Dívidas em alta e 13º no bolso
Com quase metade dos brasileiros sem reserva financeira, especialista em finanças pessoais ensina métodos para usar bem o 13º e começar bem o 2026
Novembro é o mês mais aguardado por milhões de trabalhadores formais: é quando o décimo terceiro salário começa a ser depositado na conta. Mas, na prática, boa parte desse dinheiro não chega a virar reserva.
De acordo com uma pesquisa do Datafolha divulgada neste mês, 43% dos brasileiros não possuem reserva financeira e 84% enfrentaram alguma emergência no último ano, como atraso em contas, empréstimos e uso de crédito.
O levantamento indica ainda que metade da população não sabe exatamente quanto gasta por mês, o que ajuda a explicar por que o décimo terceiro salário — que deveria aliviar o orçamento — muitas vezes desaparece antes de o ano virar.
Para Breno Nogueira, especialista em finanças pessoais e fundador da Escola do Breno, o erro mais comum é tratar o décimo como um dinheiro “extra”.
“A maior parte das pessoas gastam o décimo terceiro como se fosse um bônus, não parte da renda. Só que o começo do ano traz despesas pesadas, como IPVA, material escolar e seguros. Quando o salário de dezembro acaba no consumo de Natal, janeiro já começa no vermelho”, explica Breno Nogueira.
Segundo o educador financeiro, o segredo está em mudar a forma de planejar o uso do dinheiro. Em vez de separar o orçamento por categorias — como alimentação, lazer ou transporte —, ele propõe calcular quanto se pode gastar por dia, levando em conta a soma de todas as receitas, inclusive o décimo terceiro. “Esse método é simples e dá previsibilidade. Quando a pessoa sabe quanto pode gastar hoje, maiores as chances dela saber tomar decisões no dia a dia, logo, a chance de fazer sobrar dinheiro é maior caso ela cumpra a meta de gastos por dia. É a partir dessa ‘sobra’ que se constrói uma reserva”, diz Breno.
Segundo dados da Confederação Nacional do Comércio (CNC), 78% das famílias brasileiras estão endividadas, e o cartão de crédito segue como o principal vilão. Por isso, Breno reforça que a prioridade deve ser eliminar as dívidas com juros mais altos antes de qualquer compra. “Quitar o rotativo ou o cheque especial é o investimento mais rentável que existe”, resume.
Breno lembra que o 13º pode ser o ponto de virada para quem busca começar 2026 com o orçamento em ordem. “Planejar não é restringir, é escolher melhor. O dinheiro do 13º pode sim trazer conforto, desde que seja usado com consciência e dentro de uma estratégia”, conclui.


