Quase metade das lojas de novos shoppings estão vazias

mapa shoppingsImagine visitar 58 shoppings e não encontrar lojas abertas neles. É o que está acontecendo no Brasil ultimamente. Uma pesquisa da unidade de shopping, varejo e imobiliário do IBOPE Inteligência mostra que a vacância média nos shoppings centers brasileiros inaugurados nos últimos três anos é de 45%. Isso significa que do total de 13,4 mil lojas lançadas nos 77 shoppings inaugurados no país entre 2013 e 2015, aproximadamente 6 mil estão desocupadas.

“O crescimento acelerado teve seu preço. Muitos projetos foram superdimensionados ou instalados em localizações duvidosas. O caixa cheio de algumas empresas levou a uma expansão desordenada, cujo resultado é o que se vê agora: shoppings centers com elevadas taxas de vacância e projetos prontos que postergam sua inauguração por falta de varejistas”, diz a diretora da unidade de shopping, varejo e imobiliário do IBOPE Inteligência, Marcia Sola.

Eu conversei  com o presidente do Sindicato dos Lojistas de Shoppings Centers de Curitiba, o empresário Érico Morbis, e ele me disse que a situação é crítica. Segundo o representante dos lojistas, em períodos normais, a taxa de desocupação das lojas não passa de 1%. E já houve períodos, em que havia fila de lojistas esperando um espaço para alugar nos shoppings de Curitiba.

De acordo com Érico Morbis, os lojistas dos shoppings de Curitiba, a exemplo do que ocorreu em todo o País, tiveram em 2015 o pior Natal de toda a sua história. As vendas de Páscoa, também ficaram muito abaixo das metas e, ao que tudo indica, as vendas para o Dia das Mães, que costumam ser a segunda melhor data do ano, serão inferiores as do ano passado.

Diante do quadro negativo das vendas, muitos lojistas ainda não conseguiram pagar o 13º aluguel referente a 2015. Segundo me disse o empresário Érico Morbis, a grande vantagem é que em Curitiba, a maioria dos shoppings pertence a empreendedores locais, o que tem facilitado as negociações caso a caso.

A vacância nas regiões Norte e Centro-Oeste são as que apresentam os piores resultados: 56% e 53%, respectivamente. Mesmo os shoppings inaugurados em 2013, que já passaram por três períodos de Natal, ainda apresentam vacância elevada (40%) e muitos não mostram tendência de melhoria na ocupação, pois ao mesmo tempo em que conseguem novos contratos de locação, também perdem muitos varejistas.

Já nos shoppings consolidados, aqueles inaugurados até 2012, grupo que soma 421 empreendimentos, 11,6 milhões de metros quadrados e 68 mil operações de varejo, a situação é bem melhor. A taxa atual de vacância desse grupo é 7,6% em área e 9,1% em número de lojas, o que representa 880 mil metros quadrados de espaço vago e 6,2 mil lojas vazias. “Esse resultado, embora seja muito superior à média histórica do setor, não é desesperador, pois nesse patamar a vacância ainda é gerenciável. O problema é que a fila de espera de varejista na maior parte dos shoppings acabou, o que significa que ficará cada vez mais difícil repor os espaços vagos”, aponta Marcia.

 

tabela- shopping - lojas

As regiões Sul e Sudeste apresentam os níveis mais altos de vacância. Nos dois casos, o motivo é o elevado número de inaugurações associado a uma maior presença de shoppings em cidades pequenas e médias, onde as condições de ocupação apresentam os piores resultados. Da mesma forma, os shoppings pequenos (com menos de 20 mil metros quadrados de área comercial) apresentam taxas de vacância maior do que os demais (12%).

A pesquisa mostra também que entre setembro de 2015 e fevereiro de 2016 foram inauguradas 5.850 operações varejistas nos shoppings consolidados, porém foram fechadas 5.600. Nesse período, as categorias que tiveram saldo negativo foram as relacionadas a casa: eletrodomésticos, móveis, decoração e cama, mesa e banho. Também tiveram saldo negativo as categorias brinquedos e bijuterias.

Por outro lado, as categorias que apresentam saldo positivo são: alimentação, serviços, roupas e calçados. “Há uma tendência clara dos shoppings de ampliar a área ocupada com alimentação e serviços. O primeiro porque tem um tíquete médio superior a muitas outras categorias e o segundo porque acredita-se que podem contribuir para aumentar o fluxo de pessoas, principalmente no período diurno”, salienta Marcia.

No total, somando shoppings novos e consolidados, o estoque de Área Bruta Locável (ABL) e lojas é muito elevado: 1,75 milhão de metro quadrado e 12 mil lojas. Essa área disponível é o equivalente a, aproximadamente, 58 shoppings de 30 mil metros quadrados.

Na segunda quinzena de março, o IBOPE Inteligência contabilizou mais 58 shoppings em construção no país, que somam um total de 1,75 milhão de metro quadrado de ABL e 11,4 mil lojas. A implantação desses shoppings no mercado brasileiro nos próximos três anos representará um crescimento de 15% sobre a atual capacidade instalada.

Desses, quase metade dos projetos previstos para até 2019 está prometida para este ano. Alguns, inclusive, já estavam prontos, mas se viram obrigados a postergarem a inauguração pela falta de varejistas. “Além do momento difícil, há ainda o problema da localização: muitos deles estão localizados em pontos, no mínimo, duvidosos, o que torna as perspectivas de ocupação e atração de fluxos ainda mais preocupantes”, afirma a diretora do IBOPE Inteligência.

O cenário fica ainda pior quando se soma a área já em operação aos shoppings que estão em construção. O resultado é um saldo negativo de 23,6 mil operações varejistas, o que representa 29% do número total de lojas existentes nos shoppings atualmente.

“Se, na melhor das hipóteses, acontecer uma retomada ainda que moderada da economia no segundo semestre e que esse movimento se acelere nos próximos anos, serão necessários seis anos para todo o espaço vago existente no mercado atualmente ser ocupado. Ou seja, para empreendedores mais cautelosos, novos projetos devem mirar 2022 ou além”, conclui Marcia.

Atualmente, existem 498 shoppings em operação no país, que totalizam 13,9 milhões de metros quadrados de Área Bruta Locável (ABL) e 82 mil lojas.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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