Mudanças no mercado de trabalho desafiam recrutadores a fazer melhores processos seletivos

Mudanças no mercado de trabalho desafiam recrutadores a fazer melhores processos seletivos

Especialistas de RH explicam quais ações devem ser colocadas em prática para contratar com mais eficiência e como a tecnologia pode ser uma aliada

Com as rápidas mudanças no mercado de trabalho, a etapa de contratação virou um desafio à parte, tanto para quem contrata quanto para quem busca a recolocação profissional. Enquanto as empresas tentam desvendar a fórmula do processo seletivo ideal, candidatos esperam por feedback e querem respostas mais ágeis dos recrutadores. Diante desse cenário, como contratar melhor no Brasil?

Para Lilian Carina, cofundadora e diretora de recursos humanos na vertical de People as a Service da Triven, empresa especializada em serviços de backoffice, a resposta para essa pergunta passa por muitos pontos, desde a construção de um processo seletivo estruturado até a avaliação das soft skills.

Cultura da empresa deve estar à mostra já no processo seletivo

De acordo com Lilian, a descrição bem feita da vaga em aberto é essencial para o sucesso do processo seletivo, pois é o filtro inicial entre candidatos e recrutadores. Além de detalhar as atribuições técnicas do cargo, essa é a oportunidade da empresa mostrar um pouco do seu estilo de trabalho no dia a dia. “Quanto mais informações constam, mais atrativa a empresa se torna. Por exemplo, apenas falar que está em busca de um analista de marketing é muito amplo. O que efetivamente está sendo buscado nesse analista? Qual tipo de conhecimento é imprescindível ou preferencial? Nesse mesmo sentido, a empresa também já pode destacar como é a sua rotina de atividades e elencar informações que dão uma visão mais clara ao candidato sobre aquele local de trabalho. A questão não é fazer um anúncio extenso, mas especificar o que está sendo procurado e como as operações acontecem naquele ambientes”, explica a especialista.

Porém, para que essa descrição detalhada possa ser feita, é preciso estar atento a um ponto crucial: a definição da cultura da empresa. Nos últimos anos, o termo “fit cultural” ganhou destaque no meio empresarial. Basicamente, ele indica o alinhamento que existe entre o colaborador e os valores e a missão da empresa. Segundo a diretora de RH da Triven, quanto mais cedo a empresa explicitar qual é a cultura adotada e quais são os comportamentos esperados dentro daquele lugar, mais assertivos serão os processos seletivos. “A cultura organizacional remete à forma de tomar decisões e aos valores e questionamentos que norteiam as ações. Não há certo ou errado, é preciso entender qual é o funcionamento de cada lugar e traduzi-lo por meio do processo seletivo”, explica.

A partir disso, a expectativa é que as etapas seguintes de seleção se tornem mais produtivas. Para Lilian, o ponto alto do processo é a entrevista entre recrutador e candidato. “O contato pessoal entre ambas as partes é insubstituível, mas o cuidado deve ser redobrado. O entrevistador precisa conhecer bem a empresa, para apresentá-la da melhor forma possível”, alerta. Ela também completa que, por meio dessa conversa, é possível avaliar as habilidades interpessoais do entrevistado, como pensamento analítico, capacidade de resolução de problemas e se busca aprendizado contínuo – as chamadas soft skills.

Más contratações prejudicam a reputação das empresas no mercado de trabalho

Uma das principais consequências da má contratação é o aumento do turnover, que é ruim não apenas para o andamento das atividades, mas também para o posicionamento da empresa no mercado de trabalho. “Quando uma pessoa está alinhada à cultura da empresa, é mais provável que ela se envolva e se sinta satisfeita com o trabalho. Já quando o contratado assume um cargo em um lugar que não tem nada a ver com ele, é mais provável que os desafios do dia a dia pesem além da conta, já que não existe conexão com a forma como as ações são feitas. A tendência é que esse colaborador não fale positivamente sobre o ambiente”, completa Lilian Carina.

Aproveitar melhor a tecnologia é essencial para recrutadores

Para Daniel Kafruni, diretor na Zucchetti Brasil, o uso da tecnologia é crucial para que os times de recursos humanos consigam atender às demandas mais estratégicas da operação. “Nesse sentido, a tecnologia ajuda a resolver dois problemas. O primeiro é a alta demanda por novas contratações. A empresa que precisa expandir seu time não pode ter um processo de seleção moroso, e as plataformas oferecem a celeridade necessária. O segundo está na inteligência do time de recursos humanos. Sem precisar gastar horas de trabalho em atividades manuais, como postagem de vagas e agendamento de entrevistas, a equipe pode se dedicar a ações estratégicas de melhoria contínua dos processos seletivos”, explica o executivo.

A multinacional italiana é responsável pelo Inrecruiting, sistema de recrutamento e seleção que conta com 13 milhões de candidatos registrados. A solução, líder no mercado europeu, possui clientes como Honda, Burguer King e McDonald’s e chegou ao Brasil em 2021. De acordo com Kafruni, outro diferencial proporcionado pelas plataformas digitais de recrutamento é a capacidade de analisar minuciosamente o desempenho das vagas publicadas.

“Uma das funcionalidades oferecidas pelo Inrecruiting é a geração de relatórios que acompanham os indicadores mais importantes para a gestão de talentos, o que permite o monitoramento do banco de currículos e oferece uma visão completa dos talentos. Isso faz toda a diferença para o recrutador conseguir avaliar as iniciativas do RH com base em dados, não em achismos. Assim, ele pode avaliar se é preciso melhorar as descrições das vagas ou se a cultura da empresa está refletida nas publicações, por exemplo. As tomadas de decisão ficam muito mais qualificadas”, afirma.

Dados: a experiência da Paytrack

Antes de maio de 2021, o acompanhamento das seleções na empresa era feito por meio de planilhas, alimentadas de forma manual. Esse processo dificultava o desenvolvimento e acompanhamento de métricas relacionadas ao processo. Uma das necessidades era melhorar o registro das entrevistas.

Com o entendimento da necessidade de aprimorar a gestão de pessoas na empresa, a Paytrack contratou uma plataforma de seleção para facilitar e aprimorar o método realizado na empresa. Os valores da empresa já estavam bem estabelecidos e sedimentados, mas precisavam ser incluídos no processo de forma mais permeada.

A partir da implantação da ferramenta foi feita a estruturação da seleção baseada em ranqueamentos das competências, e adotado um olhar para a aderência à cultura e valores da empresa (as entrevistas são feitas em etapas, e a 1ª é com a recrutadora. Ela verifica se há esse alinhamento e só após o candidato passa para a próxima etapa).

Com essas ações, a conversão das seleções em contratação, que chegou a ser em média de 50%, aumentou para 80%. Em 2023 este número foi superado: das quase 200 contratações realizadas, 96% tiveram aprovação no período de experiência. Durante o processo de seleção, a empresa tem alto grau de comprometimento com os feedbacks, com meta de prazo de retorno em até 2 dias.

Com essas implementações, o RH da Paytrack ficou mais analítico e possibilitou um gerenciamento mais assertivo.

  • Fornece mais dados aos gestores
  • Possibilita direcionais melhores, com mais insumos
  • Desenvolveu feedbacks mais objetivos

Foi necessário investimento financeiro e dedicação para a mudança. Mas os resultados foram significativos.

  • Reduziu em cerca de 40% o tempo de fechamento de vagas
  • Reduziu em média 50% as taxas de desligamento e dobrou o tempo de permanência dos colaboradores em alguns setores e cargos
  • Melhorou os investimentos em treinamento e capacitação dos colaboradores, que teve como resultado 98% de aprovação dos colaboradores em relação a empresa durante o período de experiência. Realiza avaliação 360º semestralmente. Objetivo de formar comunidades.

O uso do LinkedIn é um diferencial recente, e a ferramenta deve ser mais cada vez mais utilizada pela Paytrack para uma seleção assertiva.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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