Chegou a hora de fazer um balanço do carnaval-negócio

Depois de quatro dias de folia (para uma boa parte dos brasileiros) e de descanso (para outra parte da população), é hora de fazer um balanço nas finanças e economia do País sobre perdas e ganhos da festa mais popular brasileira, que é o carnaval.

Embora a indústria, comércio, bancos e órgãos públicos federal, municipais e estaduais paralisem suas atividades durante o peíodo das festas momescas, algumas atividades do setor de serviços aproveitam para engordar o faturamento. De acordo com cálculos de economistas brasileiros, com a paralisação da economia nos quatro dias de carnaval e mais a quarta-feira de cinzas, o impacto negativo sobre o PIB anual será de R$ 23 bilhões em 2009.

Analisado sob o ponto de vista econômico, o carnaval no Brasil deixou de ser uma festa e passou á  condição de negócio. Estamos vivendo hoje a era da Escola de Samba S.A. Os barracões das escolas de samba funcionam hoje como linhas de produção de uma moderna fábrica. Softwares sofisticados garantem carros alegóricos com estruturas mais leves e resistentes. O computador controla os efeitos luminosos que encantam o público no Sambódromo.

Os carnavalescos descobrem cada vez mais os novos materiais para confecção de fantasias, alegorias e adereços. Não há mais espaço para amadorismo e improviso. Eficiência e eficácia, rentabilidade e adequação, receitas e custos, controle e qualidade são os atributos do desfile que agora prevalecem para atender ao deslumbramento frequente de turistas estrangeiros e brasileiros que vão assistir aos desfiles, aos interesses públicos da prefeitura com a arrecadação de impostos e taxas, aos interesses privados das indústrias e dos prestadores de serviços com a lucratividade dos produtos vendidos e dos serviços prestados, e aos interesses
institucionais das escolas de samba, que devem preservar e resguardar a euforia dos aficionados figurantes do desfile, a tradição do grêmio, a glória da instituição e de seus responsáveis mais autorizados.

Na Economia do carnaval, o prestígio alcançado com uma boa classificação no desfile reforça a posição da escola para negociar e valorizar seus atributos imateriais, tais como nome, cores ou logotipo, servindo como argumento e ferramenta de venda para futuros patrocínios e obtenção de recursos para novos desfiles.

Na cadeia produtiva que gera diretamente o desfile das escolas de samba, existe uma série de atividades que concorrem e contribuem para que o sucesso da empreitada seja o maior possível. Entre os setores que se beneficiam do desfile das escolas de samba destacam-se a indústria tuística (alojamento, alimentação e transporte), a indústria do audiovisual (televisão, cinema, produção de DVDs), a indústria da música (gravação de CDs, edições e distribuições eletrônicas), a indústria editorial e gráfica (livros, jornais, revistas, posters, folhetos, artigos gráficos em geral), entretenimento (bailes, espetáculos, shows, bares), instrumentos de percussão, bebidas, serviços do
comércio (formal e informal, de grande, médio e pequeno portes), sites da internet (culturais, informativos e comerciais), e uma variada gama de atividades informais.

São ainda importantes atividades integradas á  Economia do carnaval as políticas empreendidas pelo setor público, governos municipal e estadual, especialmente no que tange os aspectos industriais (implementação de infra-estruturas) e subvenções.

Com relação á s políticas desenvolvidas pelo setor público em benefício do carnaval destacam-se a alocação de recursos para a infra-estrutura da festa, a instalação de adornos urbanos; os recursos públicos destinados a subsidiar os gastos das agremiações carnavalescas com o desfile e, indiretamente, implementando política tributária não direcionada exclusivamente para as atividades carnavalescas,
porém de incentivo a setores que produzem mercadorias que também são utilizadas por escolas de samba na fabricação” do desfile.

O carnaval-negócio também significa oportunidades variadas de trabalho, antes, durante e depois da festa. A produção das fantasias, por exemplo, pode envolver desde indústrias de roupas e confecções (grandes fábricas ou pequenas pronta-entregas) até estampadores de silk-screen ou costureiras de bairro, artesãos e tecelões de todos os tipos, sem contar a produção de adereços, como abanos, leques, viseiras, chapéus, bonés, colares e contas de todos os tipos, crachás e pulseiras de acesso aos espaços privados etc.

Na própria estrutura organizacional da festa também são incorporados inúmeros trabalhadores temporários, como “cordeiros” (seguradores das cordas de isolamento dos blocos), seguranças, motoristas, garçons, ajudantes, operadores de som, músicos, pintores, mecá¢nicos, artistas plásticos, iluminadores, eletricistas. Os grandes blocos do Rio e São Paulo contratam mais de mil trabalhadores informais no carnaval.

Soma

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