Reforma Tributária e Simples Nacional: o que muda para as microempresas

Reforma Tributária e Simples Nacional: o que muda para as microempresas

Nova legislação altera rotinas fiscais e pode mudar decisões estratégicas no regime do Simples Nacional

A criação de um modelo híbrido dentro do Simples Nacional, previsto na Reforma Tributária aprovada pela Lei Complementar 214/25, poderá exigir que micro e pequenas empresas reavaliem seu planejamento tributário com apoio técnico dos contadores.

 O novo modelo inclui a possibilidade de recolhimento “por fora” de tributos como CBS e IBS, criando obrigações distintas e novas exigências operacionais.

 A Reforma Tributária aprovada em 2023 e regulamentada pela Lei Complementar nº 214/25 propõe uma reestruturação ampla do sistema de arrecadação de tributos no Brasil. Embora o Simples Nacional permaneça vigente, micro e pequenas empresas devem estar atentas às mudanças estruturais e operacionais do regime, principalmente aquelas ligadas à introdução do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), que substituem ICMS, ISS, IPI, PIS e Cofins.

Segundo Fernando José, head de operações da Agilize Contabilidade, o principal ponto de atenção está na escolha entre manter o recolhimento “por dentro” — no modelo atual do Documento de Arrecadação do Simples Nacional (DAS) — ou optar pelo regime “por fora”, no qual os tributos são pagos separadamente e permitem o aproveitamento de créditos tributários.

“Essa decisão não pode ser tomada sem análise. A empresa que presta serviço para outras pessoas jurídicas pode se beneficiar do recolhimento por fora, gerando crédito tributário para seus clientes. Já para quem atende majoritariamente pessoas físicas, o modelo atual tende a ser mais vantajoso”, explica o especialista.

Além da nova sistemática, os contadores terão papel estratégico na adequação de sistemas e no planejamento fiscal das empresas. Isso inclui a revisão das rotinas de emissão de notas fiscais, especialmente para garantir conformidade com as exigências de documentação fiscal que habilitam a transferência de créditos entre empresas.

Outro desafio apontado por Fernando José é o impacto no fluxo de caixa. Com a possibilidade de cobrança de impostos seletivos — como nos setores de bebidas, tabaco e combustíveis —, as microempresas podem precisar ajustar sua precificação e revisar contratos com fornecedores afetados por essa tributação adicional.

“A reforma não aumenta a alíquota do Simples Nacional, mas impõe novas obrigações que podem dificultar o controle financeiro. Por isso, os empresários precisam cobrar de seus contadores um diagnóstico completo sobre os efeitos da mudança no seu modelo de negócio”, afirma.

Com a transição entre os modelos prevista até 2032, as empresas devem se preparar com antecedência. Segundo dados da Receita Federal, o Simples Nacional reúne atualmente mais de 20 milhões de CNPJs ativos. Esse contingente é responsável por aproximadamente 70% dos empregos formais no país.

Diante desse cenário, Fernando José defende que a reforma, apesar de trazer oportunidades de simplificação, também exige um alto grau de adaptação.

“As mudanças podem ser positivas, mas só serão efetivas se os empresários compreenderem seu impacto e se prepararem para adotar novos controles, com apoio técnico especializado”, conclui.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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