Aumentam as incertezas nos cenários macroeconômico do Brasil e do mundo

A exemplo dos Estados Unidos, a inflação do Brasil também veio um pouco acima do esperado, alerta Daycoval Asset
A Daycoval Asset divulgou nesta semana sua análise de cenário macroeconômico, na qual destaca que os dados dos últimos meses contribuíram para reforçar as incertezas em relação aos próximos acontecimentos na economia do Brasil e do mundo, em especial dos Estados Unidos. Com a economia norte-americana em forte expansão, com geração de empregos acima do esperado, e com a inflação também acima das expectativas, a avaliação é de aumento das incertezas sobre quando de fato o Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, dará início ao ciclo de cortes de juros.
“O que sabemos hoje é que esse conjunto de indicadores elevou a incerteza em relação ao início dos cortes de juros nos Estados Unidos que pode ocorrer depois do imaginado. Entretanto, há uma sinalização do Fed de que os cortes começarão em breve e, como esperamos sinais mais claros de desaceleração econômica ao longo do segundo trimestre, ainda acreditamos, com menor convicção, que haverá corte na reunião de junho.”, explica Rafael Cardoso, economista-chefe da Daycoval Asset.
Para o economista, essa expectativa leva em conta a perspectiva de arrefecimento da atividade econômica americana com o somatório do efeito acumulado da política monetária, o término do excesso de poupança das famílias feito durante a pandemia e a reversão do impulso fiscal. Diante disso, a Daycoval Asset pontua que o Fed deve reduzir a taxa de juros dos Estados Unidos para algo em torno 4,5% ao final de 2024.
Alta dos serviços bancários
A exemplo dos Estados Unidos, a inflação do Brasil também veio um pouco acima do esperado nos primeiros meses de 2024, em especial no setor de serviços. De acordo com a equipe da Daycoval Asset, os dados mais recentes mostram a reversão da desinflação em serviços subjacentes. Para os analistas, embora uma parte da elevação dos preços subjacentes seja por conta de itens intensivos em trabalho, há uma outra parte relevante que decorre da alta em itens específicos como serviços bancários.
“Os serviços bancários têm subido fortemente acima do que costuma ocorrer e não deve se repetir. Contudo, em relação aos itens intensivos em trabalho será preciso acompanhar os desenvolvimentos no mercado de trabalho para verificar se a desinflação em serviços ganha novo ímpeto e se haverá moderação nestes itens específicos”, disse Cardoso.
Segundo Cardoso, a não repetição da alta inflação de serviços bancários do início do ano e uma moderação marginal dos itens relacionados a trabalho devem levar a inflação de serviços este ano a ficar substancialmente abaixo do patamar do ano passado. Desta forma, a Daycoval Asset acredita que o Banco Central tem condições de continuar com a flexibilização da política monetária no ritmo atual com cortes de 0,50 p.p. por reunião, levando a Selic a fechar em 2024 em 9% a.a. .
“Nós ainda achamos que é cedo para acreditar que a taxa Selic não se aproxima de 9% a.a ao final deste ano. Mas é fato que a incerteza aumentou. Além disso, acreditamos que eventualmente uma política monetária mais apertada do que o esperado por nós para 2024 reforça nossa percepção de que a taxa de juros pode ir próximo a 8% em 2025”, explicou o economista-chefe da Daycoval Asset.
Para a Daycoval Asset, os fatores que podem impactar na economia são passageiros e a casa acredita que são de curto prazo. As projeções de IPCA são de 0,23% (março), 0,30% (abril) e 0,14% (maio). A Asset estima que a inflação oficial deverá fechar o ano em 3,76%, reduzindo-se para 3,23% em 2025.