Cultura de dados: por que pequenas e médias empresas precisam pensar e agir como grandes?

Cultura de dados: por que pequenas e médias empresas precisam pensar e agir como grandes?

Apenas 38% das pequenas e médias empresas latino-americanas utilizam dados de forma sistemática

No cenário atual, em que decisões são tomadas com base em informações cada vez mais precisas e em tempo real, a cultura de dados deixou de ser um diferencial restrito às grandes corporações e se tornou uma questão de sobrevivência também para pequenas e médias empresas (PMEs).

A transformação digital e o avanço da inteligência artificial democratizaram o acesso a ferramentas antes consideradas complexas e caras. Ainda assim, boa parte das empresas menores segue tomando decisões baseadas na intuição ou em experiências passadas, e isso, segundo especialistas, pode representar uma grande limitação estratégica.

“Empresas que tratam dados como um ativo conseguem enxergar oportunidades antes dos concorrentes, reduzir custos e prever comportamentos. A diferença não está no tamanho da empresa, mas na mentalidade de gestão”, explica Rodolfo Cassorillo, especialista em tecnologia e inovação.

De acordo com o estudo IDC FutureScape 2025, apenas 38% das pequenas e médias empresas latino-americanas utilizam dados de forma sistemática para orientar decisões estratégicas. No Brasil, o índice é ainda menor: apenas 1 em cada 3 PMEs declara ter processos estruturados de coleta e análise de dados.

Essa lacuna, segundo Cassorillo, não é apenas tecnológica, mas cultural. “A maioria das pequenas empresas ainda associa o uso de dados a algo complexo, caro ou distante da realidade delas. Mas a cultura de dados começa com o básico: registrar, medir, analisar e agir de forma consistente. Não é sobre ter o software mais caro, e sim sobre ter disciplina e método”, explica Cassorillo.

Ganhos com o uso de dados

Para se ter ideia da relevância do uso de dados, relatórios da McKinsey & Company apontam que organizações orientadas por dados têm 23 vezes mais chances de conquistar novos clientes, seis vezes mais chances de reter consumidores e 19 vezes mais chances de ser lucrativas. Para Cassorillo, esses números mostram que o uso estratégico da informação não é privilégio das grandes. “As PMEs precisam entender que os dados estão em tudo: nas vendas, no estoque, nas redes sociais, nas interações com clientes. A questão é como transformar esse volume de informação em insumo para decisões inteligentes”.

Com o avanço de plataformas em nuvem e de soluções de análise simplificadas, o custo de entrada para estruturar uma operação orientada por dados caiu drasticamente. Hoje, ferramentas como Power BI, Google Data Studio, Tableau e CRMs integrados permitem que negócios menores construam painéis de indicadores em tempo real sem grandes investimentos. E quando uma pequena empresa passa a medir o que vende, quem compra e por que compra, ela deixa de reagir e passa a antecipar tendências. Esse é o comportamento que diferencia quem sobrevive de quem cresce.

“Empresas que pensam como grandes não esperam ter um departamento de analytics para começar. Elas constroem o hábito de medir, testar e aprender. O tamanho da operação não limita o pensamento estratégico, o que limita é a falta de visão”, reforça o especialista.

À medida que a economia digital evolui, os dados se tornam o novo capital competitivo. Para as pequenas e médias empresas, adotar essa cultura é o caminho para garantir sustentabilidade e espaço em um mercado em rápida transformação.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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