra metade é óleo vegetal. Com a pesquisa, também será possível enriquecer com ácidos graxos o óleo de soja para consumo humano.