Consumo no varejo alimentar desacelera em outubro com impacto do clima e novos hábitos

Consumo no varejo alimentar desacelera em outubro com impacto do clima e novos hábitos

 Bebidas e indulgências concentram 85% da queda

Em um ano de temperaturas mais amenas em relação ao anterior, marcado pela alta de preços, juros ainda elevados e restrições de crédito, o consumidor do varejo alimentar adota uma postura mais cautelosa, ajusta volumes, busca promoções e prioriza itens essenciais em sua cesta de compras.

Segundo dados do Radar Scanntech, em outubro, as vendas caíram -3,6%, puxadas por uma alta de 5% nos preços. O movimento foi impulsionado principalmente pela redução de -2,6% no fluxo de consumidores nas lojas em comparação com o mesmo período do ano anterior.

Dois segmentos responderam por 90% da retração no volume de unidades vendidas: os itens relacionados ao calor, principalmente bebidas, e os produtos de indulgência, como chocolates, biscoitos, balas, pirulitos e snacks. Desse total, 55% da queda veio da cesta de bebidas e 20% dos produtos de indulgência.

Com temperaturas 0,4°C abaixo das registradas no mesmo período de 2024, as categorias de cerveja e refrigerantes, que representam 76% do volume total de bebidas, tiveram forte retração, de -16,3% e -4,3%, respectivamente. Paralelamente, o aumento nos casos de intoxicação por metanol, especialmente na Região Metropolitana de São Paulo, derrubou as vendas de gin, vodca e uísque em até 40% na última semana de outubro. Em nível nacional, o impacto foi menos severo, mas ainda relevante, com retração média de 26% no consumo destes destilados.

Queda no consumo de indulgências e avanço de produtos saudáveis

Os itens de indulgência, responsáveis por 20% da retração nas vendas, também contribuíram para o desempenho negativo do varejo alimentar. Ao contrário das bebidas, afetadas por fatores climáticos e conjunturais, nota-se o fortalecimento de categorias associadas à saudabilidade, possivelmente refletindo uma mudança de preferência do consumidor. Vale ressaltar que nas categorias indulgentes crescem itens mais premium, indicando uma mentalidade de menos quantidade e melhor qualidade.

Ao analisar cada item separadamente, o chocolate apresentou a maior queda, com -10,6% nas vendas, seguido por biscoitos -6,4%, balas e pirulitos -4,1%, enquanto petiscos e snacks registraram o menor recuo, de -2,2%. Em termos de preço, o chocolate também liderou o aumento, ficando 18,6% mais caro no período.

Neste ano, temos observado no varejo alimentar como a dinâmica do comportamento do consumidor pode impactar diretamente a performance do setor. Esse cenário exige que os varejistas estejam cada vez mais preparados e atentos para adaptarem suas estratégias e mix aos novos estilos de vida e às demandas do shopper moderno. Um exemplo claro dessa transformação é a relação entre produtos funcionais e indulgentes. O consumo de itens com benefícios, funcionais, como os proteicos, vem crescendo, mas ainda mantém forte conexão com os sabores de indulgência, como doce de leite e chocolate, mostrando que o consumidor busca sabores prazerosos que também tragam benefícios à rotina“, comenta Felipe Passarelli, Head de Inteligência de Mercados da Scanntech.

Na análise por região, todas registraram queda em unidades, embora com intensidades distintas. Norte e Sul apresentaram os recuos mais expressivos, de -6,4% e -4,3%, respectivamente

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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