Apesar da iniciativa do consumidor, propostas inflexíveis e burocracia ainda travam renegociação de dívidas

Apesar da iniciativa do consumidor, propostas inflexíveis e burocracia ainda travam renegociação de dívidas

60% dos inadimplentes tentam regularizar pendências, mas enfrentam entraves como falhas de comunicação e processos confusos

Um estudo da Evollo, principal plataforma de speech analytics do mercado, revela que 60% dos consumidores inadimplentes tentam renegociar suas dívidas por iniciativa própria. Ainda assim, muitos não conseguem avançar com os acordos devido a barreiras como propostas inflexíveis, burocracia excessiva e falhas na comunicação. O levantamento é baseado na análise de milhares de interações reais entre empresas e consumidores em situação de inadimplência.

Mesmo quando há intenção clara de pagamento, os consumidores esbarram em processos desumanizados e mal estruturados. Segundo a Evollo, a ausência de escuta ativa e o desalinhamento entre as ofertas e a realidade financeira do cliente são os principais motivos para o fracasso das negociações. “Os consumidores querem resolver, mas encontram portas fechadas. A cobrança ainda é pensada como punição, quando deveria ser uma oportunidade de reconexão com o cliente”, afirma Danilo Curti, cofundador e COO da Evollo.

O cenário é alarmante. De acordo com dados do Mapa da Inadimplência da Serasa, o Brasil atingiu em maio de 2025 a marca de 76,6 milhões de pessoas inadimplentes — mais de 46% da população adulta. A maior parte das dívidas está relacionada a contas básicas, como cartão de crédito, contas de consumo e empréstimos pessoais. A dificuldade de negociação agrava ainda mais o problema, impedindo o reingresso dessas pessoas no mercado de crédito.

A análise da Evollo identificou que a taxa de sucesso nas renegociações pode chegar a 78% quando são oferecidas condições mais adequadas ao perfil do consumidor. Parcelamentos acessíveis foram mencionados em 69% das interações como fator decisivo, seguidos por descontos diretos (36%) e promessa de regularização do nome em curto prazo (18%). “O problema não está na falta de vontade de pagar. Está na forma como o processo é conduzido”, destaca Curti.

Do outro lado, os obstáculos também são claros. A falta de dinheiro é mencionada por 70% dos consumidores, enquanto a burocracia aparece em 42% das conversas. A frustração aumenta principalmente em períodos críticos, como o início do mês e os meses de despesas sazonais, como março e abril. Nessas ocasiões, há um desalinhamento entre a capacidade de pagamento e a rigidez das condições propostas.

Além dos aspectos financeiros, há ainda um componente emocional relevante: muitos consumidores relatam frustração, medo de julgamento e sensação de impotência diante do processo. Segundo um levantamento anterior da Evollo, 98% dos inadimplentes demonstram ansiedade ao falar sobre suas dívidas, o que reforça a importância de abordagens empáticas e humanizadas.

Para Curti, a recuperação de crédito precisa passar por uma reinvenção. “O mercado ainda trata inadimplência como um problema isolado do consumidor, quando, na verdade, é um desafio de relacionamento. Escutar o cliente com atenção, entender seu contexto e oferecer condições reais de quitação é o que pode mudar esse cenário”, explica o executivo.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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