Executivos se tornam empreendedores e movimentam a locação de imóveis comerciais em Curitiba

Augusta Coutinho Loch, gerente da Senzala Imóveis de Curitiba.
Augusta Coutinho Loch, gerente da Senzala Imóveis de Curitiba.

No ano passado o País atingiu o pior resultado no saldo de empregos formais dos últimos 24 anos, quando as demissões superaram as contratações em 1,54 milhão de vagas, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). A enxurrada de demissões, principalmente de executivos de multinacionais, obrigou funcionários com estabilidade a arregaçar as mangas e procurar um plano B, o que tem provocado um efeito interessante para a economia e o mercado imobiliário: o aumento no número de empreendedores que busca um imóvel comercial para locação, a fim de abrir seu próprio negócio.

De acordo com a gerente da Senzala Imóveis de Curitiba, Augusta Coutinho Loch, essa procura é uma das principais justificativas para o aumento do número de imóveis comerciais alugados no ano passado na empresa: o crescimento foi de 40% em número de edificações alugadas de janeiro a dezembro de 2015, na comparação com o mesmo período de 2014. Entretanto, o valor médio da locação recuou: passou de R$ 2.250,00 ao mês para R$ 2.080,00 ao mês, com queda de 7,5%.

“Percebemos que muitos desses antes executivos de multinacionais estão usando os recursos obtidos com a rescisão trabalhista ou mesmo juntando as economias da família para abrir o próprio negócio em sociedade, o que tem movimento o mercado de locação comercial na cidade”, comenta Augusta. Segundo a gerente da Senzala Imóveis, localização, preço e estacionamento (próprio ou próximo) são os itens prioritários para a escolha do imóvel comercial pelos novos empreendedores.

Ela comenta ainda que o perfil das edificações na capital paranaense é bastante específico: loja com 150 m² de área útil, com aluguel de R$ 2 mil a R$ 3 mil por mês, ou conjunto comercial com 80 m² de área útil e aluguel mensal de R$ 500,00 a R$ 1 mil, mais condomínio de R$ 400,00, em média. A preferência é por edificações situadas na área central, com fácil acesso e vaga de estacionamento. O tempo médio do contrato de locação varia de dois a quatro anos.

Augusta comenta que como boa parte desses executivos não tem experiência em empreender, a imobiliária acaba assumindo um papel de consultora para novos negócios, auxiliando em questões como a emissão de alvará, ainda que essa seja uma responsabilidade do inquilino. “Nós auxiliamos o locatário com a documentação que esse processo exige. Também ajudamos a escolher o ponto ideal para o negócio, de preferência um que já esteja consolidado e com bom movimento de pessoas”, revela.

A gerente da Senzala Imóveis dá ainda outras dicas para quem deseja abrir o próprio negócio. Além de escolher um ramo do qual goste, testar a ideia, ter um diferencial competitivo, ela diz que é importante formar uma equipe multidisciplinar, ter foco na ideia inicial e, especialmente, ficar atento à composição societária e ao fluxo de caixa.

“Ter poucos sócios é uma alternativa, ainda que implique numa maior responsabilidade pelos riscos. Além de ter parceiros de confiança, é importante que a direção esteja alinhada quanto a onde, quando e como se quer chegar com o negócio. Além disso, é importante saber quanto será gasto com a abertura do negócio e os custos fixos. Ao calcular o montante do investimento inicial, devem-se considerar o capital de risco e de giro, assim como as despesas com pessoal”, ressalta Augusta.

Tomando-se como base as projeções para a economia brasileira para esse ano, a previsão é de que a locação comercial se mantenha aquecida ao longo do ano por quem deseja empreender: o informe anual da Organização Internacional do Trabalho (OIT) aponta para um aumento do desemprego no Brasil para 7,7% em 2016, atingindo 700 mil brasileiros.

“Apesar de tratar-se de um momento econômico que é crítico, passamos por uma transformação na forma de organização produtiva que tende a ser cada vez mais apoiada no trabalho em si do que no emprego formal. Esse contexto pode estimular o desenvolvimento do empreendedorismo, desde que asseguradas as condições tributárias e fiscais para o desenvolvimento de novos negócios, especialmente na economia criativa”, opina Augusta.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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