“Preços inteligentes” podem aumentar em mais de 60% o faturamento das empresas

“Preços inteligentes” podem aumentar em mais de 60% o faturamento das empresas

A precificação é uma das tarefas mais importantes na hora de vender um produto. É preciso manter um equilíbrio entre competitividade, lucratividade e valor percebido pelo cliente. Entretanto, o que deveria ser uma métrica simples acaba se tornando um obstáculo para muitas empresas, especialmente de pequeno e médio porte, que forçam um preço baixo e operam no vermelho.

É aí que entram os preços inteligentes, estratégias de precificação que utilizam tecnologia e análise de dados para ajustar valores em tempo real. Um estudo de caso realizado pela InfoPrice mostrou que o faturamento de um supermercado aumentou mais de 60% após a automação deste processo. Outra análise, promovida pela Danone, mostrou resultados semelhantes – melhora na eficiência operacional e aumento na margem de lucro.

Mas como isto funciona na prática? O especialista em Inteligência Artificial e fundador da IDVL Contabilidade, Julio Moreira, afirma que precificar um produto envolve muito mais do que simplesmente aplicar uma margem ao custo de aquisição.

“Deve-se considerar diversas variáveis, incluindo o panorama de preços do mercado, a demanda dos consumidores, os atributos que diferenciam dos concorrentes, a rotatividade do estoque e o capital de giro disponível. Aumentar o preço pode parecer atrativo, mas dependendo do nível de queda nas vendas (normal quando se aplica um aumento), o resultado pode ser bem pior”, constata Moreira.

Modelo reflexivo

Julio Moreira - CEO e Fundador da IDVL Contabilidade.jpg
Julio Moreira.

O contador explica ainda que o modelo de precificação deve ser reflexivo e estratégico, permitindo agir rapidamente com base em informações atualizadas e que acompanhe de perto os resultados para realizar os ajustes necessários. Sem as ferramentas tecnológicas, este processo se mostra bem mais desafiador.

“É nesse cenário que a Inteligência Artificial se torna essencial. Com o uso de ferramentas de IA, podemos acompanhar os preços de mercado, tendências e demandas de forma contínua. A IA pode não apenas sugerir os ajustes de preços com base na análise dos dados, mas também implementá-los automaticamente. Assim, adotamos uma abordagem de precificação dinâmica e inteligente”, acrescenta.

De acordo com dados da Competera, plataforma especializada em precificação, o uso da inteligência artificial pode trazer diversos benefícios, que vão desde a otimização da operação, até a prevenção da perda de margem de lucro;

  1. Redução do tempo de reajuste de preços em 50%: Isso indica uma maior eficiência operacional. Em um supermercado, por exemplo, a agilidade para ajustar preços pode ser crucial, especialmente em resposta a promoções da concorrência ou alterações de demanda.
  2. Aumento da precisão do reajuste em até 95%: Com tal nível de precisão, a IA pode prever com grande confiabilidade quais preços maximizarão o volume de vendas e a margem de lucro, reduzindo o risco de perda de vendas por preços mal ajustados.
  3. Prevenção de perda de margem de lucro em até 6%: Isso sugere que o uso de IA pode diminuir as situações em que o preço de um produto é definido abaixo do ideal, protegendo as margens de lucro e, consequentemente, aumentando a rentabilidade geral.
  4. Dados competitivos em tempo real: Ter acesso a dados da concorrência em tempo real permite reagir prontamente a mudanças de mercado, o que é fundamental em um ambiente varejista competitivo.

Os custos de implementação podem variar, a depender da estratégia e das tecnologias que o negócio irá utilizar. É possível desenvolver projetos com pouco investimento, a partir de ferramentas de terceiros como a Openai, responsável pelo ChatGPT. Outra medida é aproveitar planos de assinatura, que podem iniciar com pacotes de uso reduzidos e ir aumentando conforme a necessidade e disponibilidade de recursos.

“Para se ter uma ideia de investimento, a plataforma de monitoramento de mercado Browse AI possui desde planos grátis até outros que podem custar U$ 250 mensais. Então o custo de operação vai variar muito. No caso de um negócio pequeno ou familiar é possível usar ferramentas gratuitas, enquanto uma empresa de grande porte pode optar por contratar um serviço de custo mais elevado”, completa.

Imaginemos que um supermercado de médio porte decida utilizar a OpenAI para monitoramento de preços, através de captura de imagens. Pegando como base o modelo GPT-4-Vision Preview, o custo para captura de uma imagem com 150 pixels seria cerca de U$ 0,0025. Assumindo que o mercado possui 100 prateleiras e requer uma captura a cada 10 minutos, o custo diário seria de aproximadamente U$18,36. Em um mês, este valor totalizaria U$550,80.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *