Empresas familiares enfrentam dilemas culturais para transformação do mercado

Empresas familiares enfrentam dilemas culturais para transformação do mercado

Responsáveis por 90% dos negócios, a maior parte das empresas familiares opera de forma presencial

As empresas familiares são responsáveis por 90% dos negócios no Brasil, movimentam cerca de 65% do PIB e geram 75% dos empregos no país, segundo dados do IBGE e do Sebrae. Apesar desse peso na economia, muitas enfrentam dilemas culturais que podem comprometer sua continuidade.

De acordo com Adeildo Nascimento, especialista em cultura organizacional e CEO da DHEO Consultoria, a maior parte dessas organizações ainda opera de forma totalmente presencial. O modelo reforça vínculos de confiança e proximidade, mas se torna um entrave na atração de talentos em um mercado que valoriza cada vez mais a flexibilidade do trabalho híbrido.

“A cultura que trouxe a sua empresa até aqui pode não ser a mesma que vai levá-la adiante. O desafio é transformar sem perder a essência, sem perder o legado”, afirma Nascimento.

Sucessão e reconhecimento

A sucessão hereditária continua predominando, com filhos, netos e sobrinhos assumindo os negócios. O formato preserva o legado, mas pode gerar uma “bolha” de pensamento único, restringindo diversidade e inovação. “Quando todos pensam do mesmo jeito, a empresa corre o risco de se prender a modelos mentais do século XX em pleno século XXI”, alerta Nascimento.

Outro ponto crítico está nos sistemas de recompensa. Apenas uma parcela das empresas familiares adota programas estruturados de médio e longo prazo, enquanto organizações mais profissionalizadas já consolidaram essa prática. Nesse cenário, a proximidade com o dono deixa de ser suficiente para reter talentos, exigindo a implementação de políticas de cargos, salários e performance mais claras e justas.

Caminhos para a transformação

A adaptação, segundo especialistas, deve ser gradual e planejada. Entre as prioridades estão a criação de um plano de gestão cultural com metas definidas, a transição para modelos híbridos de trabalho e a construção de projetos de sucessão que combinem hereditariedade com diversidade de perfis.

Outro passo estratégico é estruturar sistemas de performance e reconhecimento, capazes de garantir justiça e engajamento. A promoção da diversidade em sentido amplo também se apresenta como um diferencial para ampliar perspectivas e fortalecer decisões. “Projetos de profissionalização não acontecem da noite para o dia, mas precisam começar agora. A pergunta é: que legado você vai deixar?”, provoca Nascimento.

 

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *