Faturamento real das PMEs volta a crescer no terceiro trimestre deste ano

Faturamento real das PMEs volta a crescer no terceiro trimestre deste ano

Perspectiva para 2026 é de crescimento lento

O faturamento real médio das pequenas e médias empresas (PMEs) brasileiras voltou a crescer no terceiro trimestre de 2025, após um primeiro semestre de estagnação. Segundo o Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs), o avanço foi de 1,9% na comparação anual (YoY), revertendo o quadro de estabilidade observado no trimestre anterior.

Apesar da melhora, o resultado ainda indica ritmo moderado de recuperação, inferior ao desempenho verificado entre 2022 e 2024. A performance reflete os efeitos da desaceleração da economia brasileira, a manutenção dos juros em patamares elevados e as condições restritivas de crédito, que continuam limitando a expansão do setor.

Indústria puxa recuperação, mas Comércio e Infraestrutura seguem em queda

Entre os setores analisados, as PMEs da Indústria foram as que mais cresceram no período, com alta de 7,9% YoY, impulsionadas por subsetores como fabricação de papel, bebidas, alimentos e produtos de madeira. O setor de Serviços também registrou desempenho positivo, com avanço de 1,3% YoY, sustentado por segmentos como Transportes, Atividades profissionais e técnicas, Informação e Comunicação e Atividades financeiras e de seguros.

Já os setores de Comércio (-2,4% YoY) e Infraestrutura (-4,8% YoY) mantiveram a tendência de retração, impactados pela demanda reprimida por crédito e pela desaceleração da construção civil, respectivamente.

“O crescimento das PMEs no terceiro trimestre mostra uma recuperação gradual, mas desigual. Enquanto a indústria dá sinais consistentes de retomada, atividades mais dependentes de crédito, como o comércio, ainda enfrentam desafios relevantes”, avalia Felipe Beraldi, economista da Omie.

Ambiente macroeconômico segue desafiador

O comportamento recente das PMEs está ligado a fatores macroeconômicos contrastantes. De um lado, houve alívio nos custos, com o IGP-M acumulado em 12 meses caiu de 8,58% no primeiro trimestre para 2,82% no terceiro trimestre, segundo a FGV. De outro, o crédito caro e a Selic mantida em 15% ao ano pelo Copom continuam restringindo investimentos e o consumo das famílias.

Por outro lado, a resiliência do mercado de trabalho e a elevação dos rendimentos reais (+8,7% em agosto frente à média de 2019) ajudaram a sustentar a demanda, especialmente em serviços voltados à renda. A confiança do consumidor também registrou leve melhora, com avanço médio de 0,6% ao mês entre junho e setembro, conforme a Sondagem da FGV IBRE.

Diferenças regionais e perspectivas para 2026

Regionalmente, o Sudeste voltou ao campo positivo (+1,9% YoY), após dois trimestres de retração, e o Sul manteve crescimento consistente (+4,1% YoY). O Centro-Oeste apresentou leve alta (+1,0% YoY), enquanto Nordeste (-0,3% YoY) e Norte (-2,2% YoY) permaneceram em queda.

Para os próximos trimestres, a Omie mantém projeção de alta de 0,8% para o IODE-PMEs em 2025 e prevê expansão de 1,9% em 2026, acompanhando a desaceleração esperada do PIB nacional.

“A expectativa é de um 2026 marcado por crescimento mais lento e dependente da renda. A manutenção dos juros em níveis altos e as incertezas fiscais e eleitorais impõem um cenário de cautela, mas o setor deve seguir em terreno positivo”, explica Beraldi.

Reforma Tributária exigirá atenção das PMEs

O início da transição da Reforma Tributária — com a aplicação das alíquotas-teste da CBS e do IBS — deve trazer desafios adicionais para o segmento a partir de 2026. Pesquisas recentes realizadas pela Omie indicam que cerca de 60% dos empresários brasileiros ainda não sabem avaliar os efeitos da Reforma Tributária sobre seus próprios negócios. Com o início da transição se aproximando, o tempo para um planejamento seguro torna-se cada vez mais curto. “As PMEs precisarão reforçar sua gestão e manter proximidade com seus contadores. A transição tributária exigirá planejamento financeiro e capacidade de adaptação às novas obrigações”, conclui o economista.

Crédito da foto: Pixabay

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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