Consumo dos brasileiros com mais de 50 anos aumentará para R$ 3,8 trilhões em 20 anos
No Brasil, em 2024, mercado prateado representou R$ 1,8 trilhão do consumo privado total do país
A análise do impacto do consumo prateado na economia brasileira atual e as estimativas de possíveis cenários em um futuro próximo são a base da pesquisa Mercado Prateado: consumo dos brasileiros 50+. No mundo, a economia prateada – soma de toda a atividade econômica que atende às necessidades das pessoas com 50 anos ou mais – representa cerca de 22 trilhões de dólares anuais, ocupando o status de terceira maior atividade econômica global. No Brasil, em 2024, representou R$ 1,8 trilhão do consumo privado total do país, o que significa uma fatia de 24% do consumo privado total dos domicílios brasileiros.
Conduzida pelo Data8 e inspirada em um estudo europeu que se tornou referência mundial, a pesquisa Mercado Prateado combina microdados oficiais e dados proprietários, partindo de uma metodologia econométrica validada internacionalmente – que propiciou estimar o peso desse grupo no Produto Interno Bruto (PIB) nacional; analisar padrões de consumo por faixa etária, gênero, renda e região; e projetar cenários futuros, oferecendo um panorama inédito sobre uma parcela populacional que deve movimentar 3,8 trilhões de reais nos próximos anos.
Em um dos recortes, a pesquisa traz a análise da cesta de consumo por classe social, revelando as cinco principais categorias que concentram os gastos mensais per capita dessa população.
_ Classe A: transporte 25%, alimentação 20%, habitação 20%, saúde 16% e vestuário 5%.
_ Classe B: habitação 24%, alimentação 22%, transporte 20%, saúde 14% e vestuário 5%.
_ Classe C: habitação 30%, alimentação 26%, saúde 15%, transporte 13%, higiene e cuidados pessoais 6%.
_ Classe D: habitação 34%, alimentação 28%, saúde 12%, transporte 9% e higiene e cuidados pessoais 6%.
Mercado Prateado mostrou que os maduros mais ricos diversificaram o próprio consumo e movimentaram um maior número de setores, enquanto os mais pobres enfrentaram a alta conta da longevidade. “Quando analisamos a cesta de consumo por classe social, tivemos a confirmação de um cenário descrito pela Pirâmide de Maslow, no qual uma renda mais alta permite um consumo expandido de supérfluos além das necessidades básicas. Para os prateados da classe A, o maior consumo mensal passa a ser no setor de transportes, que inclui aquisição e manutenção de veículos, locomoção urbana e viagens esporádicas”, detalhou Lívia Hollerbach, uma das coordenadoras da pesquisa.
Diferenças regionais e visão de futuro
As diferenças regionais do Brasil marcam, também, a cesta prateada e apresentam peculiaridades. No Norte e Nordeste, menor consumo per capita mensal – seguindo a análise das classes mais baixas – apresenta um cenário mais expressivo em alimentação (média de R$ 322 mensais); higiene e cuidados pessoais (média de R$ 77 mensais).
O Centro-Oeste é a região onde os prateados registram o maior consumo per capita mensal de produtos e serviços, destacando-se o setor de transporte, que chega a consumir R$ 360 por mês da cesta dos maduros (50 anos ou mais), incluindo aquisição e manutenção de veículos, transporte urbano e viagens esporádicas. No Sudeste, o maior consumo mensal é de serviços e produtos de saúde – R$ 293 mensais. E, no Sul, o maior consumo mensal é no setor de transportes, com R$ 328 mensais.
Sobre as projeções do consumo privado da população brasileira e a variação do peso de cada categoria na cesta total, de acordo com Lívia Hollerbach, o setor da saúde deve crescer na cesta de consumo da população prateada no Brasil, enquanto os produtos e serviços de educação irão diminuir. “A tendência, nos próximos 10 anos – se considerarmos apenas o envelhecimento populacional orgânico à nossa frente sem cenários de crise econômica, sanitária, política, ambiental ou outras – é de crescimento do setor da saúde”, aponta.
Panorama do envelhecimento populacional
Dados de 2024 apontam que a população com mais de 50 anos tem crescido 3% ao ano no mundo, chegando a quase 2 bilhões de pessoas, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU). Dentro desta inversão demográfica global, a América Latina é a região com o envelhecimento populacional mais rápido: entre 1950 e 2018, a expectativa de vida aumentou 25 anos; até 2050, a cada 10 latino-americanos, três terão mais de 60 anos.
Nesse contexto, o Brasil é o protagonista, sendo visto como uma nação de prateados. Em 2024, 27% da população já tinha mais de 50 anos e até 2044 contará com 40% da população total nessa faixa etária. O que a França demorou 120 anos para alcançar – sair de 10% para 20% de prateados na população –, o Brasil alcançará em duas décadas.
No país, a população está envelhecendo mais e melhor: a cada 10 indivíduos acima dos 50 anos, seis não se sentem com a idade que têm; três acreditam que serão centenários; sete se mantêm financeiramente com rendimentos que geram; e dois (entre 65 e 74 anos) geram renda autônoma. Os dados mostram que a renda de 76% é a principal fonte da família (para 39% é a única); três em cada 10 ajudam financeiramente os filhos. Em 2024, essa parcela populacional representou R$ 1,8 trilhão do consumo privado total do país, o que significa uma fatia de 24% do consumo privado total dos domicílios brasileiros. O consumo privado total – incluindo domicílios brasileiros com todas as faixas etárias –, ao final do ano passado, movimentou R$ 7,3 trilhões.
Segundo Lívia Hollerbach, uma das coordenadoras da pesquisa, em 20 anos, o consumo dentro da economia prateada nacional aumentará para R$ 3,8 trilhões; em 2044, representará 35% do consumo domiciliar privado total no país, que está projetado para R$ 10,8 trilhões. “Essa é a economia que mais cresce no Brasil e no mundo, impulsionada pelo fenômeno da transição demográfica que está tornando a conhecida pirâmide populacional um verdadeiro obelisco. Nas próximas décadas, todos os países – com exceção daqueles da África Subsaariana – irão presenciar um rápido envelhecimento da sua população”, aponta.
A íntegra da pesquisa traz uma projeção para 10 e 20 anos sobre o impacto do envelhecimento populacional em setores da economia.


