Revisão fiscal transforma erros contábeis em lucro e fortalece o caixa das empresas

Revisão fiscal transforma erros contábeis em lucro e fortalece o caixa das empresas

Ajustar tributos pagos a mais e criar uma cultura fiscal estratégica ajudam negócios a recuperar valores e evitar prejuízos

Segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), 95% das empresas brasileiras pagam mais impostos do que deveriam, seja por falhas de apuração, enquadramento incorreto no regime tributário ou desconhecimento de benefícios legais. Corrigir esses erros fiscais, especialmente durante o fechamento de balanços, tem se mostrado uma das formas mais eficazes de recuperar lucros e evitar prejuízos.

Para Maynara Fogaça, estrategista tributária e CEO da Visão Tributária, a revisão fiscal é uma ferramenta de inteligência, e não uma medida emergencial. “Muitos empresários se concentram em pagar imposto, mas não em pagar certo. Rever o que foi pago com profundidade técnica e visão estratégica é uma das decisões mais inteligentes que uma empresa pode tomar hoje”, explica.

De acordo com Maynara, empresas enquadradas nos regimes de lucro real e presumido têm maior potencial de ganhos com auditorias tributárias. No lucro real, é possível recuperar créditos de PIS e Cofins, conforme o artigo 3º das Leis nº 10.637/2002 e nº 10.833/2003, desde que os insumos atendam aos critérios de essencialidade e relevância definidos pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ, Tema 779, REsp 1.221.170). “Esses créditos, que podem incluir gastos com energia elétrica e fretes vinculados à produção ou à venda, muitas vezes ficam esquecidos por falta de conhecimento técnico”, observa.

Recuperação de valores

Nos casos de lucro presumido, ajustes contábeis, exclusões de receitas não tributáveis e reclassificações adequadas também podem reduzir a carga fiscal. “Em muitos balanços, encontramos inconsistências simples que, quando corrigidas, representam milhares de reais devolvidos ao caixa”, afirma Maynara, que relata já ter coordenado recuperações superiores a R$ 200 milhões para empresas de diversos setores.

A legislação brasileira permite revisar tributos pagos indevidamente nos últimos cinco anos, conforme o artigo 168 do Código Tributário Nacional, com possibilidade de restituição administrativa ou compensação de valores. Segundo a especialista, a prática deve ser contínua. “A saúde financeira de uma empresa depende de uma cultura fiscal sólida. Revisar o balanço é identificar oportunidades, corrigir falhas e gerar caixa sem precisar vender mais ou cortar custos”, diz.

Fiscalização digital exige atenção redobrada

Com a reforma tributária em andamento e a intensificação da fiscalização eletrônica da Receita Federal, a atenção aos detalhes fiscais ganhou ainda mais importância. Em 2025, o Fisco ampliou o uso de cruzamento automatizado de informações de notas fiscais, declarações e movimentações financeiras, além de enviar comunicados de autorregularização a empresas com divergências em PIS e Cofins. “Erros que antes passavam despercebidos hoje podem gerar multas e bloqueios de compensação. Corrigir falhas a tempo é mais do que prudência, é sobrevivência”, alerta Maynara.

Para os empresários que desejam adotar uma postura preventiva, a especialista recomenda quatro pilares:

  1. Auditorias fiscais periódicas, revisando os últimos cinco anos de tributos pagos.
  2. Automação e tecnologia contábil, com cruzamento eletrônico de dados.
  3. Capacitação constante da equipe contábil, para acompanhar mudanças legais.
  4. Integração entre setores, conectando a contabilidade à estratégia do negócio.

Maynara defende ainda que as empresas criem uma cultura fiscal estratégica, na qual o tributo seja tratado como elemento de gestão e não apenas obrigação. “Existe uma diferença brutal entre pagar imposto e pagar certo”, resume.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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