Crédito de consumo voltado a pessoas físicas está em patamar elevado ante o PIB

Crédito de consumo voltado a pessoas físicas está em patamar elevado ante o PIB

Um levantamento feito pelo Centro de Estudos de Microfinanças e Inclusão Financeira da FGV (FGVcemif) revela que no Brasil quando comparado a outros países, o crédito para pessoas físicas voltado para o consumo (composto por modalidades como: consignado, crédito pessoal não consignado, cartão de crédito etc.), exceto o imobiliário, já está em patamar elevado em relação ao tamanho de sua economia (PIB). Além do volume elevado, a maior parte dessas modalidades de crédito têm juros elevados e aumentam o comprometimento de renda.

O estudo revela que até o ano de 2016, a tendência era de crescimento paulatino do saldo de crédito imobiliário, com relativa estagnação do crédito não imobiliário. Entretanto, a partir de 2016, o saldo de imobiliário manteve-se relativamente constante em torno de 9% do PIB, enquanto o não imobiliário passa a crescer e atinge quase 23% do PIB. O aumento do crédito à pessoa física, portanto, se liga às modalidades consignados, pessoal e cartão de crédito.

As principais modalidades do crédito pessoa física, além do financiamento imobiliário (29,2%), são: consignado (18,5%), cartão de crédito (15,5%) pessoal não consignado (7,9%,) e aquisição de veículos (8,1%).

De acordo com os autores do levantamento, Lauro Gonzalez, coordenador do FGVcemif, João Pedro Haddad, pesquisador do FGVcemif e Julio Leandro, professor do Mackenzie e pesquisador do FGVcemif, a evolução das modalidades de crédito para pessoa física parece espelhar a trajetória recente da economia brasileira que, nos últimos anos, tem oscilado entre recessão, estagnação e crescimento anêmico. “Cai a participação do crédito de maior qualidade (imobiliário), associado a acúmulo de ativos, maior otimismo na economia e menor juros, e ganha espaço modalidades de consumo, tipicamente de maior juros e que servem para mitigar/compensar perdas de renda”.

Comparativo internacional do Crédito pessoa física

O estudo mostra ainda que a tendência de crescimento dessa modalidade no Brasil fez com que, em relação ao PIB, o volume tenha ficado maior no Brasil (5%) do que nos EUA (2,7%). “A expansão dos cartões de crédito propicia aumento de crédito a curtíssimo prazo, quando o cartão é utilizado essencialmente como meio de pagamento e a fatura é quitada por completo ou provoca aumento de crédito de prazos mais dilatados se pagamento não for quitado, caso no qual os juros são bastante elevados no Brasil”, explica Gonzalez.

Outra forma de estimar o tamanho relativo do crédito à pessoa física é examinar a participação do crédito imobiliário no endividamento total das famílias. Nos EUA, o dado mais recente do gráfico mostra uma participação de 70% do imobiliário, logo 30% não imobiliário. No Brasil, os dados se invertem e o imobiliário tem participação de apenas 37,2%. Ou seja, 62,8% (100% menos 37,2%) do endividamento dos domicílios no Brasil deve estar ligado ao consumo.

O estudo conclui que comprometimento de renda atrelado ao crédito para pessoas físicas para consumo é extremamente elevado, aumentando a fragilidade financeira das famílias, não representando avanços reais na inclusão financeira.

Além disso, crédito consignado, apesar dos juros cobrados menores, contribui para o comprometimento de renda devido a mudanças de regras, como aumento da margem consignável, que favorecem o superendividamento.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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