Bitcoin oscila 19,3% em março

Bitcoin oscila 19,3% em março

Atenções do mercado estão voltadas agora para as tarifas de Trump

Em março de 2025, o Bitcoin oscilou 19,3% entre a mínima e a máxima do mês, levando as outras criptomoedas a um desempenho médio frente às expectativas do mercado.

Durante o mês passado, a dominância do Bitcoin ultrapassou 60%, sugerindo que investidores estão preferindo a segurança relativa do BTC em comparação com outros criptoativos.

Alguns fatores foram decisivos para definir a direção dos preços no mercado cripto. Confira a análise de Ana de Mattos, Analista Técnica e Trader Parceira da Ripio, uma das maiores plataformas de criptoativos da América Latina:

Primeiro, o presidente Donald Trump assinou uma ordem executiva para criar uma “Reserva Estratégica de Bitcoin”. No entanto, a euforia em torno da notícia acabou rápido após o mercado compreender detalhes sobre a iniciativa, que focou mais em reunir Bitcoins confiscados em processos legais para serem mantidos como ativos de reserva nacional, sem esclarecer sobre novos aportes do governo dos EUA. O mercado reagiu com volatilidade: o Bitcoin atingiu US$ 90 mil e, em seguida, recuou para US$ 85 mil.

Embora as expectativas em relação à ordem executiva tenham sido reduzidas, é importante reconhecer que ela representa um novo marco de legitimação institucional para o Bitcoin.

Outro momento marcante durante o mês foi o desfecho dos processos da SEC contra empresas cripto. A SEC (reguladora do mercado financeiro nos EUA) encerrou uma disputa contra a corretora Coinbase, e o episódio ficou marcado como uma grande mudança da postura regulatória nos EUA em relação às criptomoedas.

Além disso, a SEC e a Ripple Labs chegaram a um acordo, encerrando um longo processo judicial relacionado às vendas do token XRP. Essa resolução removeu uma nuvem que pairava sobre a XRP desde 2020.

Nos EUA, os indicadores de inflação mostraram alívio e deram espaço para estabilizar os juros no país. No dia 19, o FED manteve a taxa básica de juros em 4,25%-4,50% e sinalizou que ainda projeta dois cortes em 2025 – o que aliviou os temores de um aperto monetário prolongado. Durante a coletiva, Jerome Powell minimizou os riscos de recessão. Para o mercado cripto (e a renda variável como um todo), a notícia foi positiva

Já no fim do mês (28), o núcleo do PCE (Índice de Preços de Consumo) subiu 0,4%, acima das expectativas do mercado. No acumulado anual, foi a 2,8%. Este resultado reforça a percepção de que a inflação continua resistente no país. O índice PCE é um indicador-chave, que orienta as decisões futuras do FED sobre a taxa básica de juros, o que, por consequência, afeta diretamente o comportamento do mercado financeiro – especialmente o de renda variável.

Agora, a atenção do mercado se volta para o anúncio das tarifas do presidente Trump, previsto para esta quarta-feira (02), evento que poderá trazer mais volatilidade aos mercados.

Ao mesmo tempo, desafios geopolíticos estavam em curso. O governo Trump travou uma guerra comercial ao implementar tarifas sobre importações do México, Canadá e China. Em um cenário de políticas tarifárias mais restritivas, as incertezas sobre a inflação aumentam, enquanto a maioria dos investidores anseiam por estabilidade.

O mercado financeiro precifica as notícias antes do fato, e não à toa, o preço das criptomoedas recuou, travando momentaneamente o ciclo de alta. O Bitcoin chegou a ser negociado por US$ 76.606, marcando a mínima do mês de março.

No mercado tradicional, os ativos de proteção receberam demanda: o ouro, por exemplo, atingiu sua cotação recorde acima de US$ 3.057 por onça troy, um sinal de busca por hedge contra riscos.

No front do mercado cripto, houve sinais de acumulação de Bitcoin por holders de longo prazo e baleias. Endereços antigos reduziram vendas e voltaram a aumentar suas posições. Dados on-chain revelaram que em apenas um dia, 27.740 Bitcoins saíram das exchanges – o maior volume diário de retiradas em 7 meses, sugerindo uma convicção na continuidade da alta.

Mesmo que os preços das criptomoedas pareçam estar em consolidação “no fundo” do gráfico mensal, as boas notícias estão trabalhando em background para preparar os próximos movimentos de alta.

Embora o Bitcoin tenha dominado o mercado, outros criptoativos tiveram destaque. Entre as altcoins, a XRP (Ripple) disparou 11% em um único dia após a conclusão do caso com a SEC. Nos últimos 4 meses, a criptomoeda vem acumulando uma valorização de mais de 360% e voltou a ser a 4ª maior criptomoeda em valor de mercado (atrás apenas de Bitcoin, Ether e USDT).
No âmbito da adoção institucional, os ETFs de Bitcoin nos EUA completaram pouco mais de um ano em operação e tiveram uma virada positiva a partir da segunda semana de março. Esses instrumentos negociados em bolsa voltaram a captar recursos, com mais inflows (entradas positivadas) do que o observado nos outros meses de 2025.
Apesar de um período desafiador, as condições fundamentais permanecem favoráveis a longo prazo. O saldo de março foi positivo: inflação sob controle, juros estáveis ou em queda, um ambiente político inclinado à inovação cripto e investidores de longo prazo mantendo suas convicções sobre o Bitcoin.
A melhor estratégia neste momento é considerar o longo prazo, levando em conta os eventos macro que continuam exercendo grande influência sobre o mercado. Ao identificar movimentos corretivos, aplicar a estratégia de aportes fracionados para construir um preço médio atrativo e obter ganhos futuros.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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