Com juros altos, CBIC reduz projeção de avanço da construção para 1,3% em 2025

Com juros altos, CBIC reduz projeção de avanço da construção para 1,3% em 2025

Taxa de juros foi apontada como o principal obstáculo por empresários do setor pelo quarto trimestre seguido

A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) revisou de 2,3% para 1,3% a projeção de crescimento do setor em 2025. A retificação reflete os efeitos do ciclo prolongado de juros altos, que tem limitado o ritmo das atividades da construção.

O PIB do setor recuou 0,6% no primeiro trimestre e 0,2% no segundo, na comparação com os períodos imediatamente anteriores. A produção de insumos típicos da construção ficou praticamente estável entre janeiro e agosto, enquanto o varejo de materiais registrou leve alta de 0,7%.

Na avaliação semestral, o PIB da construção cresceu 1,8% nos primeiros seis meses deste ano, na comparação com igual período do ano anterior, e o setor opera 23% acima do nível registrado antes da pandemia, no final de 2019. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (27).

“A queda se deu pelo menor desembolso da caderneta de poupança. Você mantém o FGTS em linha, a Faixa 1 (do Minha Casa Minha Vida) está em linha, o que caiu foram os investimentos da poupança. O outro fator é varejo, que sofre mais diretamente com a questão dos juros”, afirmou o presidente da CBIC, Renato Correia, sobre a revisão.

Setor continua gerando novos empregos, mas em menor ritmo

De janeiro a agosto, o setor gerou 194,5 mil novos empregos formais, queda de 9,3% em relação ao mesmo período de 2024. A construção de edifícios liderou as contratações (74,9 mil novas vagas). Os dados são do Novo Caged, divulgado pelo Ministério do Trabalho.

O número de trabalhadores com carteira assinada chegou a 3,05 milhões em agosto, próximo ao recorde histórico verificado em outubro de 2013. Jovens de 18 a 29 anos representam metade das novas contratações. O salário médio de admissão da construção é R$ 2.462,70, valor 7,3% superior à média nacional.

“A conjuntura é desafiadora, mas o setor vai crescer pelo terceiro ano consecutivo, gerando empregos formais em todas as regiões do país. A construção tem mostrado resiliência e capacidade de adaptação”, disse Ieda Vasconcelos, economista-chefe da CBIC.

O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) acumulou alta de 6,78% em 12 meses até setembro, acima do IPCA (5,17%). Os custos com mão de obra subiram 9,88% no período, e a escassez de mão de obra qualificada também preocupa.

“O mercado de trabalho brasileiro está muito aquecido. Dados da PNAD Contínua mostram que a taxa de desocupação no trimestre encerrado em agosto ficou em 5,6%, o menor patamar desde 2012”, destacou a economista-chefe da CBIC.

A taxa de juros foi apontada como o principal obstáculo por empresários do setor pelo quarto trimestre seguido. Desde setembro de 2024, a Selic subiu de 10,5% para 15% ao ano. O Índice de Confiança da Indústria da Construção, calculado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pela CBIC, ficou em 48 pontos, o menor nível desde 2020.

Perspectivas para 2026

A CBIC projeta continuidade de crescimento em 2026. As mudanças nas regras do financiamento imobiliário com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) podem ajudar a incrementar a atividade. A expectativa é que R$ 37 bilhões sejam injetados no crédito habitacional já no próximo ano.

As novidades devem trazer alívio para o setor. Entre janeiro e agosto, o SBPE financiou R$ 97,1 bilhões em crédito imobiliário, queda de 18% em relação ao mesmo período de 2024 (R$ 118,5 bilhões). Do total, R$ 83,8 bilhões foram destinados à aquisição de imóveis, volume 7% inferior ao registrado no ano anterior (R$ 90,1 bilhões).

Já o financiamento para construção recuou 53%, passando de R$ 28,4 bilhões para R$ 13,3 bilhões no mesmo intervalo. “Temos uma perspectiva positiva para 2026, porque tivemos no ano passado um recorde de lançamentos, que estão começando a virar obras neste ano e seguirão assim em 2026 e 2027. Nós somos um setor cíclico, temos obras que iniciam e que terminam, mas o nosso patamar de atividade continua elevado”, pontuou a economista-chefe da CBIC.

Por outro lado, o Programa Reforma Casa Brasil também deve contribuir para a retomada do comércio de materiais de construção, com R$ 40 bilhões previstos para crédito em reformas e ampliações residenciais.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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