Apenas 36% das empresas oferecem planos de retenção para seus funcionários
Levantamento aponta que 43% das companhias ofereceram incentivos de curto prazo e 40% de longa duração
A Korn Ferry, consultoria global de gestão organizacional, realizou uma pesquisa abrangente envolvendo 265 empresas para analisar as perspectivas dos Recursos Humanos para 2024 com base nos resultados dos anos anteriores. O propósito do estudo “Tendências de RH” é oferecer percepções estratégicas para orientar ações em meio às complexidades do ambiente empresarial atual.
O capítulo “Atração e Retenção de Talentos” explorou informações relevantes sobre o comportamento das empresas brasileiras quando o assunto é a permanência e trilha de sucesso de seus colaboradores. Uma das conclusões mais notórias é que apenas 36% das organizações brasileiras oferecem planos de retenção para seus funcionários.
Em níveis elegíveis, o estudo foi a fundo e identificou que, especificamente, os planos se destinam 93% para executivos de alta gerência, 83% para média gerência, 70% para CEO/Presidente e, em menor porcentagem, 28% aos técnicos de operação. Veja abaixo.
Na avaliação das motivações oferecidas pelas entidades participantes, o levantamento mapeou que 43% das companhias ofereceram incentivos de curto prazo e 40% de longa duração. As questões salariais também foram analisadas, e o pagamento base fora de referência de mercado representou 27% das escolhas, seguido pela escolha dos planos de educação corporativa – sendo 26% focados em treinamentos, graduação, pós-graduação e outros cursos.
Dentre as empresas que indicaram o oferecimento de “salário além da média de mercado”, as práticas mais comuns dessas companhias são de aumentar o honorário para 20% acima da média (42%), 15% acima (29%) ou 25% acima (13%). Veja detalhadamente, abaixo.
O sócio e líder da área de Soluções Digitais do Brasil na Korn Ferry, Rodrigo Accarini, avalia o empenho das empresas em oferecer esses benefícios para atrair e reter talentos. “Os resultados mostram que as organizações estão caminhando para entender melhor a realidade do seu modelo de negócio, do perfil de seus colaboradores e, consequentemente a necessidade de traçar planos que vão de encontro com as necessidades específicas dos seus diferentes colaboradores”, conta.
Turnover
O levantamento abordou uma pauta que é desafio para os recursos humanos desde os últimos anos, sendo a rotatividade dos colaboradores de maneira voluntária. A consultoria observou que, em 2023 comparado a 2022, foram 36% das companhias que tiveram um turnover maior, 33% igual e 31% com resultado menor nessa troca de profissionais.
As principais causas alegadas em caso de rescisão por parte do funcionário foram identificadas no estudo. Entre as razões estão a falta de clareza nos próximos passos da carreira do colaborador; a insatisfação com o não reconhecimento profissional; uma proposta de salário mais alto e com melhores benefícios; problemas com a liderança; e ausência de flexibilidade no modelo de trabalho (híbrido ou home office).
Além das consequências financeiras que o turnover traz para as empresas entre outros desafios para o RH, há também uma preocupação da escassez de candidatos. Foram 54% das companhias que disseram enfrentar esse desafio, mas, curiosamente, 46% responderam que não. As posições mais críticas foram para as buscas de profissionais nas áreas de TI, engenharia, finanças e contabilidade, análise e ciência de dados, vendas, recursos humanos, produção, jurídica e marketing.
“É necessário entender o desafio que o turnover traz para a aquisição e retenção de talentos no país, buscando soluções para sanar esse obstáculo que tantas companhias brasileiras enfrentam. Essas medidas não são milagrosas, mas podem ser feitas por meio de maneiras precativas utilizando ferramentas e recursos que ajudem no engajamento. Por exemplo, a entrega de benefícios corporativos personalizados, a criação de um plano de carreira sólido, uma comunicação clara entre líderes e funcionários entre outras medidas cabíveis“, alerta Accarini.
A consultoria também elaborou questões para identificar a maneira e o momento em que ações para beneficiar colaboradores são tidas em prol de reter ou recrutar novos talentos. E os resultados foram: 61% disseram oferecer uma ação focada nas posições críticas e as atitudes tomadas são em salários mais altos na faixa (54%) e a inserção de programas de formação profissional, trainees e outras capacitações (44%).
Os dados ainda revelaram que 70% das corporações não oferecem bônus de contratação (hiring bonus) e 49% disseram fazer uma base de cálculo por meio de uma soma de acordo com cada caso, negociado em contratação com o próprio profissional.
Ao analisar a maneira que as empresas pagam esse bônus, o estudo identificou, por meio das respostas, que a forma de pagamento na maioria das vezes é feita de uma única vez, já no momento da contratação (59%). Há também as companhias que preferem sanar o valor de modo parcelado (23%) e aquelas que realizam o abono de uma única vez após alguns meses (10%). Veja abaixo detalhadamente.
“De maneira geral, mesmo que ainda cometam alguns erros, é notável que há empenho das companhias brasileiras em recrutar e reter bons profissionais. Ao se empenhar nesse ponto crítico, as empresas ganham na qualidade de seus processos, evitam gastos de rotatividade, fortalecem a cultura organizacional, atestam novos benefícios e programas corporativos e, consequentemente, expandem seus negócios de acordo com a área em que atuam“, finaliza o sócio e líder da área de Soluções Digitais no Brasil na Korn Ferry, Rodrigo Accarini.