Sair da inadimplência: o drama de 70 milhões de brasileiros

Sair da inadimplência: o drama de 70 milhões de brasileiros

Trocar uma dívida cara por outra mais barata pode ser uma solução

A queda na renda das pessoas somada a uma taxa básica de juros nas alturas tem contribuído para que mais e mais pessoas fiquem inadimplentes. Dados da Serasa Experian divulgados no final de fevereiro mostram que 70 milhões de brasileiros estão em atraso com suas dívidas, um recorde histórico. Em tempos de vacas gordas, o conselho dos especialistas para o consumidor sair dessa situação envolveria a busca de uma segunda fonte de renda, redução de gastos e até a troca da dívida mais cara por outra com taxa de juros menor.

Sendo assim, alguém que está preso ao rotativo do cartão de crédito, cuja taxa de juros gira em torno de 15% ao mês, pode fazer um empréstimo com taxas menores para quitar a dívida. O compromisso continua em outra instituição, mas com parcelas mais leves, permitindo algum planejamento. A dificuldade, porém, é conseguir um financiamento mais barato, já que com a Selic nas alturas, a captação de recursos por parte dos bancos e financeiras também encarece e essa diferença é repassada para os clientes.

Quando o processo de endividamento começa, as concessões de crédito chegam a aumentar porque pessoas físicas e jurídicas recorrem aos bancos e às fintechs na tentativa de equacionar o problema. Porém, o cenário chegou a tal ponto que até a concessão de crédito tem apresentado recuo, em parte, porque as instituições estão se negando a emprestar.

Dados do Índice Neurotech de Demanda por Crédito (INDC), indicador que mede mensalmente o número de solicitações de financiamentos nos segmentos de varejo, bancos e serviços mostram que a busca por financiamento em fevereiro apresentou recuo de 21% na comparação com o mesmo mês de 2022. A maior retração foi do segmento de serviços (-34%), seguido por bancos e financeiras (-21%) e varejo (-9%). “A alta inadimplência fez com que as instituições se tornassem mais seletivas, trabalhando menos na aquisição de novos clientes. A retração da oferta tem como consequência o recuo da demanda, já que não há mais tantos canais facilitando a obtenção de crédito”, analisa Breno Costa, diretor da Neurotech.

Para muitos, a solução de obter recursos a um custo menor está no consignado. O Conselho Nacional da Previdência social (CNPS) chegou a recomendar que as instituições reduzissem o teto do empréstimo consignado de 2,14% ao mês para 1,70% ao mês e do cartão consignado e de benefícios dos atuais 3,06% a.m. para 2,62% a.m. A princípio uma boa notícia, mas que recebeu protestos. Segundo a ABBC (Associação Brasileira de Bancos), a iniciativa é inviável por conta da alta taxa de juros, que impacta no custo da captação por parte das instituições financeiras.

Planos de previdência

Para aqueles que aplicam dinheiro em alguma instituição fechada de previdência privada, a situação é melhor porque elas podem emprestar com juros menores do que os praticados pelo mercado. Para se ter uma ideia, hoje existem cerca de 300 fundações com ativos que superam R$ 1,3 trilhão. Deste valor apenas 2% são utilizados para concessão de crédito. Desta forma, há um volume potencial de R$ 146 bilhões para que os participantes obtenham de crédito.

“Há margem para atender muita gente que, por falta de conhecimento não busca resolver seus problemas com dívidas por meio deste canal”, afirma Alexandre Teixeira, CEO da uFund, pensiontech especializada na transformação digital e modernização do ecossistema das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPCs),

O papel das entidades de previdência é administrar os recursos para que seus associados possam ter uma boa aposentaria daqui a alguns anos. Mas oferecer crédito exige uma abordagem diferenciada, que vai da divulgação do benefício, passando por canais de atendimento, análise de risco e controle de pagamento, que exige uma estrutura a mais.

Para facilitar todo esse processo, a uFund criou um ecossistema de canais digitais transacionais e de autoatendimento para facilitar o acesso dos participantes aos seus investimentos e tomada de crédito em poucos cliques. “A diversidade de canais permite que o cliente acesse aquele que tem maior afinidade, seja whatsapp bot, app mobile ou portal web. Na medida em que a solução for sendo adotada pelos fundos de pensão, deverá aproximar os contribuintes, fazendo com que a concessão de crédito pelo canal previdência fechada se torne mais comum.

“As entidades de previdência podem emprestar dinheiro para financiar automóveis, imóveis, bens de consumo, viagens tudo com taxas bem menores do que as cobradas pelo mercado porque o risco é baixo. Os recursos que o cliente tem depositados na instituição por si só servem de garantia, o que reduz consideravelmente os riscos. Além disso, mesmo sendo baixo, o juro cobrado representa um ganho a mais para o fundo de pensão. É bom para ambos os lados.

Segundo a Abrapp (Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar), as entidades contam com 3,8 milhões de participantes. A uFund estima que o ecossistema abranja um universo de cerca de 20 milhões de pessoas, incluindo parentes, potenciais novos participantes e outros agentes, “É uma quantidade relevante de pessoas atreladas aos fundos. Possivelmente vários deles poderão se beneficiar com empréstimos mais acessíveis e baratos caso tomem conhecimento e contem com canais de atendimento simples e transparentes como é o caso do nosso aplicativo”, comenta Teixeira.

 

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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