Fusões e aquisições mostram resiliência em setores estratégicos

Negociações também estão mais complexas, exigindo criatividade, além de domínio jurídico e regulatório, por parte dos operadores
Dados recentes sobre as fusões e aquisições no Brasil revelam um cenário multifacetado. Enquanto a quantidade de operações desse tipo caiu 21% em 2024, segundo dados da TTR, os valores dos acordos registraram um aumento de 10%. Neste ano, a situação não é muito diferente: relatório da Dealogic mostra que, nos cinco primeiros meses de 2025, as transações de M&A no país já cresceram 50% em volume financeiro, a despeito de terem ocorrido 31% menos operações.
Para Adriano Chaves, sócio e co-head da área de M&A do CGM Advogados, escritório de advocacia full service com clientes do Brasil e do exterior, chama atenção, especialmente, o aumento de transações em setores regulados, como energia, financeiro e saúde, “o que joga luz sobre a necessidade de conhecimento especializado – de mercado e jurídico.”
Na avaliação do advogado, escritórios que assessoram essas operações precisam não só ter domínio técnico das regulações existentes no Brasil, como também experiência com transações envolvendo estrangeiros. Dados da própria TTR detalham que, de janeiro a abril deste ano, por exemplo, a quantidade de fusões e aquisições no Brasil envolvendo players estrangeiros chegou a 175, sendo os Estados Unidos, Países Baixos, França e Argentina os principais países de origem.
“Também temos visto novas motivações para operações de M&A, como a busca por liquidez via venda de ativos, por causa do mercado fechado para IPOs e da necessidade de se diminuir a alavancagem financeira, bem como o apetite de investidores estrangeiros por diversificar seus investimentos para novas regiões”, complementa Chaves.
Ainda segundo o sócio do CGM Advogados, com a manutenção dos juros em patamares mais elevados, tanto no Brasil quanto nos EUA, e insegurança causada pela taxação feita pelo governo dos EUA às exportações brasileiras, “há uma busca por ativos de maior qualidade, com menor risco, o que torna a due diligence e a análise regulatória ainda mais relevantes.”