Brasileiros encontram no empreendedorismo digital o caminho para recomeçar em 2026

Brasileiros encontram no empreendedorismo digital o caminho para recomeçar em 2026

Crescimento do trabalho por conta própria, expansão dos marketplaces e pressão econômica levam trabalhadores a buscar renda extra ou nova profissão

A virada para 2026 deve consolidar um movimento que vem ganhando força no país, trata-se de brasileiros pressionados pelo desemprego, pela renda insuficiente e pela instabilidade econômica estão migrando para modelos próprios de geração de renda, especialmente por meio de marketplaces como Mercado Livre e TikTok Shop. Para muitos, é uma mudança de carreira forçada pelo contexto atual; para outros, é a chance de complementar o orçamento e dar início a um novo ciclo profissional.

Segundo dados do IBGE, o Brasil encerrou 2024 com cerca de 8,1 milhões de pessoas desocupadas, índice que, apesar da queda frente aos anos anteriores, ainda revela um contingente significativo de trabalhadores sem recolocação. Entre os ocupados, mais de 25 milhões atuam por conta própria, número que cresceu de forma contínua na última década e se tornou o maior já registrado pela pesquisa de emprego.

Esse movimento é acompanhado por outro indicador relevante, quase 40% da população economicamente ativa declara trabalhar para complementar a renda familiar, segundo levantamento da Associação Nacional de Educação Financeira.

Hugo Vasconcelos, especialista em vendas por marketplaces e sócio-fundador da VDV Group, observa que plataformas digitais se tornaram uma saída concreta. “Os marketplaces viraram o caminho de muita gente que precisava recomeçar. Não é só sobre venda on-line, é sobre devolver dignidade e renda para famílias inteiras”, afirma.

Marketplace como porta de entrada para uma nova carreira

O avanço dos modelos de venda digital tem relação direta com a facilidade de entrada. Dados do próprio Mercado Livre apontam que mais de 500 mil novos vendedores ingressaram na plataforma em 2024, muitos deles sem experiência prévia em comércio. No TikTok Shop, o crescimento também impressiona: estudos do banco Piper Sandler indicaram que o volume global de vendas deve ultrapassar US$ 20 bilhões em 2025.

Para Vasconcelos, essa abertura representa oportunidade, mas também risco para quem não tem preparo.

“Hoje qualquer pessoa com um celular e um pouco de coragem consegue testar produtos, colocar ofertas no ar e aprender enquanto vende. Mas é muito comum a pessoa vender sem saber precificar, sem entender a margem, sem organizar estoque e anúncio. É justamente aí que entra o papel da mentoria em marketplace. Ajudar essas pessoas a transformarem uma tentativa em um negócio de verdade.”

A análise encontra respaldo nos números. Um relatório da NielsenIQ mostrou que até 72% dos vendedores iniciantes abandonam suas lojas nos primeiros seis meses por falta de estrutura operacional, dificuldade de precificação e erros de gestão. O resultado é a transformação de uma oportunidade promissora em frustração financeira.

2026: ano de virada para quem quer mudar de carreira

A chegada de 2026 deve intensificar esse cenário. Tendências econômicas apontam que o trabalhador brasileiro continuará buscando meios alternativos de renda diante da pressão inflacionária, da informalidade crescente e do salário médio que permanece estagnado. O ganho real do trabalhador caiu 1,2% em 2024, de acordo com o Dieese, enquanto os custos essenciais, alimentação, transporte e energia seguem em alta.

O empreendedorismo digital aparece como uma rota de transição de carreira mais rápida e acessível, especialmente para quem busca flexibilidade ou planeja abandonar um emprego que já não entrega segurança financeira. Para muitos, trata-se de um recomeço. “Muita gente entra no Mercado Livre ou no TikTok Shop pela necessidade. Nosso papel é fazer essa pessoa sair do modo tentativa e erro e entrar no modo negócio estruturado”, diz Vasconcelos.

Ele destaca que a virada para 2026 marca o início de uma nova fase do empreendedorismo no país, impulsionada por duas frentes: facilitação tecnológica e democratização do acesso à venda online. “Estamos vivendo uma nova fase do empreendedorismo. É muito mais fácil começar a vender, mas o desafio agora é aprender a fazer isso com método, gestão e acompanhamento para não transformar oportunidade em frustração.”

Estabilidade e qualidade de vida

Um levantamento da MindMiners revela que 63% dos trabalhadores brasileiros pretendem buscar renda extra em 2026, seja para equilibrar o orçamento, seja para iniciar a transição para uma nova profissão. Entre os entrevistados, 41% afirmaram ter interesse em abrir um pequeno negócio digital.

Para Vasconcelos, esse movimento está diretamente ligado à busca por autonomia e por uma vida mais estável. “O empreendedorismo deixou de ser só ambição. Hoje ele é, para muita gente, o caminho para ter segurança financeira. E as plataformas digitais permitem que a pessoa comece com pouco e cresça de forma gradual, desde que tenha um método claro.”

Avaliações de consultorias de mercado reforçam que o trabalhador brasileiro está redesenhando sua própria carreira, priorizando formatos que permitam flexibilidade, previsibilidade de renda e possibilidade de crescimento. O comércio digital vem se tornando o vetor mais acessível para essa mudança.

Com a expectativa de novos vendedores entrando no Mercado Livre, TikTok Shop e outras plataformas nos próximos anos, o especialista acredita que 2026 será decisivo para quem deseja mudar de profissão ou reforçar a renda atual. “A transformação não acontece só quando a pessoa começa a vender. Ela começa quando a pessoa entende que precisa estruturar o negócio. É isso que define quem vai continuar no mercado.”

Para ele, a economia brasileira passa por uma reorganização silenciosa: milhões de pessoas têm usado o digital como porta de saída do desemprego e, ao mesmo tempo, como porta de entrada para uma nova vida profissional. “É um movimento que mistura necessidade, oportunidade e um desejo genuíno de melhorar de vida. E quando bem orientado, cria histórias reais de recomeço”, conclui.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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