AGU, Fazenda e Planejamento lançam diagnóstico sobre riscos fiscais judiciais

AGU, Fazenda e Planejamento lançam diagnóstico sobre riscos fiscais judiciais

Propostas para reduzir judicialização na administração pública federal foram debatidas em seminário

O Conselho de Acompanhamento e Monitoramento de Riscos Fiscais Judiciais, composto pela Advocacia-Geral da União (AGU), Ministério da Fazenda e Ministério do Planejamento e Orçamento, finalizou um diagnóstico que viabilizará a formulação de propostas para racionalizar a litigiosidade no Brasil, especialmente contra a União. O objetivo é melhorar o atendimento à população e a situação das contas públicas, com a reversão da tendência de crescimento dos valores desembolsados pela União por meio de precatórios e Requisições de Pequeno Valor (RPVs).

Fruto de quase dois anos de trabalho do conselho, o diagnóstico aponta a necessidade de alterações legislativas para reduzir de forma estrutural a judicialização excessiva contra a União, transformando o modelo atual de solução de controvérsias, focado no conflito, em um modelo centrado na consensualidade entre a sociedade civil e os órgãos públicos federais. O diagnóstico e indicações de possíveis caminhos foram apresentados, nesta quarta-feira (17/09), no 1º Seminário de Riscos Fiscais, realizado na sede da AGU em Brasília (DF) e contou com a participação de setores do governo, do Poder Judiciário e da sociedade civil.

Propostas

Elaborado a partir de estudos e dados produzidos pelo conselho e por contribuições de setores da sociedade civil, como a academia e entidades empresariais, o estudo sistematiza as propostas em três eixos: preferência à via administrativa para a resolução dos conflitos, racionalização do acesso à Justiça e enfrentamento à litigância abusiva.

O foco do conselho agora é formular as propostas de solução para os problemas apontados e discuti-las no âmbito do governo para, em momento posterior, iniciar o diálogo com o Congresso Nacional para eventual aprovação das inovações legislativas necessárias aos objetivos de redução da litigiosidade.

O advogado-geral da União, Jorge Messias, destacou a importância da gestão dos riscos fiscais judiciais para a saúde das contas públicas e à entrega de políticas públicas à população.

“Os riscos fiscais deixaram de ser meramente um debate restrito aos especialistas. Acredito que se passa a uma urgência nacional e também a uma agenda ligada à estabilidade econômica e, por que não dizer, à justiça social. Não se trata apenas de proteger números e estatísticas, mas de garantir que o Estado permaneça forte e capaz de cumprir sua missão constitucional perante o povo brasileiro”, disse Messias.

“Tratar os riscos fiscais e judiciais com seriedade é fundamental para garantir não apenas o equilíbrio das contas públicas, mas a continuidade e a eficácia das políticas públicas que servem à população. Quando falamos em riscos fiscais judiciais, falamos da capacidade do Estado de cumprir direitos fundamentais, dar previsibilidade para empresas que geram emprego, dar a confiança que sociedade deposita nas nossas instituições”, afirmou o advogado-geral.

Como conter os riscos fiscais

A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, ressaltou a importância das medidas estudadas pelo Conselho como forma de conter a expansão dos riscos fiscais. “Nós tivemos várias reformas importantes no Brasil, a reforma tributária está aí, vem agora a reforma da renda, mas esta reforma aqui é uma reforma decisiva para que a gente tenha previsibilidade, segurança jurídica e não sejamos surpreendidos no meio do ano orçamentário”, afirmou Tebet.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também destacou a importância do trabalho do Conselho de Riscos Fiscais Judiciais na elaboração de estratégias para reduzir o impacto orçamentário dos precatórios.

“Nós temos que fazer esse número de precatórios baixar. Isso é insustentável. Nós temos que efetivamente trabalhar junto ao Congresso, junto ao Judiciário, para pôr um fim nessa indústria. Se tem um erro da lei, corrige-se a lei. Se tem um erro de interpretação, nós temos que lutar por uma jurisprudência mais equilibrada. Nós temos que atuar diligentemente para mudar esse jogo”, afirmou Haddad.

Cenário

O panorama dos riscos fiscais judiciais revela a tendência de crescimento expressivo do volume de demandas judiciais contra o poder público nos últimos cinco anos, e as consequências da alta judicialização para o Estado, para o setor privado e para a promoção das políticas públicas garantidoras de direitos à população.

O comprometimento das despesas primárias com pagamento de precatórios e RPVs passou de 2,6%, entre 2015 e 2019, para 3,9% entre 2020 e 2024. Entre 2020 e 2024 as despesas com precatórios somaram valores equivalentes a 50% das despesas discricionárias do Poder Executivo. Até 2014, as despesas com precatórios atingiam valores próximos aos de investimento. Após esse período, o pagamento de precatórios apresenta aumentos progressivos, enquanto o investimento permanece estável.

Crédito da foto: Daniel Estevão/Ascom AGU
Em comparação a países da Europa, o Brasil é o segundo país com mais processos por habitante. Na mesma base de comparação, o Brasil tem quatro vezes mais processos cíveis e sete vezes mais processos contra o poder público por habitante. O ano de 2024 foi o de maior judicialização da história, assim como o primeiro semestre de 2025. Neste último período, foram pouco mais de 9 mil processos por dia útil com atuação da AGU.
Guia de Riscos Fiscais Judiciais
No seminário também foi lançado o Guia de Riscos Fiscais Judiciais. A publicação tem o objetivo de proporcionar uma visão conceitual e geral sobre o tema e provocar reflexões que contribuam para o aprimoramento da gestão dos riscos fiscais judiciais.
O público-alvo são agentes públicos cujas atribuições se relacionam com o processo de trabalho que envolve identificação, mensuração, registro, gestão, monitoramento e evidenciação dos riscos fiscais judiciais, bem como os agentes de controle interno e externo e a sociedade em geral.
O Conselho
O Conselho de Acompanhamento e Monitoramento de Riscos Fiscais Judiciais, instituído por decreto presidencial em janeiro de 2023, tem como atribuição aprimorar a governança do Poder Executivo na análise de ações judiciais contra a União com potencial impacto negativo aos cofres públicos.
Caberá ao conselho a proposição de estratégias; a identificação de novos procedimentos para reconhecer e mensurar os passivos; propor medidas de articulação entre os órgãos integrantes; desenvolver estudos e sugerir medidas de prevenção de conflitos, dente outros. A ideia é que o colegiado permita à União ampliar a previsibilidade das possíveis perdas de grande i

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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