Com economia retraída, lançamentos imobiliários registram queda de mais de 8% e vendas caem quase 19%

O mercado imobiliário trabalha de braços dados com a economia. Por isso, os números do setor não são nada animadores. Na manhã desta terça-feira (19), a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) e a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) divulgaram em Curitiba os indicadores do mercado imobiliário brasileiro referentes ao período dezembro de 2015 a fevereiro último. Segundo dados das empresas, neste período foram lançadas 16.752 unidades, um recuo de 8,6% em relação ao mesmo período do ano anterior. Quanto ao acumulado de 2016 (até fevereiro), os lançamentos totalizaram 4.638 unidades, volume 11% superior ao observado entre janeiro e fevereiro de 2015.
No trimestre terminado em fevereiro/16, foram entregues 30.313 unidades, queda de 27,2% frente ao número de unidades entregues no mesmo período do ano anterior. No que se refere ao acumulado de 2016 (até fevereiro), as entregas totalizaram 16.771 unidades, número 14,6% inferior ao observado na mesma base de 2015. Quanto à venda de imóveis, entre dezembro/15 e fevereiro/16, foram vendidas 22.362 unidades, um recuo da ordem de 18,9%. No primeiro bimestre de 2016, as vendas do setor (12.656 unidades) apresentaram queda de 17 % frente ao que foi vendido no mesmo período de 2015.

Eu conversei com o diretor da Abrainc, Luiz Fernando Moura, e ele me disse que a queda expressiva é reflexo de um ajuste de demanda. Ou seja, com a economia retraída, a venda de imóveis caiu e as incorporadoras para não ficarem estocadas optaram por não fazer novos lançamentos.
Segundo o diretor da Abrainc, entidade que representa 25 incorporadoras, sendo oito do Paraná, os estoques de imóveis até fevereiro, em todo o País, totalizavam 111 mil unidades, o que dá para atender o mercado por 16 meses e meio. Entretanto, se o mercado voltar a reagir, poderá haver falta de imóveis e, consequentemente, os preços voltarão a subir. De acordo com Luiz Fernando Moura, de uma forma geral, os preços dos imóveis depois de apresentarem altas expressivas, voltaram aos patamares de 2011. Portanto, quem está capitalizado, formar uma carteira de imóveis, neste momento, é uma boa opção para lucrar no futuro.
Eu perguntei ao diretor da Abrainc sobre quais as expectativas do mercado imobiliário para este ano, principalmente depois da aprovação do impeachment pela Câmara dos Deputados, e a possibilidade de um novo governo, e ele me disse que 2016 será um ano de ajustes, mas o mercado está otimista. Luiz Fernando Moura lembra que 2015 foi um ano muito difícil e a crise de confiança afetou os negócios e muita gente devolveu os imóveis comprados na planta. Só para se ter uma ideia, entre dezembro de 2015 e fevereiro de 2016, foram devolvidos às construtoras 11.005 unidades compradas na planta em todo o Brasil. No acumulado de 2016 (até fevereiro), o total de unidades distratadas foi de 5.305, número 21,7% inferior aos distratos observados entre janeiro e fevereiro de 2015. Se considerados os distratos como proporção das vendas por safra de lançamento, as unidades vendidas no primeiro trimestre de 2014 apresentam a taxa de distratos mais elevada da série histórica (16,1%).