Empresas precisam se preparar para lidar com os desafios da reforma tributária

Empresas precisam se preparar para lidar com os desafios da reforma tributária

Pesquisa “Tax do Amanhã” mostra que 46% das empresas participantes realizaram estudo sobre os impactos da Reforma Tributária no consumo

O mercado já se prepara para adaptar suas operações para o novo modelo de tributação e mantém as expectativas quanto aos benefícios percebidos com a Reforma Tributária (dos tributos sobre o consumo), como a simplificação de impostos (78%), a perspectiva de maior transparência sobre a carga tributária brasileira (59%) e a redução das obrigações acessórias (53%). As percepções, apontadas por 172 organizações, compõem a nova edição da pesquisa “Tax do Amanhã“, elaborada pela Deloitte – organização com o portfólio de serviços profissionais mais diversificado do mundo – e revelam que, entre as respondentes, apenas 46% realizaram estudo sobre os impactos da Reforma Tributária no consumo. Destas, 56% constataram provável aumento da carga tributária, com possível repasse de preço ao produto ou redução de margem.

Em consequência, entre as empresas que usufruem de benefícios fiscais, 61% pretendem realizar mudanças em seu posicionamento geográfico, em sua cadeia de suprimentos ou em ambos. Ainda de acordo com os resultados, entre aquelas que ainda não fizeram o levantamento, 45% aguardam a publicação de leis complementares para concretizá-lo.

“O ambiente de negócios tributário brasileiro está perto de vivenciar uma fase de intensa transformação, que deve se iniciar pela implementação das novas legislações, perdurar pela convivência de dois modelos durante a transição e englobar outros elementos da Reforma Tributária, principalmente a da tributação sobre a renda. Este cenário trará oportunidades às áreas de compliance tributário e fiscal. Porém, é necessário que, no curto prazo – durante a fase de transição, que deve durar até 2032 -, empresas e lideranças estejam preparadas para os novos desafios. Departamentos fiscais devem focar na antecipação, na estratégia e na execução e, principalmente, impulsionar as organizações em um ambiente de negócios cada vez mais complexo”, avalia Gustavo Rotta, sócio de Tax da Deloitte.

Além de lidar com o aumento da complexidade técnica da legislação, a pesquisa mapeou a dificuldade que as empresas têm para contratar profissionais qualificados, citada por 63% das companhias. Para adaptar suas operações às necessidades, 47% delas adotam a estratégia de contratação de profissionais terceirizados, seja no modelo co-sourcing ou outsourcing. Embora em menor proporção frente ao número de colaboradores do modelo tradicional (53%), os terceirizados ajudam na solução de um dos principais desafios do ambiente tributário das empresas, que é a falta de profissionais qualificados. Já no ranking de benefícios percebidos pelas companhias com a adoção deste formato de contratação, os mais citados são: redução de custos operacionais; acesso facilitado às tecnologias mais atuais; e realocação do time tributário para objetivos mais estratégicos.

A percepção das empresas sobre um melhor aproveitamento das funções de seus colaboradores tem fundamento. Considerando todas as esferas – municipal, estadual e federal -, aproximadamente 30% do tempo do profissional da área tributária é dedicado às atividades pós-pagamento (atendimento à fiscalização e gestão do contencioso). Esse percentual poderia ser menor caso tecnologias como armazenamento em nuvem – modelo adotado por 51% das empresas e que também apoia ganhos em eficiência operacional e redução de custos – e Inteligência Artificial (IA) fossem mais utilizadas. De acordo com o estudo, apenas 12% das organizações respondentes fazem uso da IA nas operações, o que demostra um potencial de maior eficiência nas atividades tributárias com a implementação da solução.

“Ao considerar a complexidade do ambiente tributário e as transformações esperadas para este mercado daqui em diante, é fundamental que as organizações reorganizem seus modelos de operação, investindo continuamente em treinamentos – visando qualificar e atualizar seus profissionais sobre novas tecnologias e na própria legislação. O uso de IA, por exemplo, representa uma oportunidade de automatizar as operações e ganhar eficiência, permitindo que os profissionais se dediquem à compreensão e aplicação das novas regras. Estes investimentos contínuos devem se manter na agenda das organizações no futuro, considerando as transformações decorrentes da Reforma Tributária”, afirma Luiz Rezende, sócio-líder de Consultoria Tributária da Deloitte.

Quase 40% das empresas pretendem revisitar o modelo de operação da área fiscal, objetivando terceirizar o compliance apenas dos novos tributos (18%), ou dos tributos atuais (11%), ou terceirizando completamente o compliance (7%). Com a necessidade de melhor coordenação sobre as leis complementares, cuja discussão ainda tramita por diferentes instâncias da administração pública, a possibilidade de lidar com custos não previstos (41%), a falta de segurança jurídica (39%) e a perda de incentivos (37%) ocupam o topo da lista de preocupações das empresas participantes. De acordo com o estudo, isso dificulta, também, a execução de um plano de negócios eficaz, dada a necessidade de maior clareza sobre todos os aspectos envolvidos na reforma, como o modelo de cobrança, restituição, fiscalização, entre outros. Entre as recentes alterações promovidas na legislação federal, 40% das empresas respondentes consideram que a imposição de limites para compensação de créditos tributários, decorrentes de decisões judiciais, será altamente impactante a seus negócios.

No contexto de reforma tributária internacional, a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) publicou – e atualizou – o framework do Pillar 2, relativo aos aspectos a serem observados para a alocação dos direitos em tributar lucros entre os estados-membros e, consequentemente, assegurar que grandes grupos multinacionais paguem um nível mínimo de imposto sobre a renda em cada uma das jurisdições onde operam. Quando questionados sobre o impacto do Global Anti-Base Erosion Rules (GloBE), 60% das subsidiárias brasileiras de grupo multinacionais com receita total superior a € 750 milhões ainda não realizaram análise sobre o Pillar 2 ou a análise não envolveu as subsidiárias brasileiras. No mesmo sentido, 56% das multinacionais brasileiras ainda não realizaram análises relativas ao Pillar 2. Ainda que não tenham sido implementadas regras locais sobre Pillar 2, o CPC 32 já foi atualizado com dispositivos relacionados ao Pillar 2 bem como diversas jurisdições já definiram suas normas com aplicabilidade para o ano-calendário de 2024.

Divididas por setor, as 172 empresas que participaram da pesquisa “Tax do Amanhã”, correspondem a Serviços (41%), Construção, Incorporação e Infraestrutura (16%), Manufatura (13%), Comércio (12%), TI e Telecom (10%) e Agronegócio, alimentos e bebidas (8%). A pesquisa foi realizada por meio de questionário eletrônico, em fevereiro de 2024.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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