Indústria cresce 1,1% em dezembro e fecha 2023 com taxa positiva de apenas 0,2%
A indústria extrativa contribuiu para os resultados positivos no mês e no ano
A produção industrial cresceu 1,1% em dezembro de 2023, quinto mês consecutivo de crescimento na produção, após também registrar taxas positivas em novembro (0,7%), outubro (0,2%), setembro (0,2%) e agosto de 2023 (0,4%). Com o resultado, a produção industrial ultrapassa o patamar pré-pandemia (0,7% acima de fevereiro de 2020); mas ainda se encontra 16,3% abaixo do nível recorde alcançado em maio de 2011. Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgada nesta sexta-feira (2) pelo IBGE.
“No índice de dezembro de 2023, observa-se um perfil disseminado de taxas positivas, alcançando três das quatro categorias econômicas e 14 dos 25 ramos industriais pesquisados. Entre as atividades um dos destaques foi indústrias extrativas, que avançou 2,2% no segundo mês seguido de crescimento na produção, apoiada especialmente na maior extração de minério. O segundo destaque é produtos alimentícios, que acumulou um crescimento de 9,1% e seis meses seguidos de avanço na produção”, destaca André Macedo, gerente da Pesquisa Industrial Mensal.
Por outro lado, entre as dez atividades que mostraram queda na produção, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis e produtos químicos exerceram os principais impactos negativos em dezembro de 2023, com ambos eliminando os avanços registrados em novembro.
No ano, variação positiva foi de 0,2%
No indicador acumulado no ano, o setor acumulou variação positiva de 0,2% em 2023. Em 2022, havia fechado com queda de 0,7%. Macedo destaca que, no fechamento do ano de 2023, permaneceu a característica de predomínio de atividades industriais no campo negativo, uma vez que somente nove dos 25 ramos mostraram crescimento na produção.
Os destaques positivos foram registrados por indústrias extrativas, produtos derivados de petróleo e biocombustíveis e produtos alimentícios. Já entre as atividades com indicadores negativos destacam-se veículos automotores, produtos químicos, máquinas e equipamentos, máquinas, aparelhos e materiais elétricos e equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos.
“Quando avaliamos o ano de 2023, observamos dois períodos distintos. O primeiro semestre foi marcado por um comportamento predominantemente negativo da indústria geral, com uma queda de 0,3% no período. Já no segundo semestre, há, claramente, uma melhora de ritmo na produção industrial, resultando num crescimento de 0,5%. Isso também fica muito visível quando observamos o indicador mês contra mês imediatamente anterior, com cinco meses de taxas positivas consecutivas, culminando com a expansão de 1,1% em dezembro. Com isso, o acumulado do ano, que ficou negativo uma boa parte de 2023, passou para o campo positivo, fechando o ano com variação positiva de 0,2%”, analisa Macedo.
Ele observa que o resultado da indústria geral em 2023 foi puxado pelas indústrias extrativas – cujo crescimento é sustentado tanto pela extração de petróleo quanto de minérios de ferro. Já indústria de transformação, que tem a maior parte dos ramos industriais no campo negativo, teve um comportamento de menor intensidade e fechou o ano com um recuo de 1,0%, queda mais intensa do que a verificada em 2022, quando havia recuado 0,4%.
Macedo explica que os resultados da indústria em 2023 estão sendo impactados pela gradual melhora dos indicadores macroeconômicos e de emprego e renda. “Esse avanço recente da produção industrial pode ser explicado pelo comportamento positivo do mercado de trabalho, com redução na taxa de desocupação e aumento na massa de rendimentos; e por uma inflação em patamares mais controlados, especialmente no segmento de produtos alimentícios. Vale destacar também a contribuição positiva das exportações, especialmente no que se refere às commodities. Também se observa, ao longo do ano, o início da flexibilização na política monetária com a redução na taxa de juros. São fatores importantes para se entender o movimento recente da indústria para o campo positivo. Mas vale a ressalva que é um resultado muito próximo da estabilidade”, ressalta Macedo.