Crédito com garantia de imóvel impulsiona recuperação de empresas em crise

Crédito com garantia de imóvel impulsiona recuperação de empresas em crise

Modalidade que cresce no Brasil e no exterior chama atenção de diversos empresários

Nos últimos anos, o crédito com garantia de imóvel (CGI) vem ganhando relevância como alternativa de financiamento para empresas em fase de recuperação financeira. De acordo com dados consolidados do mercado, em 2024 essa modalidade registrou um aumento de 53,5%, totalizando cerca de R$ 10,9 bilhões em novas contratações. De olho nessa tendência, o economista Noé Santiago analisa a busca crescente por linhas de crédito mais acessíveis e comenta as perspectivas para o setor em 2025.

“Esse salto expressivo no volume de crédito mostra que as empresas estão procurando soluções de longo prazo para amenizar crises de liquidez. O uso do imóvel como garantia oferece taxas de juros menores e prazos mais estendidos, o que facilita a reestruturação financeira”, explica Santiago.

Regulamentação favorável

Uma das novidades que contribuíram para o aumento da procura pelo CGI foi a regulamentação aprovada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) em dezembro de 2024. A medida permite que uma mesma propriedade seja utilizada como garantia em diferentes operações de crédito imobiliário, ampliando o acesso a linhas específicas para reestruturação de dívida e investimentos em capital de giro.

“A regulamentação veio em boa hora, pois permite alavancar ativos imobiliários de forma mais eficiente. Para as empresas, isso significa conseguir negociar prazos e taxas com diferentes instituições, sem precisar recorrer a um único credor”, destaca o economista.

Caso de sucesso é a recuperação surpreendente da espanhola Nozar. Exemplificando como essa modalidade pode viabilizar a superação de crises, a construtora espanhola Nozar é um caso emblemático. Fundada em 1981, a empresa enfrentou um colapso durante a crise imobiliária europeia, declarando insolvência em 2009 com dívidas de 1,3 bilhão de euros. Entretanto, por meio de um programa de reestruturação que incluiu acordos com credores e a utilização de ativos imobiliários como garantia, a Nozar não apenas sobreviveu, como registrou lucro recorde de 43,4 milhões de euros em 2023.

“Empresas como a Nozar demonstram o potencial do crédito com garantia imobiliária para viabilizar grandes reviravoltas. A partir do momento em que há um planejamento estratégico para usar os imóveis de forma segura, é possível renegociar dívidas e retomar projetos que estavam parados”, comenta Noé Santiago.

Perspectivas para 2025

Apesar do desempenho positivo em 2024, especialistas projetam uma possível desaceleração para 2025. Entre os principais fatores estão o aumento das taxas de juros e eventuais mudanças nas regras de financiamento. Na avaliação de Santiago, as empresas devem ficar atentas ao cenário econômico e analisar cuidadosamente as condições antes de optar pela modalidade.

“O crédito com garantia de imóvel tende a continuar sendo uma alternativa atrativa, mas é fundamental uma análise criteriosa do custo total do financiamento. Com juros possivelmente em alta, qualquer decisão precipitada pode resultar em novos desequilíbrios financeiros”, alerta o economista.

Planejamento é essencial

Noé Santiago reforça que o sucesso desse tipo de operação depende não apenas da existência de ativos imobiliários, mas principalmente de um planejamento financeiro sólido. Ele recomenda que, antes de contratar o crédito, as empresas avaliem fatores como projeções de receita, sustentabilidade das parcelas e possíveis variações do mercado imobiliário.

“O CGI é uma ferramenta importante, mas não faz milagre sozinho. É preciso entender a capacidade de pagamento, ter um plano de reestruturação bem delineado e manter o equilíbrio das contas ao longo do processo”, conclui.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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