Lideranças do setor eólico veem potencial de expansão dos serviços no Brasil

Lideranças do setor eólico veem potencial de expansão dos serviços no Brasil

Estímulo à competitividade favorece à inovação

Seis em cada dez executivos dos maiores players do setor de energia eólica avaliam que o mercado nacional tem potencial de crescimento, devido à abundância de recursos naturais, tais como terras e ventos. A conclusão é do estudo “Desafios e oportunidades na implantação de projetos eólicos no Brasil“, elaborado pela Deloitte – organização com o portfólio de serviços mais diversificado do mundo – com o apoio da ABEEólica (Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias).

Os dados da pesquisa mostram que 60% dos entrevistados acreditam que a disseminação da energia eólica no país colaboraria para a redução da vulnerabilidade do sistema de energia, por meio da diversificação da matriz. Para 72% do público, a criação de empresas locais seria uma vantagem na propagação deste mercado, enquanto 40% reforçam o estímulo à indústria local.

“Impulsionar o aproveitamento de energias renováveis não é apenas uma decisão ambientalmente responsável, mas um movimento fundamental para garantir o crescimento perene do mercado local e o atendimento da demanda da sociedade. Além de reduzir a dependência de fontes tradicionais de energia e mitigar riscos de volatilidade de preços, a cadeia eólica estimula mais eficiência e menores custos no longo prazo. O impacto é notório: ela gera novos empregos, fomenta inovação e cria um ciclo virtuoso de desenvolvimento econômico. A transição para uma matriz energética mais limpa é, sem dúvida, essencial para construir um futuro mais próspero”, afirma Guilherme Lockmann, sócio da Deloitte para Sustentabilidade e o segmento de Power, Utilities & Renewables.

Um dos objetivos do estudo é identificar os principais gargalos ao desenvolvimento desses projetos no país, além de mapear oportunidades e propor soluções. O material foi produzido entre setembro e novembro de 2023, com 17 executivos entrevistados dos maiores players do setor de energia eólica. Houve abordagem híbrida qualitativa e quantitativa com agentes da indústria. Enquanto observação quantitativa, foram aplicados questionários eletrônicos a mais de 25 agentes da indústria.

Para 52% dos participantes, os custos iniciais de instalação e tecnologia para a geração de energia eólica estão entre os gargalos. Taxas de juros (48%), instabilidades política e cambial (30%) e financiamento restritivo (26%) também foram apontados.

Embora os desafios macroeconômicos sejam complexos, políticas públicas para financiamento do setor são importantes para atrair e estimular toda a cadeia de negócios do setor. A redução temporária de impostos de importação para itens e componentes dessa indústria e as Parcerias Públicas Privadas são essenciais à produção de energia eólica, como destaca a presidente Executiva da ABEEólicaElbia Gannoum. “O Brasil é considerado um país historicamente amigável para atrair investimentos. Mas é preciso observar aspectos importantes para essa percepção se manter, precisamos mostrar que nosso país tem ambientes regulatório e jurídico adequados. Estamos trabalhando para isso. Precisamos apenas acelerar esse processo”.

Dentro da cadeia produtiva da energia eólica no Brasil, o desafio prático mais destacado pelos entrevistados é a dificuldade com permissões, habilitações e normas (78%). Os respondentes ainda ressaltaram como barreiras as diferenças de cultura e governança entre os stakeholders (57%); negociações com múltiplos proprietários de terras (35%); coordenação integrada entre equipes e contratados (26%).

“As soluções para a indústria eólica – que representa 15% do total de energia elétrica no Brasil, atualmente – passam por investimentos substanciais na infraestrutura de transmissão para garantir o pleno aproveitamento do potencial deste setor e mitigar riscos de escassez da oferta de energia e aumento dos custos no país”, avalia Mauricio Nichterwitz, sócio de Financial Advisory nas práticas de Infrastructure & Capital Projects da Deloitte. “Organizações do setor de energia estão na vanguarda da descarbonização no Brasil. E a incorporação eficaz dessa fonte à rede elétrica nacional demanda também uma gestão inteligente e otimizada da rede. Isso é fundamental para lidar com a variabilidade da geração eólica e garantir a transmissão eficiente da energia produzida para regiões demandantes distantes”, completa.

Qualificação e retenção da mão de obra

Os entraves na qualificação da mão de obra no setor abrangem diversas áreas. Entre os principais estão: atrair talentos para áreas remotas (68%); retenção de profissionais (57%); treinamento e capacitação contínua (57%). Entre as estratégias de capacitação que são utilizadas atualmente, os entrevistados apontam a adoção de programas de treinamento internos (28%); parcerias com instituições educacionais (24%); workshops e seminários (14%); e treinamento on-the-job (10%).

“Tais desafios comprometem de forma significativa a eficiência e a qualidade dos projetos eólicos, ressaltando a urgência de implementar estratégias direcionadas para superá-los. Embora o setor já invista em programas de capacitação, é essencial ampliar substancialmente esses esforços, a fim de assegurar um desenvolvimento mais consistente e sustentável no longo prazo”, destaca Elbia, da ABEEólica.

Gestão do orçamento

A análise dos custos e do cumprimento do orçamento em projetos eólicos revela outros desafios. Entre os participantes, 30% concordaram plenamente que os projetos são concluídos dentro do orçamento estipulado, enquanto 41% concordaram parcialmente. Esses números sugerem que a gestão eficaz dos custos é um obstáculo relevante, com a tendência de muitos projetos ultrapassarem os orçamentos planejados. Os custos elevados são frequentemente associados à complexidade dos projetos, englobando aspectos técnicos, logísticos e ambientais, além de imprevisibilidades e riscos, como mudanças regulatórias e atrasos na obtenção de licenças.

A pesquisa identificou uma falta de familiaridade de profissionais do setor participantes com o conceito da “Análise de Escalation”, um aspecto crucial no controle de custos. Entre os respondentes, 60% indicaram não a conhecer, o que revela uma lacuna significativa no entendimento e manejo de fatores que podem elevar os custos ao longo do tempo. Para os que estão cientes dessa abordagem, 16% afirmaram monitorar ativamente as taxas de juros e os preços das commodities, como parte de sua gestão de custos, enquanto 4% disseram adotar estratégias de hedge para se proteger contra flutuações no mercado.

“A análise destaca a necessidade de uma abordagem mais profunda e estratégica para a gestão de custos em projetos eólicos. Isso inclui o aprimoramento da gestão de riscos, capacitação em análise de escalation de custos, monitoramento contínuo de variáveis econômicas e a adoção de mecanismos de proteção financeira, como o hedging, além de um planejamento meticuloso e um monitoramento rigoroso em todas as etapas do projeto”, explica Mauricio Nichterwitz.

Energia eólica offshore

À medida que o Brasil explora novas fronteiras no setor de energia renovável, a indústria eólica offshore emerge como um campo promissor e repleto de oportunidades, mas, também, com novos desafios. Para os participantes da pesquisa, este tipo de geração de energia eólica tem como atrativos os ventos constantes e fortes (50%), devido à inexistência de barreiras; além de seu potencial de expansão (29%), dado o vasto litoral brasileiro; e o menor impacto em terras agrícolas e áreas povoadas (14%), tornando-a uma fonte eficiente de energia renovável, com potencial de aumento na produção, de forma mais sustentável.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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