Salto de 163% no uso de IA pela indústria reforça necessidade de preparar líderes e equipes
Implementação bem-sucedida de IA depende não apenas da tecnologia em si, mas também da forma como ela é apresentada e incorporada às rotinas de trabalho
O uso de inteligência artificial (IA) nas empresas brasileiras cresce de forma acelerada. Segundo a “Pesquisa de Inovação Semestral (PINTEC Semestral 2024)”, do IBGE, a adoção dessas tecnologias pela indústria aumentou 163% em apenas dois anos, refletindo mudanças significativas nos processos de gestão, produção e tomada de decisão. O levantamento indica que 89% das empresas industriais já utilizam tecnologias digitais avançadas, como computação em nuvem, internet das coisas, big data e robótica, com destaque para a IA, presente em 41,9% das empresas em 2024, ante 16,9% em 2022.
Esse crescimento acompanha uma tendência global de expansão da IA. Com o lançamento do ChatGPT em 2022, a tecnologia passou a se popularizar rapidamente, transformando a forma como profissionais de diversas áreas, incluindo o RH, desempenham suas atividades. De acordo com a consultoria Gartner, até 2027, mais de 50% das decisões críticas do setor deverão ser baseadas em dados analisados por sistemas de IA, reforçando a necessidade de capacitação contínua dos profissionais e de preparo das empresas para incorporar essas mudanças de forma estratégica.
De acordo com Elenise Martins, fundadora da EMRH Consultoria, com experiência na área de RH desde 2004, a implementação bem-sucedida de IA depende não apenas da tecnologia em si, mas também da forma como ela é apresentada e incorporada às rotinas de trabalho. “Os treinamentos são fundamentais não apenas para ensinar o uso das ferramentas, mas também para preparar as pessoas a compreender e se engajar com o processo de mudança. Quando a tecnologia é introduzida sem esse cuidado, ela pode gerar medo ou rejeição e impactar negativamente o clima organizacional”, afirma.
Nesse cenário, as lideranças das áreas passam a desempenhar um papel estratégico como extensão do RH, acompanhando na prática a adesão das equipes às novas tecnologias e atuando como multiplicadores do aprendizado. Segundo Elenise, é essencial oferecer a eles espaços de experimentação, troca de experiências e fortalecimento da visão estratégica, para que compreendam o valor dos dados e das ferramentas na tomada de decisão. “A tecnologia só se torna um diferencial competitivo quando está acompanhada de pessoas preparadas, com clareza sobre o propósito da transformação e alinhamento aos objetivos do negócio”, reforça.


