81,4% das trabalhadoras da indústria da moda apontam falta de políticas públicas

81,4% das trabalhadoras da indústria da moda apontam falta de políticas públicas

No mês internacional da mulher, uma pesquisa da Tewa 225 – consultoria B2B que traz soluções para os desafios socioambientais das empresas, organizações e governos – realizada para o Ministério Público do Trabalho (MPT), Escritório das Nações Unidas de Serviços para Projetos (UNOPS) e a ONU aponta que para 81,4% das trabalhadoras da indústria da moda no país, ainda faltam políticas públicas, cuidados, suporte e melhores condições de trabalho.

O objetivo do levantamento foi compreender e reunir dados estatísticos e analíticos sobre a situação de trabalho das mulheres que atuam no segmento de confecção, especialmente aquelas em situação de maior vulnerabilidade, como, dentre elas, as mulheres refugiadas e migrantes.

O complexo cenário da indústria da moda no Brasil mobilizou o estudo Mulheres na confecção: estudo sobre gênero e condições de trabalho na Indústria da Moda , iniciativa do projeto “Empoderamento econômico para mulheres da cadeia da moda”, De acordo com o estudo, 87% dos 1,3 milhão de profissionais que atuam com costura no Brasil são do sexo feminino, maioria nas indústrias e no mercado informal de serviços atrelado ao setor. O Brasil possui a 5ª maior indústria têxtil do mundo, que, somada ao setor de confecção, responde por 16,7% dos empregos da indústria de transformação no país. Do total de empregos gerados no país, 23,6% estão concentrados no estado de São Paulo, sendo 12% localizados na região Metropolitana de São Paulo.

As mulheres que atuam no setor apontam no estudo a falta de acesso a políticas e serviços de saúde e de cuidado, a submissão à dupla ou tripla jornada de trabalho, a obstrução ao pleno exercício da maternidade e práticas de violência de gênero, além do assédio sexual, tanto no âmbito doméstico quanto nas oficinas de costura. Boa parte das mulheres que atuam no setor são também imigrantes e refugiadas que enfrentam diferentes violações de direitos associadas aos desafios da imigração.

A amostra quantitativa avaliou a resposta de 140 mulheres que trabalham no setor de confecção de artigos do vestuário no município de São Paulo, com ênfase para as mulheres refugiadas e migrantes (30,7% das respondentes), mais vulneráveis a condições de trabalho precárias. A pesquisa também revela que a renda familiar das trabalhadoras gira em torno de meio e de dois salários mínimos, enquanto a remuneração média geral da indústria é de 1,9 salários mínimos. Entre as entrevistadas, 80% são mães, 30,9% das brasileiras têm carteira assinada e 51,2% das refugiadas e migrantes são autônomas (fazem “bicos” e outros trabalhos informais). Elas relatam que há falta de acesso das refugiadas e migrantes à regularização do trabalho.

O levantamento identificou que a maioria das mulheres entrevistadas nunca fez parte de nenhuma organização trabalhista, como associações, cooperativas ou sindicatos, principalmente devido à falta de conhecimento sobre esses grupos. Entre as refugiadas e migrantes, a barreira do idioma e a burocracia existente também são razões para a não participação. Porém, as que atuam ou atuaram nestas organizações relataram melhorias na renda, na relação com outras trabalhadoras e aumento de conhecimentos sobre seus direitos trabalhistas.

“As pressões de mercado têm levado a uma precarização das condições de trabalho no setor, em especial da confecção, e se estendido pela cadeia produtiva, com a terceirização e quarteirização da produção, baixos salários e práticas trabalhistas irregulares e precárias. A mulher é a grande força deste segmento e, em razão disso, é preciso aumentar urgentemente os investimentos na fiscalização e regulamentação. Além disso, elas denunciam as deficiências no acesso às políticas públicas, especialmente à creche, saúde da mulher, equipamentos públicos qualificados para denúncias de violências e abusos, mostrando que bastava que alguém as escutasse para garantir mais dignidade às trabalhadoras do setor”, destaca Luciana Sonck, sócia-fundadora e CEO da Tewa 225.

 

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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