Só 16% dos pequenos mercados compram direto da indústria

Estudo da TroianoBranding e Gouvêa Experience revela a realidade de mercearias e mercadinhos com até 4 checkouts
Uma pesquisa da TroianoBranding, lançada nesta quinta-feira (18) no Latam Retail Show, mostra que a vida do pequeno comerciante de alimentos é marcada por semanas que não acabam e por um déficit de apoio para cuidar e expandir o negócio. Entre os principais entraves estão o pouco acesso às indústrias fornecedoras, a dificuldade de automatizar rotinas e a falta de preparo formal para planejar crescimento e treinar equipes. Do outro lado da balança, seguem como motores a autonomia, a criação dos filhos, a compra de bens e a concretização de sonhos e viagens.
“É uma jornada solitária. Eles aprendem, criam seus próprios métodos, muitas vezes sozinhos. Há um pedido latente de apoio, de tecnologia, de algum prestador que desenvolva soluções para eles”, afirma Cecília Troiano, CEO da TroianoBranding.
Feito em parceria com a Gouvêa Experience, o levantamento foi a campo no segundo semestre de 2025 e ouviu 120 donos de mercearias e mercadinhos de até quatro check-outs (caixas). Com 12 desses pequenos empresários, a consultoria aplicou o método ZMET, que investiga pensamentos, sentimentos e percepções mais profundos por meio de metáforas visuais e narrativas.
O que aperta hoje no caixa dos pequenos comerciantes:
- Falta de acesso direto aos fornecedores: apenas 16% dizem comprar direto das indústrias; a maior parte depende de distribuidores de produtos (47%).
- Treinamento da equipe concentrado no dono: 82% dos entrevistados disseram serem eles os responsáveis pelo treinamento do time.
- Operação baseada na família e times reduzidos: 66% dos pequenos comércios de alimentos têm uma equipe de, no máximo, quatro pessoas.
- Baixa automatização: 61% dos mercadinhos não têm processos automatizados; ainda dependem de lançamentos manuais ou em Excel, por exemplo.
- Outras dores do dia a dia: dificuldades para cuidar da parte financeira do negócio (77%), concorrência (60%), negociação com parceiros e fornecedores (57%), controle de processos (35%) e segurança (27%).
‘Corda bamba’
Desenvolvido pela empresa de consultoria Olson Zaltman, o método ZMET consiste em pedir aos entrevistados que escolham imagens que representem suas experiências e emoções em relação ao negócio, permitindo que os pesquisadores identifiquem motivações, valores e desafios que muitas vezes não aparecem em pesquisas tradicionais. A técnica revelou empreendedores que se veem em cenas de corrida, lutas de ringue ou se afogando — símbolos da intensidade e dos desafios diários.
Outra metáfora significativa é a corda bamba, que representa o esforço de se equilibrar rumo a um futuro mais estável. “Eles acreditam nos frutos. Mesmo nessa travessia difícil, há vitória, há alento ao fim do caminho”, diz Cecília Troiano. “Ao mesmo tempo, surgiram metáforas de se sentirem presos, sufocados e até ‘jogando a toalha’. É uma vida muito intensa.”