Sucessão familiar na empresa: um negócio de futuro

Sucessão familiar na empresa: um negócio de futuro

Promover a sucessão familiar em uma empresa exige tempo, expertise e foco – seja ela pequena, média ou grande. Mesmo colocadas assim, de forma resumida, essas palavras são poderosas, com capacidade de garantir que os herdeiros possam comandar não apenas legalmente, mas de fato, os negócios familiares, possibilitando a sua continuidade.

 Fazer as gerações futuras conhecerem o cotidiano da companhia é uma atividade que deve integrar parte da vida daquela organização. Desde cedo, os sucessores devem adquirir intimidade com um objetivo: desenvolver a identificação com os negócios.

O processo de convencimento para quem terá a responsabilidade de assumir o bastão pode eliminar muitas surpresas e obstáculos, como o desinteresse ou falta de competência para tomar decisões, delegando a terceiros que nem sempre vão compreender como funciona uma empresa familiar, suas relações internas e como se dá, diante desse contexto parental, o processo de decisões. 

No Brasil, uma pesquisa feita pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) apontou que 90% das empresas do país são familiares. Outros levantamentos revelam que de cada cem sociedades familiares, 30 alcançam a segunda geração e apenas 15 chegam ao terceiro nível sucessório.

Os números mostram, portanto, como é desafiador o ambiente de sobrevivência de uma corporação com laços de família. A realidade exige que os herdeiros participem de cada etapa do plano de desenvolvimento. E quanto mais cedo isso acontecer, melhor.

Não é difícil verificar entre grandes empreendedores brasileiros, histórias que apontam como esses homens e mulheres de negócio exibem imensa gratidão, toda ela direcionada aos pais por terem tido a visão de fazê-los mergulhar na rotina de cada setor da companhia, como se colaboradores fossem em constante processo de treinamento.

Além de criar na mente dos herdeiros a tão valiosa intimidade e identificação com cada centímetro do negócio, o processo de conhecer a fundo irá impactar na tomada de decisões futuras, realizadas com segurança, de quem conhece de verdade o mercado em que atua.  

Como se percebe, o planejamento sucessório de uma pequena, média ou grande empresa é uma ferramenta indispensável para que a passagem de comando evite ou atenue conflitos entre herdeiros, que vão desde a divisão do poder, da herança ou mesmo da completa incapacidade para tocar o negócio adiante, com a almejada saúde financeira e a prosperidade que se esperam.

Não é raro que uma sucessão feita de maneira repentina abra a possibilidade de um longo litígio, capaz de comprometer todo o patrimônio construído pelas gerações anteriores. Assim, o planejamento sucessório surge como uma alternativa segura e bem estruturada para fazer uma transição profissional. A família irá verificar o quanto ele é mais barato e menos desgastante do que o conhecido inventário.

Na prática, a criação de uma holding surge, por exemplo, como uma alternativa para que os doadores entreguem em vida os bens indicados aos herdeiros, sem se afastar dos negócios. Eles podem seguir sendo usufrutuários vitalícios, membros permanentes do conselho de administração (ou conselho consultivo), tudo para evitar conflitos e arbitrar soluções que possam aparecer enquanto o processo sucessório se desenvolve.

A vantagem é que esse planejamento – com os titulares participando das etapas de sucessão de forma ativa – contará com o tempo, cumprirá etapas, respeitará as diversas realidades e formas de pensar, com os custos sendo administrados e passíveis de serem diluídos ao longo dos anos.

Essa situação difere dos inventários, cuja característica determina a passagem obrigatória de todos os bens após o falecimento, caso os antecessores não tenham adotado critérios de um planejamento antecipado.

O risco de litígio é tão natural quanto o direito de os herdeiros serem os fiéis beneficiários dos bens de seus patriarcas. Mas um planejamento sucessório tem condições de fazer valer uma velha, mas preciosa máxima, de que: família que trabalha unida, permanece unida.

O artigo foi escrito por Morgana Borssuk e Amanda Marcos, advogadas e sócias do escritório www.borssukemarcos.com.br.


Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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