Investimento da Foxconn ameaça empresas brasileiras
Enquanto o governo comemora o investimento de US$ 12 bilhões anunciado pela chinesa Foxconn, no Brasil, setores industriais, inclusive a Associação Brasileira da Indústria Eletroeletrônica (Abinee) vêem com cautela os números divulgados esta semana. A Foxconn produz componentes para a Apple, Sony e outras grandes marcas multinacionais. Se a geração de 100 mil empregos diretos no Brasil se confirmarem, eles responderão por nada menos do que 60% do total empregado pelo setor em nosso País. Algumas cidades brasileiras, inclusive Curitiba, já começaram a montar estratégias para atrair a empresa chinesa.
Eu conversei com o economista e coordenador do curso de Ciências Econômicas das Faculdades Integradas Santa Cruz de Curitiba, Hugo Meza Pinto, e ele alerta para o fato de que a inserção do capital chinês irá modificar a estrutura das empresas do setor de informática no Brasil. Uma das mais afetadas será a paranaense Positivo Informática, que é atualmente a maior fabricante de computadores no país. A questão principal, segundo o economista, é que a Positivo iria lançar um leitor digital a custo baixo no segundo semestre deste ano. Com o investimento da Foxconn, certamente o Ipad passa a ser fabricado no Brasil. Algumas fontes informam que a pressa da empresa chinesa em entrar no Brasil se deu porque a Apple quer participar de uma mega licitação de leitores digitais que o governo deve fazer ainda este ano. Neste sentido, Meza Pinto faz o seguinte questionamento: entre um produto premiadíssimo testado pelo mercado com o glamour que a Apple tem, e outro que, por mais que seja barato, ainda não é conhecido e não tem a série de aplicativos do Ipad, com quem ficaria o consumidor? በaí situação fica complicada.
Atualmente a tendência é que os leitores digitais tomem o lugar dos netbooks. Na opinião do economista, se essa tendência se confirmar, infelizmente a empresa brasileira não terá como concorrer com a gigante de leitores digitais, que é a Foxconn.
E aí vai o alerta do professor Meza Pinto: Se a Positivo Informática não apresentar rapidamente para o mercado um produto inovador, que faça frente aos produzidos pela Foxconn-Apple, tudo indica que teremos uma futura incorporação ou venda da empresa paranaenseâ€.