FIDCs ganham fôlego como alternativa de crédito para pequenas empresas

FIDCs ganham fôlego como alternativa de crédito para pequenas empresas
Bruno Lage: sócio-fundador da Catálise. Foto: Guilherme Pupo.

Microfinanças rurais, crédito para franquias e faturas de fintechs ilustram o novo nicho em expansão

Instrumentos de crédito estruturado, os FIDCs começam a surfar uma nova fase no Brasil: além das operações clássicas de grandes corporações, crescem os fundos com tíquetes menores, carteiras pulverizadas e foco em nichos até agora pouco explorados, como agronegócio familiar, crédito educacional ou financiamento a startups e franquias de impacto.

“Estamos migrando de uma lógica de grandes investidores para um modelo mais amplo, que conecta crédito estruturado, tecnologia e sustentabilidade. O FIDC deixa de ser instrumento exclusivo e passa a integrar a carteira de quem antes era excluído desse ambiente”, afirma Bruno Lage, sócio‑fundador da gestora Catálise Estruturação e Gestão de Fundos.

Os dados oficiais sustentam a tendência. A Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) registra que o investimento de pessoas físicas em FIDCs mais que dobrou em 12 meses: passou de R$ 7,40 bilhões em outubro de 2023 para R$ 15,98 bilhões em outubro de 2024 (+115,9%). Ao mesmo tempo, entre janeiro e agosto de 2025 as emissões em FIDCs atingiram R$ 52,4 bilhões, um recorde para o período, com alta de 10,2% frente ao mesmo intervalo de 2024.

De olho nas mudanças

A mudança de perfil dos FIDCs acontece, em parte, por avanços regulatórios. Com a entrada em vigor da Resolução CVM 175 em outubro de 2023, esse tipo de fundo pôde ser acessado por investidores pessoa física, não apenas qualificados ou profissionais. De acordo com a Anbima, isso expandiu a base de investidores e permitiu que o produto se torne mais uma opção para diversificar o portfólio em um cenário de juros elevados.

Na prática, os gestores aproveitam a nova janela para estruturar FIDCs destinados a nichos específicos: por exemplo, recebíveis de microfinanças no campo, crédito para franquias de impacto ou antecipação de faturas de fintechs de educação. A Catálise integra o movimento. “Criamos linhas com alto grau de pulverização e concentração mínima por cedente. Isso permite que o risco seja diluído e que empreendimentos menores também tenham acesso ao crédito estruturado”, explica Lage.

Ainda que não haja segmentação oficial por “micro‑FIDC” com dados públicos específicos, o recalibrar do mercado fica claro em relatórios da Anbima.

A Anbima aponta que os FIDCs representam a segunda maior captação líquida entre fundos no acumulado até setembro de 2025, com cerca de R$ 63 bilhões.

Se essa tendência se consolidar, os FIDCs podem se tornar não apenas ferramenta de diversificação para investidores, mas um motor de financiamento de nichos produtivos até então desatendidos, com impacto tanto econômico quanto social. “O FIDC deixa de ser instrumento de liquidez para grandes players e passa a financiar o ‘middle’ e até microestrutura de crédito com escala. Isso muda o ecossistema do crédito corporativo no Brasil”, conclui Lage.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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