Crise do metanol impacta bares

Crise do metanol impacta bares

Vendas de destilados caem 70% e faturamento recua 27%

A crise provocada pela suspeita de bebidas adulteradas com metanol em São Paulo já traz reflexos diretos na economia e no comportamento dos consumidores. Um levantamento inédito realizado pela Zig, plataforma líder em gestão e inteligência para o setor de entretenimento, mostra que o faturamento dos bares e restaurantes da capital caiu 27% desde o início das restrições à venda de destilados.
O estudo analisou 393 mil pedidos realizados por 110 mil consumidores únicos em 371 estabelecimentos da capital entre 22 de setembro e 4 de outubro de 2025, comparando as semanas anteriores à repercussão dos casos.

Segundo a Zig, os destilados como: whisky, vodka e gin despencaram 70% nas vendas, com gin (–77%) e vodka (–71%) liderando as perdas. A queda foi parcialmente compensada pelo aumento na venda de cervejas (+7%), RTDs (+29%), vinhos (+36%) e espumantes (+58%), que passaram a dominar o mix de consumo. Com isso, a participação da cerveja saltou de 46,8% para 68,3% do faturamento total de bebidas alcoólicas.
“O impacto foi imediato e profundo. O público reagiu rapidamente às restrições, trocando os drinks clássicos por cervejas, vinhos e bebidas prontas. Mas a substituição não sustentou o volume de caixa, especialmente nas casas maiores, que dependem do tíquete alto de coquetéis e destilados”, explica David Pires, CIO da Zig.

A retração também se refletiu no comportamento do público: o número de consumidores únicos caiu 15%, e o ticket médio passou de R$ 136 para R$ 118, uma redução de 13%. A presença feminina diminuiu 20%, e entre os jovens de 18 a 24 anos, a queda foi de 25%, grupos historicamente associados à coquetelaria e à vida noturna prolongada.

Já o público entre 25 e 44 anos, que representa a base mais consistente de consumo em bares e restaurantes, também demonstrou retração, embora em menor intensidade, reflexo direto da mudança de perfil de compra e da cautela no momento de escolha das bebidas.

Os horários de maior movimento foram os mais afetados: o consumo caiu 28% entre 22h e 2h, e 35% após as 2h. O sábado, tradicionalmente o dia de maior faturamento da semana, encerrou o período com queda de 33%. Fora da capital, o impacto foi bem menor, queda geral de 3%, ainda que os destilados também tenham recuado, 32% no restante do país.

Mesmo com a retração, o estudo mostra que os consumidores não deixaram de frequentar bares e restaurantes, mas mudaram suas escolhas. O consumo de bebidas industrializadas e lacradas, como cervejas long neck e vinhos de garrafa ganhou força, enquanto os drinks manipulados em balcão perderam espaço.

“Os dados indicam que o paulistano reagiu com prudência, priorizando segurança sem abrir mão do lazer”, complementa Pires. “Nosso papel como parceiro do setor é fornecer inteligência que ajude os estabelecimentos a navegar por momentos de incerteza, adotando estratégias baseadas em dados e comunicação transparente para manter a confiança do público.”
A Zig segue monitorando os desdobramentos da crise e deve publicar novas análises sobre a recuperação do setor nas próximas semanas. A empresa, que opera com dados transacionais de milhares de estabelecimentos no país, tem se consolidado como uma das principais fontes de inteligência de mercado para bares, restaurantes e casas de entretenimento.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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