Indústria de plástico sofre com monopólio e falta de incentivo fiscal

O Sindicato da Indústria de Material Plástico no Estado do Paraná (Simpep) faz um alerta sobre as dificuldades que o setor de transformação de plástico vem passando, primeiramente por ter um único fornecedor nacional de resinas plásticas e também pela guerra de incentivos fiscais entre os estados, na qual as indústrias paranaenses perdem competitividade. De acordo com o Sindicato, a Secretaria da Fazenda do Paraná tem pleno conhecimento que está havendo um êxodo de indústrias para outros estados, diminuindo assim os empregos e a receita do estado, mas mesmo conhecendo a realidade, não tomou nenhuma iniciativa para ajudar e incentivar as empresas locais.
Na avaliação dos dirigentes do Simpep, a indústria de transformação paranaense necessita de uma política que possibilite a competitividade com os estados que oferecem isenção fiscal. Dessa forma, será evitada a migração das empresas para os paraísos fiscais e o consequente desemprego dos 23,6 mil paranaenses que trabalham na cadeia de transformação.

Em 2010, o setor se posicionou preocupado com as consequências da fusão entre a Quattor e a Braskem. Como as indústrias de transformação nacionais tinham o fornecimento de duas empresas distintas e em muitos casos somente com uma, a preocupação era como seria conduzida a política de preços e de créditos. Mas em reunião na Associação Brasileira de Embalagens Plásticas, o ex-presidente da Braskem, Bernardo Gradim, tranquilizou o setor ao informar que era um compromisso não prejudicar as indústrias de transformação, tanto no abastecimento de matéria-prima quanto na questão de limites de créditos, que já aprovados na Quattor e Braskem, seriam somados para atender os clientes. Dessa forma, o Cade aprovou a fusão com ressalvas, reiterando a necessidade de uma prática clara e que não levasse prejuízos para o mercado, ficando em aberto a possibilidade de ações caso acontecesse o contrário.

Hoje, o mercado se encontra em estado de alerta, novamente com as consequências da fusão. Houve mudanças na direção da Braskem e o comprometimento realizado pela direção anterior não está sendo cumprido. Os transformadores que compravam da Quattor e da Braskem estão sendo surpreendidos com a exiência de garantias reais e com o posicionamento de que apenas o crédito instituído anteriormente pela Braskem está valendo.

Nesse clima de insatisfação e insegurança dos empresários, a única alternativa é recorrer ao mercado de distribuição de materiais importados, que possui preços atrativos e oferece crédito e prazos para pagamento, melhores do que o único fornecedor nacional. O Brasil ainda tem um imposto de 14% para importação direta, que foi criado para proteger as indústrias petroquímicas nacional, no momento em que contava com cinco petroquímicas no mercado. Hoje, existe apenas uma gigante, deixando este imposto totalmente fora de propósito, devendo ser direcionado aos produtos acabados, protegendo assim grande número de transformadores que sofrem com a concorrência internacional, o que melhoraria a balança comercial que hoje está negativa no setor plástico.

Como 90% do setor de transformação é formado por pequenas e médias empresas, existe a necessidade urgente de rever este processo. Atualmente, a Braskem cobra um elevado custo financeiro, bem acima do que os praticados por instituições financeiras, além de prazos de pagamento curtos, que não condizem com um país de inflação controlada e destoa do prazo médio praticado na ponta por seus clientes.

O Simpep levará estas questões para a Abiplast, representante nacional do setor, e também ao Cade, solicitando medidas para a defesa das pequenas e médias empresas e também espera que o atual quadro seja alterado imediatamente. O Sindicato espera que em breve, ao invés de criticar a monopolização do setor petroquímico, o setor possa elogiar e visualizar que esta fusão aconteceu para somar e auxiliar toda a cadeia de transformação e assim dar condições para que todos possam crescer e competir internacionalmente. A desindustrialização é uma ameaça séria e precisa urgentemente de medidas para proteger as milhares indústrias de plástico no Brasil.

Soma

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