Empresas devem se preparar para cobrança dos novos tributos em 2026

Empresas devem se preparar para cobrança dos novos tributos em 2026

No próximo ano, serão recolhidos simbolicamente os tributos sobre o valor agregado e as empresas terão de emitir
nova nota fiscal

Em 2026 começa, de fato, a fase de transição da reforma tributária sobre o consumo. Por isso, as empresas devem estar preparadas para a mudança, ressalta os advogados Alberto Zürcher e Caio Schunck, do escritório Zürcher, Caiafa, Spolidoro e Schunck. A Lei Complementar nº 214/2025, sancionada em janeiro último, regulamentou a Emenda Constitucional nº 132/2023, referente ao novo sistema, que substituirá gradualmente cinco tributos (PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS) por dois: a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), de competência federal, e o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), compartilhado entre Estados e municípios.

“Estamos diante da maior transformação tributária das últimas décadas e as empresas precisarão lidar, por um bom tempo, com dois sistemas funcionando em paralelo”, observam os advogados. “O desafio será garantir conformidade e eficiência operacional num ambiente de coexistência entre o modelo atual e o novo”.

Transição longa e gradual

A transição será longa e gradual. De 2026 a 2032, os dois regimes — o atual e o novo — funcionarão simultaneamente, até que, em 2033, a reforma esteja plenamente vigente. O primeiro passo ocorrerá em 2026, com uma espécie de “teste de campo”: a CBS terá uma alíquota simbólica de 0,9% e o IBS de 0,1%, valores que poderão ser compensados com o pagamento do PIS/Cofins e de outros tributos federais. Objetivo é calibrar alíquotas e verificar o funcionamento das novas plataformas de arrecadação.

Entretanto, as empresas já terão de emitir a nova nota fiscal eletrônica a partir de 1º de janeiro. Esse processo abrange os modelos de NF-e, NFC-e e NFS-e, impactando diretamente comércio, serviços e indústria. Será preciso detalhar os tributos de cada produto e serviço, acompanhados dos códigos fiscais pré-determinados e que identificam a operação. Ou seja, será necessário demonstrar as atividades, alíquotas e possíveis reduções de alíquotas, regimes específicos e destaque dos impostos.

Em 2027, começará a cobrança integral da CBS e serão extintos o PIS e a Cofins. As alíquotas do IPI serão reduzidas a zero, com exceção dos produtos fabricados na Zona Franca de Manaus. Também entrará em vigor o Imposto Seletivo, que incidirá sobre bens considerados prejudiciais à saúde e/ou ao meio ambiente.

A partir de 2029, a transição alcançará o âmbito estadual e municipal, com a substituição progressiva do ICMS e do ISS pelo IBS. No início de 2033, o novo modelo tributário estará completo, restando apenas o IPI para produtos importados e industrializados concorrentes aos da Zona Franca.

Impacto nas empresas

Para as empresas, o impacto imediato não será um aumento na carga tributária, mas a complexidade operacional de cumprir simultaneamente duas legislações e duas formas de apuração.

“Durante os primeiros anos, terão de recolher tributos distintos sobre as mesmas operações, ainda que sem elevação efetiva de alíquota. Isso exigirá controles precisos, atualização de sistemas e treinamento de equipes contábeis e fiscais”, alertam os advogados.

Segundo os especialistas, 2026 será decisivo para as empresas darem o primeiro passo rumo à adaptação. “As que estiverem bem preparadas, revisando contratos, sistemas e regimes de benefícios, estarão em vantagem quando o novo modelo se consolidar”, afirmam.

Mais do que um ajuste técnico, a reforma tributária representa uma mudança de paradigma. A simplificação, a transparência e a neutralidade são os pilares do novo sistema, que promete reduzir distorções e melhorar o ambiente de negócios. “O sucesso dessa transição depende tanto do Estado quanto do setor privado”, concluem os advogados.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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