Empresas familiares em risco: nova geração está preparada para assumir os negócios?

Empresas familiares em risco: nova geração está preparada para assumir os negócios?

Falta de governança e planejamento sucessório podem levar milhares de empresas desaparecerem

O Brasil está passando por uma transição empresarial sem precedentes. Com o avanço da idade de milhares de fundadores que consolidaram seus negócios no período pós-Plano Real, uma onda de sucessões se aproxima, ameaçando a continuidade de boa parte das empresas familiares, que formam a espinha dorsal da economia nacional.

Segundo o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) e estudos acadêmicos, cerca de 90% das empresas brasileiras são familiares, representando 65% do Produto Interno Bruto (PIB) e 75% dos empregos privados no país. No entanto, a maior parte dessas organizações não está preparada para a sucessão. Estudos apontam ainda que apenas 30% das empresas familiares sobrevivem à segunda geração, em torno de 5% chegam à terceira e menos de 3% à quarta.

“Muitas empresas ainda operam com estruturas informais, concentradas na figura do fundador. Quando chega o momento da transição, a ausência de planejamento, protocolos e governança transforma a sucessão em um ponto de ruptura, não de continuidade”, alerta Marcus Coelho, advogado especialista em direito societário e conselheiro de empresas.

Casos de desintegração patrimonial, como no setor de tecnologia, varejo e indústria de alimentos, têm se multiplicado em todo o país, com conflitos entre herdeiros, judicialização de disputas, perda de contratos estratégicos e fechamento de unidades produtivas. A Pesquisa da PwC (2023) mostra que somente 65% das empresas familiares no Brasil têm alguma estrutura de governança, e apenas 7% contam com mecanismos formais para resolver conflitos entre familiares. O dado reforça a fragilidade estrutural que muitas enfrentam quando a sucessão se torna inevitável.

“Muitos fundadores deixam para discutir a sucessão apenas quando pensam em se aposentar ou por motivo de doença. Isso é tarde demais. Uma sucessão bem-sucedida começa cedo, com planejamento e alinhamento familiar”, afirma Coelho.

Ainda de acordo com o especialista, o caminho para a perenidade envolve três pilares: estrutura societária bem definida, governança corporativa e protocolo familiar.  “O preparo da nova geração precisa ir além da herança: exige formação técnica, vivência prática, mentorias e abertura gradual de responsabilidades”, alerta.

Dicas fundamentais, segundo o especialista, para uma sucessão empresarial eficiente

1.Elabore um protocolo familiar: registre por escrito regras de atuação dos familiares, critérios de sucessão, distribuição de lucros e mecanismos para resolver conflitos internos.

2.Fortaleça a estrutura societária: atualize o contrato social, crie acordos de sócios e defina cláusulas que protejam o patrimônio e a continuidade do negócio.

3.Implemente governança corporativa: crie conselhos consultivos ou de administração com membros independentes e estabeleça rotinas formais de prestação de contas.

4.Forme a nova geração com antecedência: invista em capacitação, experiências externas e envolvimento progressivo no negócio, sempre com acompanhamento profissional.

5.Inicie a transição antes da urgência: uma sucessão eficaz é planejada com anos de antecedência. Isso permite ajustes e evita decisões apressadas em momentos críticos.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *