Com investimento de R$ 1,6 bilhão, Maltaria Campos Gerais suprirá parte da indústria da cerveja
4 em cada 10 cervejas produzidas no Brasil terão malte produzido no Paraná na composição
O governador Carlos Massa Ratinho Junior participou nesta quinta-feira (6), em Ponta Grossa, da inauguração da Maltaria Campos Gerais, localizada próximo ao limite com o município de Carambeí. A planta, fruto de um investimento de R$ 1,6 bilhão das cooperativas Agrária, Frísia, Castrolanda, Capal, Bom Jesus e Coopagrícola, terá capacidade para produzir 280 mil toneladas de malte por ano.
O empreendimento, que teve apoio do programa de incentivos Paraná Competitivo, do Governo do Estado, deve gerar cerca de 130 empregos diretos e mais de 3 mil indiretos, além de ampliar a produção de cevada no Paraná, que já é o maior produtor nacional do grão.
“Este é mais um empreendimento que consolida o Paraná como o supermercado do mundo. Mais do que a produção no campo, que já somos destaque, estamos conseguindo cada vez mais industrializar nossos alimentos e colocá-los no mercado”, afirmou o governador. “Esta maltaria vai suprir 15% da demanda do Brasil, gerando empregos não apenas na indústria, como também no campo”.
Com a inauguração da maltaria, quatro em cada dez cervejas produzidas no País terão malte produzido no Paraná na sua composição. O Brasil ainda não é autossuficiente em malte, o que indica que boa parte do ingrediente que é utilizado pela indústria cervejeira ainda é importado. Com a nova fábrica, há tendência de diminuição de custos para o consumidor brasileiro.
“Hoje gastamos muito dinheiro importando malte, porque o mercado cervejeiro do Brasil é gigante e está em crescimento. Por isso é importante esse investimento das cooperativas, que fizeram esse grande empreendimento para absorver parte importante desse mercado”, afirmou o secretário estadual da Fazenda, Norberto Ortigara.
Segundo Adam Stammer, presidente da Cooperativa Agrária, que capitaneia o empreendimento, a unidade deve responder sozinha por 15% do malte utilizado pela indústria cervejeira brasileira somente nesta primeira etapa. As cooperativas preveem ainda dobrar o tamanho do empreendimento nos próximos anos.
“Se a demanda por cerveja subir conforme projetado, nós temos o compromisso de ampliar essa fábrica e dobrar a produção. Quando a segunda etapa se concretizar, teremos a maior maltaria do mundo localizada em uma única área”, explicou Stammer. “Juntas, as seis cooperativas têm 13 mil associados. A ideia é trabalhar com esses produtores para fomentar a produção de cevada no Paraná, dando um salto também em pesquisa e desenvolvimento de novas cultivares”.
Ponta Grossa já conta com plantas de duas gigantes do ramo (Ambev e Heineken), que também ampliaram recentemente as suas unidades. As duas empresas serão as principais clientes da indústria. Além disso, a Agrária também está construindo uma nova maltaria em Guarapuava para a produção de maltes especiais, num investimento de R$ 500 milhões junto com a empresa alemã Ireks.
Cevada
De acordo com os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre a produção agropecuária nacional, o Paraná é responsável por 68% da produção brasileira de cevada, matéria-prima usada para produção do malte. Das 521 mil toneladas colhidas em todo o Brasil, 360 mil toneladas foram produzidas no Paraná.
O Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Deral), aponta que 27% da área destinada ao grão, que deve ficar em 75,2 mil hectares neste ano, já foi plantada. A previsão é de que a colheita de cevada supere em 20% as 278 mil toneladas produzidas na safra passada.
Para suprir a necessidade industrial, a intenção é ampliar o plantio da cevada entre os produtores rurais cooperados, abrangendo áreas que vão do sul de São Paulo ao norte de Santa Catarina. Isso também vai ajudar a alavancar o uso de áreas para cultivo das culturas de inverno, que é o caso da cevada.
“Mesmo liderando esse cultivo, a cevada é uma cultura que precisamos dominar ainda mais, por isso vemos com bons olhos a possibilidade de novos agricultores entrarem no plantio, principalmente os pequenos”, salientou o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Natalino Avance de Souza. “Somos muito bons produtores de culturas de verão, mas gostaríamos de ter menos solo sobrando durante o inverno. A cevada vem exatamente com esse propósito”.
Viaduto
Durante a solenidade, o Instituto Água e Terra (IAT) entregou a Licença de Instalação do empreendimento, que permite o início da produção na maltaria. Também foi assinado um memorando de entendimento com as cooperativas para a construção de um viaduto na PR-151, que dá acesso à fábrica e também a outras indústrias da região, como a montadora de caminhões DAF.
Com investimento previsto de R$ 37 milhões, a obra será executada pela própria maltaria como contrapartida do programa Paraná Competitivo do Governo. “O projeto foi doado ao Estado e dá acesso logístico ao empreendimento e às diversas empresas do distrito industrial Norte de Ponta Grossa, dando segurança viária necessária para o desenvolvimento industrial de uma importante região industrial”, ressaltou o secretário estadual da Infraestrutura e Logística, Sandro Alex.