Cohab Londrina: Histórico e desafios

Cohab Londrina: Histórico e desafios
Ronaldo Antunes da Silva.

A Companhia de Habitação de Londrina (COHAB) teve sua origem em 1965, em resposta à criação do Banco Nacional da Habitação (BNH), no ano anterior, através da Lei 4.380.

Naquela época, Londrina era uma cidade com significativa população rural e economia baseada principalmente na produção de café, que representava a principal fonte de renda da região. A tragédia da geada negra, em 1975, que devastou os cafezais, acelerou o processo de mudança da população da zona rural para a cidade, e Londrina se ofertou como nova moradia a várias famílias de toda a região.

A transição para uma cidade mais urbana era inevitável, e a COHAB desempenhou um papel crucial nesse processo, facilitando a mudança e proporcionando moradias dignas para muitos. Os imóveis construídos pela COHAB representavam algo próximo de 20 por cento dos imóveis residenciais existentes em Londrina em meados da década de 80.

No entanto, o cenário mudou com o fim do BNH, em 1986, e o esgotamento do modelo de financiamento tradicional. A COHAB enfrentou dificuldades financeiras ao longo das décadas de 1990 e 2000, o que comprometeu sua capacidade de atender às demandas crescentes por moradia. Como empresa que atua como gestora de política pública e não no domínio econômico, o atual modelo jurídico ao qual está submetida prejudica ainda mais sua operação, tornando-a mais onerosa. Isso tem tornado mais caro e complexo o processo de gestão da COHAB.

Embora o programa Minha Casa Minha Vida tenha sido implementado para preencher esse vazio, ele atende apenas a uma parcela limitada da população, principalmente aquela com renda inferior a dois salários mínimos. É importante ressaltar que a principal faixa da população que ficou sem acesso a habitação de interesse social foi a de menor renda, que enfrenta dificuldades ainda maiores para obter moradia adequada.

As invasões do Aparecidinha e do Flores do Campo são evidências contundentes de que a população de baixa renda não está sendo atendida de forma adequada pelos programas habitacionais existentes. Essas ocupações ilegais refletem a frustração e a falta de opções enfrentadas por muitas famílias que não conseguem acessar moradias adequadas através dos canais formais.

Nos últimos anos, o município, por meio da COHAB, tem investido em regularização fundiária em locais ocupados há anos, inclusive com investimento em infraestrutura. Porém, esse deveria ser um investimento de todos os entes públicos, não devendo onerar exclusivamente os cofres do município. A responsabilidade pela garantia do direito à moradia digna deve ser compartilhada entre os diferentes níveis de governo, de modo a assegurar uma abordagem mais ampla e sustentável no enfrentamento da questão habitacional.

Tal situação também coloca em evidência a responsabilidade compartilhada das três esferas de governo na provisão de habitação, embora a federal seja a principal fonte de financiamento. A falha na coordenação e na alocação de recursos adequados por parte dos governos municipais, estaduais e federal contribui para a persistência do problema habitacional em Londrina e em todo o país.

À medida que Londrina ingressa em um novo ciclo de desenvolvimento, é imperativo que a COHAB se adapte e evolua para enfrentar os desafios contemporâneos. Em vez de apenas fornecer habitação, a empresa deve se envolver ativamente no planejamento urbano e no desenvolvimento sustentável, adotando novos modelos que promovam a inclusão social e a qualidade de vida para todos os cidadãos.

O artigo foi escrito por Ronaldo Antunes da Silva, que é economista e presidente do Sindicato dos Economistas de Londrina.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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