Empresários do Paraná defendem manutenção da atual jornada de trabalho
Empresários paranaenses e dirigentes da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) acompanharam nesta terça-feira (25), em Brasília, a Comissão Geral da Cá¢mara dos Deputados que debateu o Projeto de Emenda Constitucional (PEC) 231/95, que propõe a redução da jornada de trabalho das atuais 44 horas semanais para 40 horas semanais e o aumento do adicional da hora extra de 50% para 75% do valor normal da hora trabalhada. A Comissão Geral foi realizada por determinação do presidente da Cá¢mara, Michel Temer, como forma de ampliar o debate a respeito da medida.
A sessão reuniu 30 oradores, entre representantes da indústria, comércio, agricultura e de sindicatos de trabalhadores. O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto, foi o primeiro orador do dia, e ressaltou que não há evidências empíricas de que a redução da jornada de trabalho implica em aumento salarialâ€. በmuito fácil prometer o céu e o paraíso, mas sabemos que a realidade não sanciona o aumento do emprego pela redução imposta da jornada de trabalho. Não é possível decretar a felicidade geral por força de leiâ€, afirmou o presidente da CNI.
O vice-presidente da Fiep, Rommel Barion, que acompanhou a sessão plenária avaliou a reunião como muito positiva porque os empresários conseguiram marcar posição firme. Ficou claro que existe uma preocupação muito grande de toda a classe empresarial em relação ao aumento de custo e queda da produtividade, fatores que estão intínsecos neste projetoâ€, disse Barion. Para ele, a classe trabalhadora, apesar de muito mobilizada, tem argumentos fracos. A classe empresarial tem argumentos técnicos mais fundamentadosâ€, informou. Ele disse acreditar que depois desta sessão os deputados favoráveis á PEC reavaliem suas posições.
Outro vice-presidente da Fiep, Luiz Paulo Rover, que também participou da sessão destacou a expressiva presença do empresariado em Brasília que, segundo ele, provou que os empregadores não estão alheios á discussão. Segundo ele, os trabalhadores sempre conseguem se articular de forma competente e com muita eficiência, o que nem sempre acontece do lado empresarial, mas desta vez também foi demonstrado o poder de mobilização. Conseguimos, pelo menos, convencer os parlamentares de que não se pode aprovar a medida sem um estudo mais detalhado e sem considerar os argumentos dos dois lados – trabalhadores e empregadoresâ€, acrescentou.
No entendimento do diretor da Fiep, Evaldo Kosters, esta questão não deve ser tratada em dispositivo legal, pois é um tema relativo a negociações entre as partes e entre os sindicatos. O empresário argumenta que é fundamental considerar as particularidades de cada setor para analisar a matéria. Uma média ou pequena empresa, que tem poucos funcionários, não pode ser tratada como uma grandeâ€, observa. Kosters acrescenta que há setores intensivos em capital, onde a mão-de-obra tem um impacto pequeno no custo de produção. Já há outros onde a mão de obra representa cerca de 60% dos custos. Neste caso, quem vai pagar a conta será o consumidor, porque o aumento dos custos acabará sendo repassado ao preçoâ€, alerta.