Dinheiro ou amor? Como as contas dividem (e até separam) os casais brasileiros

Falta de diálogo financeiro é um dos principais motivos de brigas e separações no Brasil
Falar de amor é fácil. Difícil mesmo é falar de dinheiro. No entanto, quando o casal evita esse tema, o preço costuma ser alto. Pesquisas recentes revelam que 46% dos casais brasileiros brigam por motivos financeiros e que até 60% das separações têm origem em discussões sobre despesas e contas mal divididas. A falta de clareza sobre quem paga o quê, somada ao desequilíbrio de rendas e expectativas, transforma o que deveria ser parceria em um campo minado.
A relação entre amor e finanças é tão direta que, segundo levantamento da Serasa Experian, mais da metade dos brasileiros afirma que a situação financeira interfere na vida amorosa. Ou seja: quando o orçamento aperta, o afeto também sofre. O problema é que, para muitos casais, conversar sobre dinheiro ainda soa como tabu, algo incômodo, que pode gerar atrito. Mas é justamente o silêncio que cria as rachaduras.
De acordo com Fernando Lamounier, especialista em educação financeira e sócio-diretor da Multimarcas Consórcios, “existem casais que escolhem não tratar de assuntos financeiros na relação, mas é necessário que haja uma comunicação aberta e clara para que atritos não sejam recorrentes afetando o bom convívio no dia-a-dia”.
Diálogo franco
O primeiro passo para evitar o colapso é o diálogo franco. É fundamental colocar tudo na mesa, literalmente: quanto cada um ganha, quais são os gastos fixos, o que é prioridade e onde é possível economizar. Feito isso, vem a escolha do modelo de divisão.
Lamounier, indica três caminhos: dividir meio a meio (quando os rendimentos são parecidos), contribuir de forma proporcional à renda (quem ganha mais ajuda mais), ou manter contas separadas, mas com metas conjuntas. “O importante é que ambos sintam que o acordo é justo e sustentável”, explica.
Outro ponto-chave é a transparência. Um estudo do SPC Brasil mostra que quase metade dos casais já escondeu algum problema financeiro do parceiro, uma “infidelidade econômica” que mina a confiança e amplia o ressentimento. O uso de planilhas, aplicativos e contas conjuntas com registro de despesas compartilhadas ajuda a manter o controle e reduzir conflitos.
Lamounier de forma simplificada mostra como fazer para começar um planejamento financeiro em casal, sem crises:
- Mapeie sua renda total, isto é, salário e rendas extras.
- Separe as despesas fixas no seu orçamento, como aluguel, condomínio, internet e contas de serviços públicos (água, luz, gás).
- Esquematize as despesas variáveis como alimentação, transporte e gastos com saúde.
- Organize dívidas e pagamentos, como parcelas de empréstimos e cartão de crédito.
Fundo de emergência
A criação de um fundo de emergência também é um gesto de parceria. Acidentes, demissões e imprevistos acontecem; ter uma reserva evita brigas em momentos de tensão. Da mesma forma, definir metas em comum, como quitar dívidas, juntar dinheiro para uma viagem ou comprar um imóvel, transforma o dinheiro em instrumento de união, não de disputa.
Por fim, vale lembrar: o amor não sobrevive apenas de romantismo, mas também de planejamento. Se os números mostram que o dinheiro é a principal causa de separação, a boa notícia é que ele também pode ser a base de um relacionamento mais maduro, cooperativo e equilibrado. Conversar sobre finanças é, no fim das contas, uma das formas mais sinceras de dizer “eu te amo”.
Crédito da foto: Reprodução Internet