Primeiro emprego muda destino de jovens e desafia empresas a formar talentos

Primeiro emprego muda destino de jovens e desafia empresas a formar talentos

Com 25 anos da Lei do Jovem Aprendiz, Brasil bate recorde de contratos

Aos 17 anos, Eduardo Severnini chegou em 2023 à ORPEC – Andaimes, Formas e Escoramentos sem saber muito bem o que esperar. Era o primeiro emprego, o primeiro crachá, o primeiro contato com uma rotina corporativa. Agora, aos 20, ele já foi efetivado, mudou de departamento, e hoje trabalha em tecnologia da informação — na mesma área que escolheu cursar na faculdade.

Histórias como a dele explicam por que o programa federal Jovem Aprendiz segue tão relevante um quarto de século após sua criação. Instituída em 2000, a Lei da Aprendizagem abriu caminho para que adolescentes e jovens de 14 a 24 anos tivessem acesso ao mercado de trabalho com carteira assinada e jornada reduzida, conciliando estudo e capacitação. Em 2025, o Brasil registrou 664 mil aprendizes ativos, número recorde segundo o Ministério do Trabalho.

Mesmo assim, o desafio continua grande. Dados de 2023 do IBGE mostram que, de 48,5 milhões de brasileiros entre 15 e 29 anos, 10,9 milhões (22,3%) não estudam nem trabalham, um retrato que mistura falta de oportunidades, evasão escolar e desinformação sobre programas de ingresso profissional.

Juventude em busca de um lugar no mercado

Para muitos, o primeiro emprego é mais do que uma chance de ganhar o próprio dinheiro. É o momento de aprender a conviver, assumir responsabilidades e descobrir o que se quer fazer da vida.

“A maioria chega sem experiência e com dúvidas sobre o futuro”, conta Danieli Ribeiro, coordenadora de Recursos Humanos da ORPEC, empresa paranaense especializada em escoramentos e estruturas metálicas. “O que mais observamos é a vontade de aprender. E quando o jovem mostra interesse e responsabilidade, fazemos questão de dar oportunidade”, complementa Danieli.

Durante o programa de aprendizagem, os jovens também participam de cursos na Cidade Júnior, instituição parceira da ORPEC. As aulas incluem temas como ESG, comunicação, pacote Office e Libras, além de debates sobre comportamento e ética profissional. “Foi onde aprendi a ter responsabilidade e a entender como funcionam as empresas”, diz Eduardo.

O resultado da empresa com o desenvolvimento de seus aprendizes aparece nos números: metade dos aprendizes da ORPEC é efetivada após o contrato. Desde que a companhia passou a integrar o programa, mais de 50 jovens já passaram por diferentes áreas, como montagem, logística, recursos humanos, financeiro e tecnologia da informação.

A estratégia vai além de cumprir a cota legal. “É mais produtivo desenvolver quem já conhece a cultura da empresa do que buscar fora e começar do zero”, afirma a coordenadora de Recursos Humanos.

Da montagem à tecnologia

Eduardo lembra do primeiro dia como aprendiz em 2023. “Tudo era novidade. A rotina, o ambiente, o jeito de falar com as pessoas.” Ele começou na área de montagem, passou pelo setor financeiro e, com o tempo, foi convidado a integrar a equipe de tecnologia da informação, onde hoje atua como desenvolvedor.
Paralelamente, cursa Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas e se forma ainda neste ano. “Nesta área tão concorrida de tecnologia da informação, nem todas as empresas oferecem oportunidade para quem ainda não tem experiência. Aqui na ORPEC, eles me deram essa chance por já conhecerem meu histórico em outras áreas e hoje trabalho com o que escolhi estudar”, conta.

Eduardo acredita que o aprendizado precisa acompanhar as mudanças do mundo. “A tecnologia está em tudo. Os jovens precisam entender inteligência artificial e usar as ferramentas com pensamento crítico. A gente tem que aprender, mas também pensar por conta própria.”

Jovens que crescem com os alicerces da construção civil

No mercado de trabalho, a escassez de mão de obra técnica continua sendo um dos maiores gargalos. A Fundação Getúlio Vargas estima que 82% das construtoras enfrentam dificuldades para contratar profissionais qualificados. Nesse cenário, formar talentos dentro de casa se tornou uma vantagem competitiva.

Para a ORPEC, que completou 60 anos em 2025, manter e desenvolver jovens é parte da cultura. “A empresa cresceu apostando nas pessoas. É assim que a gente forma profissionais e mantém o conhecimento dentro de casa”, resume Danieli.

Eduardo é um exemplo disso. Do primeiro emprego à efetivação, ele viu o programa mudar sua perspectiva. “O Jovem Aprendiz me deu a base. Entrei sem saber o que queria e saí com um caminho definido”, conclui.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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